sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Via Email: SARAIVA 13: A PROVA MATEMÁTICA DO JULGAMENTO POLÍTICO


SARAIVA 13


Príncipe dos Sociólogos ou da Privataria?

Posted: 06 Sep 2013 01:06 PM PDT


FHC-posse
Livro de Palmério Dória desmascara discurso "ético" de FHC ao revelar dimensões da compra de voto para emenda pró-reeleição
Por Leandro Fortes, na Carta Capital
A obra chegou às livrarias no sábado 31, mas antes mesmo de sua publicação causava desconforto no ninho tucano. Luiz Fernando Emediato, publisher da Geração Editorial, responsável pela edição, tem recebido recados. O último, poucos dias atrás, foi direto: um cacique do PSDB telefonou ao editor para pedir o cancelamento do livro e avisou que a legenda havia contratado um advogado para impedir a publicação, caso o apelo não fosse atendido.
Tanto alvoroço deve-se ao lançamento de O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição, do jornalista Palmério Dória. O título da obra faz alusão à alcunha de "príncipe dos sociólogos", sugestão de amigos do ex-presidente, e ao termo privataria, menção ao processo de privatização comandado pelo PSDB nos anos 1990 e eternizado por outra obra da Geração Editorial, A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr.
Há razão para os temores dos aliados de FHC. Na obra, Dória reconstituiu um assunto que os tucanos prefeririam ver enterrado: a compra de votos no Congresso para a emenda da reeleição que favorecia o ex-presidente. E detalha o "golpe da barriga" que o deixou refém das Organizações Globo, em especial, e do resto da mídia durante seus dois mandatos.
A maior novidade é a confirmação da identidade do Senhor X, a fonte anônima responsável pela denúncia do esquema de compra de votos para a emenda da reeleição. O ex-deputado federal Narciso Mendes, do PP do Acre, precisou passar por uma experiência pessoal dolorosa (esteve entre a vida e a morte depois de uma cirurgia) para aceitar expor-se e contar novos detalhes do esquema. A operação, explica Mendes no livro, foi montada para garantir a permanência de FHC na Presidência e fazer valer o projeto de 20 anos de poder dos tucanos. Para tanto, segundo o ex-parlamentar, foram subornados centenas de parlamentares, e não apenas a meia dúzia de gatos-pingados identificados pelo jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo, autor das reportagens que apresentaram em 1997 as gravações realizadas pelo Senhor X, apelido criado pelo repórter para preservar a identidade do colaborador, então deputado do antigo PPB.98499_ext_arquivoOs mentores da operação que pagou 200 mil reais a cada deputado comprado para aprovar a reeleição, diz o Senhor X, foram os falecidos Sergio Motta, ex-ministro das Comunicações, e Luís Eduardo Magalhães, filho de Antonio Carlos Magalhães e então presidente da Câmara dos Deputados. Em maio de 1997, a Folha publicou a primeira reportagem com a transcrição da gravação de uma conversa entre os deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL do Acre. No áudio, a dupla confessava ter recebido dinheiro para votar a favor da emenda. Naquele momento, o projeto tinha sido aprovado na Câmara e encaminhado para votação no Senado.À época, a oposição liderada pelo PT tentou instalar uma CPI para apurar as denúncias. Mendes resume os acontecimentos a Dória e ao jornalista Mylton Severiano, que participou das entrevistas com o ex-deputado em Rio Branco: "Nem o Sérgio Motta queria CPI, nem o Fernando Henrique queria CPI, nem o Luís Eduardo Magalhães queria CPI, ninguém queria. Sabiam que, estabelecida a CPI, o processo de impeachment ou no mínimo de anulação da emenda da reeleição teria vingado, pois seria comprovada a compra de votos". E assim aconteceu. A denúncia foi analisada por uma única comissão de sindicância no Congresso, que apresentou um relatório contrário à instalação de uma CPI. O assunto foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF), então sob o comando de Geraldo Brindeiro. O procurador fez jus ao apelido de "engavetador-geral", nascido da sua reconhecida leniência em investigar casos de corrupção do governo FHC. O MP nunca instalou um processo de investigação, a mídia nunca demonstrou o furor investigatório que a notabilizaria nestes anos de administração do PT e o Congresso aprovou a emenda, apesar da fraude.
O Príncipe da Privataria tenta reconstituir os passos da história que levou uma repórter da TV Globo em Brasília, a catarinense Miriam Dutra, a um longo exílio de oito anos na Europa. Repleta de detalhes, a obra reconstituiu o marco zero dessa trama, "algum dia do primeiro trimestre de 1991", quando o jornalista Rubem Azevedo Lima, ao caminhar por um dos corredores do Senado, ouviu gritos do gabinete do então senador Fernando Henrique Cardoso. "Rameira, ponha-se daqui pra fora!", bradava o então parlamentar, segundo relato de Lima, ex-editorialista da Folha de S.Paulo, enquanto de lá saía a colega da TV Globo, trêmula e às lágrimas. A notícia de um suposto filho bastardo não era apenas um problema familiar, embora não fosse pouco o que o tucano enfrentaria nessa seara. A mulher traída era a socióloga Ruth Cardoso, respeitada no mundo acadêmico e político. O caso extraconjugal poderia atrapalhar os planos futuros do senador. Apesar de se apresentar como um "presidente acidental", em um tom de desapego, FHC sempre se imaginou fadado ao protagonismo na vida nacional.
Escreve Dória: "Entra em cena um corpo de bombeiros formado por Sérgio Motta, José Serra e Alberico de Souza Cruz – os dois primeiros, cabeças do "projeto presidencial"; o último, diretor de jornalismo da Rede Globo e futuro padrinho da criança". Motta e Serra bolaram o plano de exílio da jornalista, mas quem tornou possível a operação foi Souza Cruz, de atuação memorável na edição fraudulenta do debate entre Collor e Lula na tevê da família Marinho às vésperas do segundo turno. A edição amiga, comandada diretamente por Roberto Marinho, dono da emissora, e exibida em todos os telejornais do canal, levaria o "caçador de marajás" ao poder. Acusado de corrupção, Collor renunciaria ao mandato para evitar o impeachment.
FHC-Miriam
Miriam Dutra e o bebê foram viver na Europa e o caminho político de FHC foi novamente desinterditado. Poucos anos depois, ele se tornaria ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco, surfaria no sucesso do Plano Real, a ponto de renegar a importância do falecido ex-presidente na implementação da estabilidade monetária no País, e venceria a eleição de 1994 no primeiro turno.
Por muito tempo, apesar de o assunto circular nas principais rodas políticas de Norte a Sul, Leste e Oeste, imperou nos principais meios de comunicação um bloqueio a respeito do relacionamento entre o presidente e a repórter. Há um pressuposto não totalmente verdadeiro de que a mídia brasileira evita menções à vida particular dos políticos, ao contrário das práticas jornalísticas nos EUA e Reino Unido. Não totalmente verdadeiro, pois a regra volta e meia é ignorada quando se trata dos adversários dessa mesma mídia.
No fim, o esforço para proteger FHC mostrou-se patético. Só depois da morte de Ruth Cardoso, em 2008, o ex-presidente decidiu assumir a paternidade do filho da jornalista. Mas um teste de DNA, feito por pressão dos herdeiros do tucano, provou que a criança não era dele.
Dória entrevistou inúmeras personalidades, entre elas o ex-presidente da República, Itamar Franco, o ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, e o senador Pedro Simon, do PMDB. Os três, por variadas razões, fizeram revelações polêmicas sobre FHC e o quadro político brasileiro. Há outras declarações pouco abonadoras da conduta do ex-presidente. A obra trata ainda do processo de privatização, da tentativa de venda da Petrobras e do plano de entrega da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil ao setor privado. "O livro mostra que FHC é um caso de crime continuado", resume o autor.
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O livro O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição, já se encontra disponível, com desconto, em nossa livraria.

