sexta-feira, 9 de outubro de 2009

CPT critica mídia no caso MST versus Cutrale

Publicado no Blog Oni Presente

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nota aprovada nesta quarta-feira (7/10) em que questiona os interesses de divulgação das imagens do trator do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) destruindo laranjais em terra da União grilada pela empresa Cutrale. Confira abaixo a íntegra da nota.
"Mais uma vez mídia e ruralistas investem contra o MST

A Coordenação Nacional da CPT vem a público para manifestar sua estranheza diante do “requentamento” por toda a grande mídia de um fato ocorrido na segunda feira da semana passada, 28 de setembro, e que foi noticiado naquela ocasião, mas que voltou com maior destaque, uma semana depois, a partir do dia 5 de outubro até hoje.

Trata-se do seguinte: no dia 28 de setembro, integrantes do MST ocuparam a Fazenda Capim, que abrange os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi, região central do estado de São Paulo. A área faz parte do chamado Núcleo Monções, um complexo de 30 mil hectares divididos em várias fazendas e que pertencem à União. A fazenda Capim, com mais de 2,7 mil hectares, foi grilada pela Sucocítrico Cutrale, uma das maiores empresas produtora de suco de laranja do mundo, para a monocultura de laranja. O MST destruiu dois hectares de laranjeiras para neles plantar alimentos básicos. A ação tinha por objetivo chamar a atenção para o fato de uma terra pública ter sido grilada por uma grande empresa e pressionar o judiciário, já que, há anos, o Incra entrou com ação para ser imitido na posse destas terras que são da União.

As primeiras ocupações na região aconteceram em 1995. Passados mais de 10 anos, algumas áreas foram arrecadadas e hoje são assentamentos. A maioria das terras, porém, ainda está nas mãos de grandes grupos econômicos. A Cutrale instalou-se há poucos anos, 4 ou 5 mais ou menos. Sabia que as terras eram griladas, mas esperava, porém, que houvesse regularização fundiária a seu favor.

As imagens da televisão, feitas de helicóptero, mostram um trator destruindo as plantas. As reações, depois da notícia ser novamente colocada em pauta, vieram inclusive de pessoas do governo, mas, sobretudo, de membros da bancada ruralista que acusam o movimento de criminoso e terrorista.

A quem interessa a repetição da notícia, uma semana depois?

No mesmo dia da ação dos sem-terra foi entregue aos presidentes do Senado e da Câmara, um Manifesto, assinado por mais de 4.000 pessoas, entre as quais muitas personalidades nacionais e internacionais, declarando seu apoio ao MST, diante da tentativa de instalação de uma CPMI para investigar os repasses de recursos públicos a entidades ligadas ao Movimento. Logo no dia 30, foi lido em plenário o requerimento para sua instalação, que acabou frustrada porque mais de 40 deputados retiraram seu nome e com isso não atingiu o número regimental necessário. A bancada ruralista se enfureceu.

A ação do MST do dia 28, que ao ser divulgada pela primeira vez não provocara muita reação, poderia dar a munição necessária para novamente se propor uma CPI contra o MST. E numa ação articulada entre os interesses da grande mídia, da bancada ruralista do Congresso e dos defensores do agronegócio, se lançaram novamente as imagens da ocupação da fazenda da Cutrale.

A ação do MST, por mais radical que possa parecer, escancara aos olhos da nação a realidade brasileira. Enquanto milhares de famílias sem terra continuam acampadas Brasil afora, grandes empresas praticam a grilagem e ainda conseguem a cobertura do poder público.

Algumas perguntam martelam nossa consciência:

Por que a imprensa não dá destaque à grilagem da Cutrale?

Por que a bancada ruralista se empenha tanto em querer destruir os movimentos dos trabalhadores rurais? Por que não se propõe uma grande investigação parlamentar sobre os recursos repassados às entidades do agronegócio, ao perdão rotineiro das dívidas dos grandes produtores que não honram seus compromissos com as instituições financeiras?

Por que a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), declarou, nas eleições ao Senado em 2006, o valor de menos de oito reais o hectare de uma área de sua propriedade em Campos Lindos, Tocantins? Por que por um lado, o agronegócio alardeia os ganhos de produtividade no campo, o que é uma realidade, e se opõe com unhas e dentes á atualização dos índices de produtividade? Por que a PEC 438, que propõe o confisco de terras onde for flagrado o trabalho escravo nunca é votada? E por fim, por que o presidente Lula que em agosto prometeu em 15 dias assinar a portaria com os novos índices de produtividade, até agora, mais de um mês e meio depois, não o fez?

São perguntas que a Coordenação Nacional da CPT gostaria de ver respondidas.