A PROVA MATEMÁTICA DO JULGAMENTO POLÍTICO

Posted: 06 Sep 2013 01:00 PM PDT


Com uma simples tabela, o ministro Ricardo Lewandowski sacudiu
a sessão desta 5ª feira do STF.  Os números reunidos pelo revisor da AP 470  tornam evidente a natureza política de um julgamento, em que penas são ajustadas e critério meticulosamente adaptados, criando-se uma desproporcionalidade que ofende a lógica e avilta qualquer princípio de justiça. Desse vale tudo emerge o objetivo cristalino que ordenou todo o julgamento, desde o recurso ao domínio de fato, até a desconsideração aos autos e às provas: garantir carne aos centuriões do conservadorismo, que desde o início do processo cobram a foto de José Dirceu sendo trancafiado, para uso e abuso do jornalismo isento. A síntese matemática dessa encomenda foi escancarada nas tabelas do ministro Lewandowski, obtidas  pela correspondente de Carta Maior em Brasília, Najla Passos. Ali fica evidente o jogo de cartas marcadas que permeou todo o processo: enquanto as penas para o crime de corrupção ativa foram majoradas de 15% a 20%, as aplicadas ao de formação de quadrilha variaram de 63% (caso do ex-presidente do PT, José Genoino) a uma taxa recorde de 75%  (no do ex-ministro José Dirceu). "É claro que isso ocorreu para superar a prescrição e impor regime fechado a determinados réus. (...) É uma desproporção inaceitável", denunciou Lewandowski. (Leia a íntegra da reportagem de Najla Passos, nesta pág)

Carta Maior; 6ª feira, 05/09/2013
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 06/09/2013
Ministro do STF denuncia superestimação de penas

O ministro Ricardo Lewandowski afirma que, para garantir cadeia para réus como José Dirceu e José Genoino, o STF superestimou as penas impostas aos condenados por formação de quadrilha. Enquanto em crimes como corrupção ativa as penas foram majoradas de 15% a 20%, no de formação de quadrilha chegaram a inusitados 75%. "É uma desproporção inaceitável", apontou o revisor.

Najla Passos
Uma das mais graves, sem dúvida, foi a denunciada pelo ministro revisor da ação, Ricardo Lewandowski: para garantir cadeia para os principais condenados, os ministros superestimaram as penas para o crime de formação de quadrilha, criando uma desproporcionalidade que avilta qualquer princípio de justiça.