Goiânia, 7 de outubro de 2009

Coordenação Nacional da CPT"

Fonte: CPT

Governistas reagem contra nova tentativa de instalar CPI do MST

Publicado no Vermelho

Enquanto a oposição se articula colhendo assinaturas para uma nova tentativa de instalação de uma CPI para investigar o MST, os governistas resolveram priorizar o debate sobre a revisão dos índices de produtividade de terra para efeito de reforma agrária. Ao menos no Senado essa é uma estratégia clara para barrar a ofensiva contra o movimento e o governo.
Os ruralistas no Congresso brigam contra os novos índices estabelecidos em portaria pelo governo. Por conta disso, a bancada pediu a instalação de uma CPI mista para investigar repasses de ONGs ao MST que acabou sendo inviabilizada na semana passada após a retirada de 42 assinaturas de deputados.

Para instalar uma nova CPI mista serão necessárias 27 assinaturas de senadores e 171 de deputados. No Senado, onde a oposição conseguiu 36 na última tentativa, aparentemente seria mais fácil instalar uma comissão só na Casa. O problema é que os governistas são maioria e reivindicariam os postos chaves da comissão.

“Os movimentos sociais, como o MST, não podem ser criminalizados. Temos um ministério para tratar da questão da reforma agrária, no Brasil, que ainda resta inconclusa, e devemos lutar pelos meios para resolver essa questão da forma mais democrática possível”, disse em plenário o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).

Na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, onde os debates sobre os índices estão mais acalorados, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) conseguiu aprovar a realização de audiência para debater o assunto com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, defensor dos novos índices.

Índice de produtividade

Nesta quarta (7), Ideli Salvatti (PT-SC) fustigou os oposicionistas. Segundo ela, na Comissão de Agricultura da Casa há um projeto para alterar os dispositivos constitucional da reforma agrária. Assim que chegar ao plenário, a matéria receberá emendas estabelecendo que a produtividade do uso da terra tem que ser levada em consideração na hora da definição dos índices.

“Não pode ser, como alguns aqui desejam, a única questão para definir os índices de produtividade, para efeito de reforma agrária, única e exclusivamente a renda da propriedade”, disse a senadora.

Com base nos dados do Censo do IBGE de 2006, ela destacou que do total de propriedades rurais no país (5,1 milhões) cerca de 85% são classificadas como de agricultura familiar. Apesar disso, esse tipo propriedade detém apenas 24,3% da área agricultável.

Embora ocupe a menor parte da área, a agricultura familiar reponde por 38% do valor total da produção. Ou seja, cerca de R$ 55 bilhões são de responsabilidade das pequenas propriedades.

“Uma prova contundente de que elas, inclusive têm índices de produtividade melhor do que os grandes produtores, porque, se, numa área menor de terra, que não chega a 25%, conseguem responder por quase 40% da riqueza vinda da agricultura, da agropecuária, isso só pode acontecer com índices de produtividade melhor, mais acentuado do que os do tão decantado – não que ele não deva ser louvado – agronegócio brasileiro”, ironizou a parlamentar.

Os atuais índices são de 1980 e foram fixados com base no censo agropecuário de 1975. Pela proposta do governo, eles serão atualizados como base nos dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por microrregião geográfica.