Enquanto as penas para o crime de corrupção ativa foram majoradas de 15% a 20%, as aplicadas ao de formação de quadrilha variaram de 63% (caso do ex-presidente do PT, José Genoino) a 75% (no do ex-ministro José Dirceu). "É claro que isso ocorreu para superar a prescrição e impor regime fechado a determinados réus. (...) É uma desproporção inaceitável", denunciou Lewandowski.

A majoração excessiva prejudicou também o ex-tesoureiro do PT, Delúblio Soares (63%), os três sócios da agência de publicidade identificada como operadora do esquema: Marcos Valério (75%), Ramon Hollerbach (63%) e Cristiano Paz (63%), e os diretores do Banco Rural, apontado como braço financeiro da quadrilha: Kátia Rabello (63%) e José Roberto Salgado (63%).

Por meio de tabelas distribuídas aos ministros, Lewandowski justificou a necessidade de revisão nos votos. Teori Zavascki, que havia apontado o problema na sessão da quarta (4), acompanhou o voto proposto pelo revisor. Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello também. Os outros sete ministros mantiveram os votos originais e, portanto, o resultado não foi alterado.

Embargos infringentes
Embora a tese de Lewandowski tenha sido derrotada por 7 votos a 4 na sessão desta quinta, conseguiu quórum suficiente para reabrir a discussão do problema, caso a corte decida pela admissibilidade dos embargos infringentes, recurso que permite novo julgamento aos réus condenados com pelo menos 4 votos contrários. A decisão sobre os infringentes, entretanto, foi adiada para a próxima sessão, na quarta-feira (11).
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Do Blog ContrapontoPIG

Vox Populi: Dilma lidera com folga e venceria no 1º turno em 2014

Posted: 06 Sep 2013 12:01 PM PDT


Dilma, ainda longe dos níveis de popularidade
pré-manifestações, tem folga em relação a
oponentes / Roberto Stuckert Filho/Planalto

"Presidenta tem no mínimo o dobro de votos de Marina Silva em qualquer cenário. Calheiros, Temer e Serra são os políticos que despertam menos confiança entre os entrevistados
Redação, RBA

A presidenta Dilma Rousseff lidera com folga todas as simulações feitas pelo Vox Populi para as eleições de 2014, divulgadas hoje (6) pela revista Carta Capital. No cenário que se mostra como mais provável atualmente, a petista tem 38% das intenções de voto, o dobro de Marina Silva (Rede), com 19%, seguida pelo senador Aécio Neves (PSDB), que chega a 13%, e pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com 4%. Neste quadro, votos brancos e nulos chegariam a 15%, e não souberam responder outros 11%. Se computados apenas os votos válidos, Dilma venceria no primeiro turno.

A base de comparação com levantamentos anteriores ficou prejudicada porque foram realizados antes de junho. Para o Vox Populi, a referência mais fiel são as pesquisas do Datafolha e do Ibope promovidas já após a onda de protestos. Em relação a elas, Dilma tem se recuperado, ao passo que os adversários perdem força.

Dilma lidera a corrida para 2014

Posted: 06 Sep 2013 11:55 AM PDT

Se a eleição fosse hoje, a presidenta teria o mesmo índice dos votos somados pelos adversários do cenário mais provável da disputa
A presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Alvorada
No cenário mais provável da disputa para 2014, a presidenta Dilma Rousseff tem hoje o mesmo índice de intenção de votos do que a soma do desempenho de seus três possíveis adversários. É o que revela a mais recente pesquisa CartaCapital/VoxPopuli, publicada na atual edição da revista. O levantamento faz parte de uma parceria entre o instituto e a publicação para a divulgação do cenário eleitoral a cada dois meses.
A pesquisa, realizada entre 7 e 9 de agosto, coloca a presidenta em vantagem sobre os adversários. A petista soma 38% das intenções de voto, seguida por Marina Silva (Rede Sustentabilidade), com 19%, Aécio Neves (PSDB), com 13%, e Eduardo Campos (PSB), com 4%. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais, o que deixa a possibilidade de segundo turno em aberto. Outros 15% dos eleitores disseram que vão votar em branco ou em ninguém e 11% estão indecisos. A primeira medição do cenário, feita pouco antes dos protestos de junho explodirem, colocava a presidenta com 51%, seguido por Marina e Aécio (14% cada) e Campos (3%).
Na pesquisa atual, 35% dos entrevistados disseram consider o governo Dilma ótimo ou bom, contra 22% dos que consideram a gestão ruim ou péssima.
Para 49%, o maior problema do País hoje é a saúde. Outros 16% consideram a segurança o item mais problemático e 11%, a corrupção.
O instituto mediu também o índice de confiança nos políticos. Dos entrevistados, 46% dizem confiar na presidenta, contra 47% dos que não confiam. O político recordista de desconfiança, segundo o instituto, é Renan Calheiros (64%), seguido por Michel Temer (58%) e José Serra (55%).
A pesquisa completa pode ser conferida na edição impressa de CartaCapital, já nas bancas.

INFLAÇÃO - TAXA ANUAL EM DECLÍNIO DESMONTA O TERRORISMO DOS ECONOMISTAS DE AQUÁRIO

Posted: 06 Sep 2013 11:52 AM PDT

A única INFLAÇÃO que continua em ALTA no BRASIL é a do PESSIMISMO/TERRORISMO dos "ESPECIALISTAS", analistas/jornalistas/economistas de AQUÁRIO, que fizeram, fazem e farão sempre, tempestade em copo d'água sobre esse assunto INFLAÇÃO. O alarmismo / terrorismo feito em relação ao fato de que a inflação iria estourar a META em 2013, de que o governo havia perdido o controle dos 'preços' e outras afirmações sem fundamento.

É triste ver que alguns "jornalistas" e os meios de comunicação para os quais trabalham,se prestam ao papel ridículo e sujo de criar situações artificiais de pânico e teorias do caos para a economia brasileira, visando por um lado favorecer à especulação dos MERCADOS da AGIOTAGEM, e por outro, dando à oposição, munição para atacar o governo.

Uma imprensa BANDIDA e PARTIDARIZADA é tudo o que o Brasil não precisa.

Inflação oficial fica em 0,24% em agosto
Vitor Abdala - Agência Brasil
06.09.2013

Rio de Janeiro - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, fechou agosto com taxa de 0,24 %. Em julho, a taxa havia sido de 0,03%. Já em agosto do ano passado, o IPCA ficou em 0,41%. O dado foi divulgado hoje (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IPCA acumula taxas de 3,43% no ano e de 6,09% nos últimos 12 meses. O IPCA de 12 meses se mantém abaixo do teto da meta de inflação do governo, de 6,5%.

Edição: Talita Cavalcante

Leia também no Portal EBC:

Porque Barbosa não é mais o menino pobre, nem vai mudar o Brasil

Posted: 06 Sep 2013 07:05 AM PDT

barb06

Porque Barbosa não é mais o menino pobre, nem vai mudar o Brasil

6 de setembro de 2013 | 06:14
Paulo Nogueira, em seu Diário do Centro do Mundo, traça um diagnóstico demolidor sobre o porquê de, com todo esforço da mídia a promovê-lo, o Ministro Joaquim Barbosa não se tornou um "herói do povo". Ao que ele descreve, apenas uma coisa tenho a acrescentar: o menino pobre perdeu- se é que o teve tão forte – o amor pelas suas origens e atribuiu exclusivamente a si o sucesso que obteve.
Nenhum de nós tem esse poder. Somos todos frutos de circunstâncias, de oportunidades e, quando as minimizamos e passamos ver apenas em nossas pretensas virtudes a razão de nossa eventual ascensão, tornamo-nos mesquinhos e doentiamente vaidosos.
Joaquim Barbosa, por quem todos um dia nutrimos a simpatia natural em ver um de nossos irmãos negros ascender à mais alta Corte do país, embebeu-se do mesmo espírito excludente que impediu negros, pobres e nordestinos, tantas vezes, de terem a mesma oportunidade: o considerar-se superior aos demais, raiz e fonte do elitismo.
A generosidade  é própria dos homens grandes, dos quais um dos maiores, gigante mesmo, agora está lutando contra a morte: Nelson Mandela. Um quarto de século enjaulado, uma sociedade racista pior, muito pior do que o racismo sobrevive hoje aqui, a morte brutal de amigos e companheiros, nada disso o tornou um homem transtornado pelo ódio.
Apenas humanidade, a força que o manteve vivo e ainda o mantém e, quando for a hora, ainda assim o manterá na memória histórica.
É por isso, essencialmente por isso, que Joaquim Barbosa derrotou a si mesmo.

Onde Joaquim Barbosa fracassou

Paulo Nogueira
E eis que o caso do Mensalão chega a seu clímax. De todos os personagens da trama, o mais extraordinário é, por razões óbvias, Joaquim Barbosa.
Com seu jeito bruto e tosco, com suas palavras duras e inclementes contra os réus, ele rapidamente se converteu num heroi do 1% — o diminuto grupo de privilegiados que tem sua voz nas grandes empresas de mídia.
O maior esforço das empresas de mídia, em relação a JB, foi tentar convencer as pessoas de que elas genuinamente admiravam o "menino pobre que mudou o Brasil". Ou, numa expressão, o "homem justo".
Não foram bem sucedidas nisso: a sensação que ficou, com o correr dos dias, é que aquela admiração é fingida. Joaquim Barbosa foi e é conveniente para o 1%, mas as informações que foram surgindo sobre ele tornam difícil qualquer tipo de admiração que não seja simulada.
Fora da fantasia do "homem justo", não é fácil admirá-lo na vida real. JB não tem notório saber, não se expressa com charme e clareza, não escreveu livros ou artigos dignos de nota.
Também não é fácil admirar um alpinista profissional que é capaz de abordar – aborrecer, na verdade — alguém num aeroporto para tentar cavar uma promoção.
E nem parece digno de aplausos quem, numa entrevista, cita um episódio ocorrido há quase quarenta anos – a reprovação no Itamaraty — com a raiva desagradável que temos de alguma coisa ocorrida há dias.
O 1% triunfou no uso de Joaquim Barbosa para que defendesse seus interesses no julgamento do mensalão. Ele se revelou excepcionalmente suscetível à adulação da mídia. Ninguém parece ter acreditado tanto na admiração da mídia por JB quanto o próprio JB.
O fracasso do 1% foi na tentativa de fazer de JB um "heroi do povo", alguém capaz de conquistar a presidência da república nas urnas e zelar pela manutenção de seus privilégios com o uniforme de "menino pobre".
Este fracasso se deu, em grande parte, por força da internet. Nos sites independentes, as informações sobre o real Joaquim Barbosa permitiram compor um perfil bem diferente daquele difundido pelas companhias jornalísticas.
A relação promíscua com a mídia (notadamente com a Globo, que deu emprego a seu filho não por filantropia, naturalmente), o apartamento comprado em Miami com o uso de uma pequena trapaça para evitar impostos – coisas assim acabaram desconstruindo o perfil montado por jornais e revistas, ao se tornarem públicas pela internet.
Nas pesquisas presidenciais, seu nome aparece com números acachapantemente baixos e decepcionantes para quem tem sido tão promovido.
Se Joaquim Barbosa estivesse nos corações e nas mentes dos chamados 99%, ele estaria brilhando nas pesquisas. Seria um contendor poderoso para 2014, na pele do "homem que acabou com a corrupção".
Mas não.
Por mais que a mídia tenha se esforçado para fazer de JB um "heroi do povo", ele já é amplamente reconhecido como um representante daquele grupo predador que fez do Brasil um recordista mundial em desigualdade – o 1%.
Por: Fernando Brito
 
Do Blog TIJOLAÇO

Por que os americanos não podem viver sem guerra?

Posted: 06 Sep 2013 06:55 AM PDT


DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO

Simples: a economia do país é voltada para os conflitos, e não para a paz.

Por que os Estados Unidos fazem tanta guerra?

Este o título de um artigo publicado dias atrás no site Common Dreams, que o Diário acompanha e recomenda. O melhor do pensamento progressista e de vanguarda do mundo moderno está concentrado no Common Dreams.

O artigo citado é de autoria do jornalista Chidanand Rajghatta, colunista e editor de assuntos internacionais do jornal Times, da Índia.

Ele nota que mesmo sob um presidente em cuja plataforma a paz era um dado importante – Obama – os Estados Unidos não deixaram de fazer guerra sobre guerra.

O ponto de Rajghatta é simples: o país não pode viver sem guerra. "É um país feito para a guerra. Pequeno detalhe: até 1947, o Departamento de Defesa foi chamado Departamento de Guerra", diz o colunista.

Ele faz uma contabilidade macabra. Os Estados Unidos fizeram cerca de 70 guerras desde sua independência, 234 anos atrás. Pelo menos 10 delas eram grandes conflitos.

Ele cita na defesa de sua ideia o comediante George Carlin, que vinte anos atrás endereçou um olhar divertidamente devastador para a primeira guerra do Iraque.

"Nós gostamos de guerra", disse Carlin. " Nós somos bons nisso! Nós não somos bons em nada mais … não conseguimos construir um carro decente ou uma televisão que preste, não damos uma boa educação para as crianças e nem cuidados de saúde para os idosos, mas podemos encher de bombas qualquer país … "

Clap, clap, clap.

De pé.

Mais recentemente, uma observação semelhante foi feita pelo colunista americano Paul Farrel.

"A economia dos Estados Unidos é uma economia de guerra", escreveu Farrel. "Não é uma economia industrial. Não é uma economia agrícola. Não é uma economia de serviços. Não é nem mesmo uma economia de consumo.No fundo, nós amamos a guerra. Queremos guerra. Precisamos dela. Saboreamo-la. Prosperamos na guerra. A guerra está em nossos genes, no fundo de nosso DNA. A guerra excita o nosso cérebro econômico. A guerra dirige o nosso espírito empreendedor. A guerra emociona a alma americana. Oh, admitamos , temos um caso de amor com a guerra."

Clap, clap, clap, mais uma vez.

De pé.
 

Dilma: Obama dará explicações até quarta-feira

Posted: 06 Sep 2013 06:52 AM PDT


"Em São Petersburgo, onde participou da cúpula do G20, presidente disse a jornalistas que o presidente dos Estados Unidos "assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem" e que "se comprometeu a responder ao governo brasileiro até quarta-feira o que ocorreu"; Dilma Rousseff afirmou ainda que sua visita de Estado a Washington, agendada para outubro, vai depender de condições políticas a serem criadas por Obama; avião da presidente já partiu da Rússia para o Brasil
Brasil 247 / Reuters
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira que a realização de uma visita de Estado a Washington, agendada para outubro, depende de condições políticas a serem criadas pelo presidente dos EUA, Barack Obama, após uma denúncia de espionagem a telefonemas, mensagens e emails de Dilma por parte de agência norte-americana. 
"A minha viagem a Washington depende das condições políticas a serem criadas pelo presidente Obama", declarou a presidente a jornalistas, em São Petesburgo, onde se reuniu com o chefe de Estado americano à margem de cúpula do G20 na quinta-feira. Segundo ela, "Obama assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem".
"O presidente Obama se comprometeu a responder ao governo brasileiro até quarta-feira o que ocorreu", afirmou Dilma a repórteres, segundo o Twitter do blog do Planalto. Dilma disse ainda que vai propor à ONU uma nova governança contra a invasão de privacidade.
Sobre a questão síria, Dilma Rousseff declarou que "o Brasil não reconhece uma ação militar na Síria sem a aprovação da ONU". Ainda de acordo com informações do Planalto, o avião da presidente partiu da Rússia para o Brasil."

A histórica subordinação da mídia brasileira aos interesses de Washington

Posted: 06 Sep 2013 06:49 AM PDT


O que a grande imprensa brasileira diz agrada Washington há décadas. Diria mais. Não só cai bem nos ouvidos da Casa Branca e do Departamento de Estado como, fiel escudeira, defende os mesmos interesses. É o que transparece da leitura de um despacho diplomático que me chegou às mãos graças ao pesquisador Jeremy Bigwood, que há anos vasculha os arquivos norte-americanos.
Assinado pelo então Consul Geral americano no Brasil, William Cochran Jr., o despacho de duas páginas e meia (reproduzido na íntegra no post) foi escrito quando o golpe militar estava logo ali na esquina, no dia 3 de agosto de 1960. Nele, o diplomata faz uma análise dos editoriais dos principais jornais do país a respeito da denúncia feita pelo governador do Rio Grande do Sul na época, Leonel Brizola.
Como sempre sem papas na língua, Brizola denunciou, naquela semana, uma tentativa de suborno. Segundo ele, autoridades norte-americanas ofereceram um milhão de dólares a ele e a outros dois governadores brasileiros na tentativa de por as mãos e copiar aos arquivos secretos das polícias estaduais. O governo norte-americano dizia que tudo fazia parte de um programa de ajuda para tornar mais eficiente o trabalho da polícia. Para Brizola, a tal cooperação era apenas um dos aspectos de um programa mais amplo de espionagem, o chamado Ponto IV, que oferecia colaboração em todas as áreas da economia brasileira, além da saúde e da educação.
No despacho diplomático, o Cônsul diz que três jornais negaram, veementemente, as acusações e com isso, puseram fim à denúncia. A crítica "mais ácida", segundo William Cochran, foi publicada em O Estado de São Paulo. "Ácida a ponto de ridicularizar", descreve o norte-americano. No dia 29 de julho daquele ano, o Estadão disse que a denúncia de Brizola era muito improvável e ironiza, propondo um cenário fictício: o governo dos Estados Unidos e o Pentágono deixam de lado, por um momento, mísseis e U-2s e outros problemas de peso daquele período para tentar conseguir, através de suborno, os arquivos secretos da polícia do Rio Grande do Sul.
Como se os Estados Unidos não tivessem gente suficiente para fazer tudo isso ao mesmo tempo. E como se ficar de olho no Brasil não fosse prioridade para Washington. Sempre foi e continua sendo, como bem provaram agora os documentos revelados pelo ex-agente da Agência de Segurança Nacional, Edward Snowden.
O despacho do cônsul analisa, também, as respostas dos jornais Correio Paulistano e Diário de São Paulo. O primeiro diz que Brizola é irresponsável e tenta agitar o país apelando para o sentimento nacionalista, sob inspiração de Fidel Castro. Já o Diário diz que as afirmações de Brizola foram tiradas de contexto, que ele questionou o programa Ponto IV e disse que a assistência oferecida custaria um milhão de dólares. Mas defende uma colaboração das polícias estaduais brasileiras com as autoridades norte-americanas em nome do combate ao crime.
No fim, o cônsul conclui, satisfeito: "É interessante notar que jornais de campos políticos opostos (o Diário é pró-governo e O Estado é contra) se uniram na rejeição das alegações de espionagem. Ainda mais satisfatória é a defesa vigorosa do acesso livre aos arquivos no programa de colaboração entre as polícias. Essa defesa deve calar de faz qualquer crítica do tipo "é, mas e se…" a respeito do recente acordo de modernização do sistema de comunicação da polícia dentro do programa Ponto IV".
Leia também:
Heloisa Villela
No Viomundo

Corrupção (i)mortal?

Posted: 06 Sep 2013 06:45 AM PDT

Do Blog Escrivinhador - 04/09/2013




 


 por Izaías Almada

Comprei o livro O PRÍNCIPE DA PRIVATARIA, do jornalista Palmério Dória ao meio dia numa livraria Saraiva. Comecei a ler por volta das duas e meia da tarde e fui terminar às duas e meia da madrugada, após pequenas interrupções para reflexões e dois ou três cafezinhos, além de um vigoroso e saudável sanduíche às oito da noite.

É um daqueles livros que lemos de uma enfiada só, como o PRIVATARIA TUCANA do também jornalista Amaury Ribeiro Jr., e da mesma Geração Editorial. Elogiar o autor e a editora pela pesquisa e a investigação feita sobre a vida de um homem público, como o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, seria gastar linhas a mais: a obra fala por si. E fala sobre o que se sabia mais ou menos, sobre o que se poderia desconfiar, mas – sobretudo – põe o dedo na ferida e expulsa o pus acumulado nos últimos anos de intensa e desavergonhada hipocrisia sobre ética e corrupção no Brasil.

Mais do que muitos dos fatos narrados e/ou lembrados, importa ler com atenção aquilo que o livro apresenta nas entrelinhas: o perfil e o caráter de um intelectual e político construído à luz de uma opção econômica e às sombras de uma definição ideológica. Em outras palavras: como aderir sem meias tintas ao neoliberalismo econômico avassalador dos anos 80, abrindo as porteiras do Brasil à espoliação impiedosa do capital internacional e abraçar uma ideologia voltada a atender aos interesses mais retrógados e conservadores de uma elite (o leitor pode tapar o nariz se quiser) aculturada e servil a propósitos exógenos.

Está aí o grande valor da investigação do jornalista Palmério Dória com a ajuda do amigo e também jornalista Mylton Severiano: demonstrar a trajetória de uma personalidade inequivocamente submissa aos padrões e patrões que gerem seus negócios fora do Brasil, numa incansável batalha para vender um país com a porteira fechada. Bem como apontar a arrogância de quem, supondo-se extremamente inteligente, um intelectual à altura daquilo que sobrou dos restolhos de uma Revolução Francesa em termos republicanos, mas que conseguiu em oito anos, graças à compra de votos para a própria reeleição, criar um país de fancaria. Uma sociedade de renegados.

Uma leitura atenta aos capítulos 11 e 14 mostra a radiografia de um acadêmico, integrante de uma universidade que sofreu e ainda sofre, por parte de muitos de seus mestres, um impiedoso e rançoso ataque como defensores da tal modernidade ou posmodernidade, seja lá o que isso signifique em termos de desenvolvimento humano, capazes de tudo e mais um pouco para provarem ao mundo que o marxismo e o esquerdismo da sua juventude foram um mau passo dado na vida. "Esqueçam o que escrevi", foi o brado de liberdade. Brado que, curiosa e paradoxalmente, não ecoou dentro da Academia Brasileira de Letras, que pelos vistos torna "imortal" em literatura alguém que renega as letras que escreveu. E nesse aspecto, sobre a obra acadêmica do personagem em questão, o capítulo 15 é saboroso. Corrupção (i)mortal?

O contingente de hipócritas no país, se não aumentou nos últimos anos do século XX e nos primeiros do XXI, acaba por deixar sua indelével marca do Acre, de mister X, ao Rio Grande Do Sul de Pedro Simon e Brossard, como bem demonstra O PRÍNCIPE DA PRIVATARIA, quando joga os holofotes sobre os mecanismos de construção para se criar no Brasil uma alternativa alongada de poder político e econômico neoliberal. No mínimo por vinte anos, mas interrompida em parte pela eleição de um metalúrgico nordestino e também, pela primeira vez, de uma mulher na presidência.

São os mesmos holofotes que fazem surgir agora, aqui e ali, já às vésperas de nova eleição presidencial, inequívocos traços de fermentação fascista, onde os seculares complexos da casa grande colonial, sempre submissa ao pensamento colonizador, não foram ainda superados por muitos dos brasileiros que não conhecem bem os "senhores do norte" e menos ainda os seus irmãos do sul.

O corredor polonês pelo qual tiveram que passar os médicos cubanos em Fortaleza é bastante emblemático…
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Do Blog ContrapontoPIG

"O príncipe da pirataria" e a mídia

Posted: 06 Sep 2013 06:42 AM PDT

Por Maria Inês Nassif, no sítioCarta Maior:
O livro "O Príncipe da Privataria", de Palmério Dória, lançado na semana passada, tem a qualidade de ser memória. Dez anos passados do final dos governos de Fernando Henrique Cardoso, um processo do chamado Mensalão que tomou oito anos de generosos espaços da mídia tradicional e uma viuvez inconsolável da elite brasileira – alijada do principal poder institucional, o Executivo, por falta de votos populares –, jogaram para debaixo do tapete a memória do que foi o processo de privatização brasileira e a violenta concentração de riqueza nacional que disso resultou. 
Foi quase como se a mídia tradicional brasileira e a elite "moderna" que ingressou no capitalismo financeiro internacional na era Collor-Fernando Henrique Cardoso tivessem tirado as palavras da boca do próprio FHC. "Esqueçam o que eu escrevi", teriam dito jornais e emissoras brasileiras, se perguntadas por que subtraíram de si próprios o mérito de ter, pelo menos, jogado luzes sobre a pesada articulação do governo tucano para dar mais quatro anos de mandato a Fernando Henrique, e sobre os interesses que se acumulavam por trás de um processo de privatização que, no mínimo, e para não dizer outra coisa, foi viciado.
Na ponta do lápis, a aprovação da reeleição a R$ 200 por cabeça (denunciada pela Folha, com três confissões de venda documentadas em gravações obtidas pelo jornalista Fernando Rodrigues, e uma previsão de que, no total, pelo menos 150 parlamentares venderam também o seu voto) e os prejuízos de uma privatização que concentrou pesadamente renda privada no país, além de desnacionalizar setores estratégicos para o crescimento brasileiro, resultam em valores muito, mas muito mais expressivos do que o escândalo do Mensalão, que os jornais (com a ajuda de declarações e frases feitas de ministros do Supremo Tribunal Federal) cansam em dizer que foi o maior escândalo de corrupção da história do país.
Nos dois casos – do governo Fernando Henrique e no escândalo maior do governo Lula, o Mensalão – os jornais denunciaram. A diferença para os dois períodos, todavia, foi a forma como a mídia enxergou os desmandos. No caso da compra de votos para a reeleição, jornais e tevês consideraram satisfatória a ação da Câmara, que cassou o mandado de três parlamentares que confessaram, para o gravador oculto do jornalista Fernando Rodrigues, terem recebido dinheiro para votar a emenda da reeleição. Os escândalos relativos à privatização foram divulgados muito mais como denúncias de arapongagem – escutas ilegais feitas por inimigos do programa de doação do patrimônio público a consórcios formados com dinheiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, fundos de previdência das estatais e capital estrangeiro (em menor volume, mas com direito a controle acionário), do que propriamente indícios de ilícitos do governo.
O fato de os jornais, revistas e tevês simplesmente terem apagado de suas memórias edições desses períodos não chega, portanto, a ser uma contradição. Ideologicamente, nunca houve uma proximidade política tão grande entre os meios de comunicação e um governo eleito democraticamente no país. O projeto tucano era também o projeto de modernização acalentado pela mídia tradicional: uma economia aberta ao capital estrangeiro, desregulada, obedecendo à máxima liberal de que o mercado é o melhor governo para os dinheiros. Nos editoriais da época, os jornais centenários brasileiros expressam a comunhão, com o governo, dos ideais de um Brasil moderno, neoliberal, fundado na ordem que já havia ganhado o mundo e subvertido o Estado de Bem-Estar social europeu, que foi o modelo mais longevo de capitalismo com justiça social do mundo (talvez tenha sido este um golpe mais duro para a esquerda democrática do mundo do que propriamente a queda do Muro de Berlim).
Com ressalvas para denúncias de desvios que foram colocados na categoria de "pontuais", jamais como "sistêmicos" – como se repisa no caso dos escândalos dos governos petistas – a imprensa embarcou no discurso a favor de "reformas estruturais" que, ao fim e ao cabo, representavam extinguir conquistas sociais e garantias de soberania da Constituição de 1988. No final dos governos FHC, os editoriais lamentaram não a corrupção sistêmica, mas o fato de o Congresso (e não o governo) não ter cedido ao Executivo e aprovado as demais reformas, que consistiam em reformar a Previdência e reduzir garantias do trabalho. Enfim, acabar com a herança getulista, como havia prometido FHC.
Quando se tira a história debaixo do tapete, conclui-se também que os oito anos de governos FHC, mais os tantos anos que sobraram do governo Collor – que sofreu o impeachment em 1991 – e os anos em que o governo Itamar Franco esteve dominado por intelectuais ligados a FHC e Serra e economistas da PUC do Rio, usaram todos os recursos disponíveis na atrasada política tradicional com o propósito declarado de "mudar" o país. Qualquer oposição era jurássica e estava exposta ao ridículo: a elite "moderna" desprezava o que considerava ser subdesenvolvimento cultural das esquerdas. 
O jogo mais pesado foi feito para aprovar a reeleição de Fernando Henrique, parte de um projeto político verbalizado pelo então ministro Sérgio Motta de manter os tucanos no poder por 20 anos. A compra de votos foi generalizada no período, segundo farto material produzido pela mídia tradicional. Não houve ação da Polícia Federal, do Ministério Público ou da Justiça contra as fartas evidências de que a aprovação da reeleição foi uma fraude, proporcionada por mais de 150 votos comprados a R$ 200 mil cada um, segundo reitera a fonte de Fernando Rodrigues à época, agora entrevistado por Palmério Dória para o "Príncipe da Privataria". 
Da mesma forma, os indícios de vícios graves na formação dos consórcios que viriam a comprar o sistema estatal de telefonia, fatiado pelo governo tucano, nunca foram objeto de uma preocupação mais séria por parte do Ministério Público, ou jamais sofreram a contestação de um Supremo Tribunal Federal que, na era petista, imiscuiu-se em todos os assuntos relativos aos demais poderes da República.
Em 1994, consolidou-se um bloco hegemônico em torno de um governo. MP, STF, polícias – todos tinham chefe. Era FHC, mas o principal partido político não era o PSDB, e sim os jornais – assim como hoje eles se constituem no principal partido de oposição. O que aconteceu de 2002 para cá é que a unidade em torno do governo não existe mais, mas a hegemonia das outras instituições se impõe sobre os poderes instituídos pelo voto. O bloco hegemônico é o mesmo, exceto pelo governo e pelo Congresso, que dependem do voto popular. A unidade se faz em torno da mídia – que nega o que escreveu na última década do milênio. Dois pesos e duas medidas viraram uso corriqueiro por este bloco. Por isso é tão simples cunhar frases do tipo "nunca houve um governo tão corrupto" para qualquer um posterior ao período tucano, que vai de 1995 a 2002. E por isso esta simplificação não pode ser pedagógica: não reconhecer que há uma corrupção estrutural no sistema político é uma forma de mantê-lo inalterado. E, quando um presidente do bloco hegemônico for eleito, poderá usar esse sistema político atrasado, com o pretexto de "modernizar" o país, pagando o preço que ele cobrar.
Postado há 6 hours ago por
 
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Francisco Almeida 




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