De Brasília,
Iram Alfaia

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

E AGORA, NEOLIBERAIS? LIVRO BOMBA ACUSA FHC

Pedro Aires em Cronicas e Críticas da América Latina




Nunca engoli essa história de Fernando Henrique exilado. Não me passava pela cabeça que um filho de um graduado militar do exército (General) viesse a ser exilado. Exilado para o Chile, onde outra ditadura militar governava? Porque não teve o destino dos outros exilados, tal como: Cuba, União Soviética etc? Isto sempre me cheirou mal. Hoje tenho absoluta convicção que ele sempre esteve a serviço de interesses outros que não os do Brasil. Vou providenciar a compra imediata desse livro, com certeza.
É SEMPRE BOM LEMBRAR O QUE FEZ O FHC NA PRESIDÊNCIA!!!
FHC enterrou o sonho de todo brasileiro da minha geração. O "maior estadista do mundo" foi apenas, e tão somente, leiloeiro do Brasil no pós guerra fria, o cara que entregou o controle de nossa economia ao Império Anglo-saxão.
DEVEMOS LER ESTE LIVRO!!!
OBRA DE UMA PESQUISADORA INGLESA
Abaixo, informe do jornal Correio do Brasil sobre um livro recém editado por uma pesquisadora inglesa que abre algumas caixas pretas das ligações entre o alto tucanato e a CIA.
LIVRO BOMBA ACUSA FHC DE RECEBER
MILHÕES DE DÓLARES DA CIA !
Mal chegou às livrarias e Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da culturajá se transformou na gazua que os adversários dos tucanos e neoliberais de todos os matizes mais desejavam. Em mensagens distribuída, neste domingo, pela internet, já é possível perceber o ambiente de enfrentamento que precede as eleições deste ano. A obra da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editada no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro), ao mesmo tempo em que pergunta, responde: Quem "pagava a conta" era a CIA, a mesma fonte que financiou os US$ 145 mil iniciais para a tentativa de dominação cultural e ideológica do Brasil, assim como os milhões de dólares que os procederam, todos entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do país no período de 1994 a 2002.
O comentário sobre o livro consta na coluna do jornalista Sebastião Nery, na edição deste sábado do diário carioca Tribuna da Imprensa.
"Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas: "Consistente e fascinante" (The Washington Post). "Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA" (Spectator). "Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente" (The Times).
DINHEIRO DA CIA PARA FHC
"Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap". Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de 1969" era fevereiro de 69.
FUNDAÇÃO FORD
Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos. E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.
AGENTE DA CIA
Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro "Dependência e desenvolvimento na América Latina", em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos. Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma "personalidade internacional" e passou a dar "aulas" e fazer "conferências" em universidades norte-americanas e européias. Era "um homem da Fundação Ford". E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.
MILHÕES DE DÓLARES
1 - "A Fundação Farfield era uma fundação da CIA... As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos... permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas" (pág. 153). 2 - "O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça..." (pág. 152). "A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria" (pág. 443).
3 - "A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares... Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos... com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos" (pág. 147).
FHC FACINHO
4 - "Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante" (pág. 123).
5 - "Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil" (pág. 119).
6 - "A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana" (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Efeito 2016: Folha publica pesquisa questionando voto popular

Publicado em Carta Maior

Temendo a derrota de seu candidato José Serra, que não decola nem nas pesquisas de seu instituto particular, Otavinho Frias partiu de vez para o tudo-ou-nada. Na edição deste domingo, a Folha de São Paulo estampa como manchete o resultado de uma pesquisa produzida por seu instituto questionando a legitimidade dos resultados das eleições no Brasil. Segundo a pesquisa, estaria provado que nada menos do que 17 milhões de brasileiros venderam seus votos, pelo menos uma vez. A consagração do presidente Lula pela conquista das Olimpíadas Rio 2016, pode ter sido a gota d’água para a operação tudo-ou-nada. O artigo é de Fernando Carvalho.

Fernando Carvalho, de Madri

Lendo a manchete principal do jornal Folha de São Paulo desse domingo, ficamos sabendo que o seu dono, Otavinho Frias, mandou que o seu instituto particular de pesquisas, o DataFolha, produzisse uma enquete que questionasse, pudesse anular ou que pelo menos, justificasse mais tarde, que os resultados das próximas eleições para presidente, governadores e parlamentares não poderiam ser aceitos.

Obediente, o instituto Datafolha teria cumprido a ordem do chefe e entrevistado dois ou três milhares de pessoas em várias cidades do país, fazendo a seguinte pergunta: “alguma vez você votou em alguém em troca de alguma coisa”?

Segundo o jornal do Otavinho, se considerarmos o resultado encontrado pelo instituto do Otavinho, em proporção com a população do Brasil, estaria provado pelos cálculos dos cientistas empregados pelo Otavinho, que nada menos do que 17 milhões de brasileiros venderam seus votos, pelo menos uma vez.

Isso bastou para que o Otavinho, mandasse seus jornalistas, colocarem na primeira página de seu jornal, hoje, algo inédito. E que vai engrossar o já extenso currículo de pioneirismo da Folha pois nunca antes neste país, um jornal, alegando possuir “pesquisas científicas”, havia questionado o regime democrático de realizar eleições.

Ou seja, para o Otavinho, sua “pesquisa científica” provaria que tudo aquilo que acontece no dia das eleições seria uma autentica palhaçada, algo sem valor. Não valeria nada o trabalho dos juízes eleitorais, dos procuradores da justiça eleitoral, dos mesários, dos policiais, dos tribunais regionais eleitorais e do Tribunal Superior Eleitoral.

Tudo seria uma tremenda bobagem, uma falcatrua, inclusive o acompanhamento de especialistas e de representantes dos parlamentos de todo o mundo, que reconhecem sempre o excelente grau de lisura das eleições no Brasil.

Para o Otavinho, isso tudo é bobagem. É mentira. É bobagem para o Otavinho, principalmente, essa história de “vontade do povo”, expressa não
só nas urnas, mas nos bilhões de horas de trabalho ou de descanso que foram gastas pelos milhões de brasileiros que, a cada dois anos, ficam nas filas das seções eleitorais, ou se deslocando até o local das urnas.

Para o herdeiro da Folha de São Paulo, tudo o que foi e será considerado
como “vontade popular”, não valeu nada.

Não valeriam nada portanto, por esse raciocínio e seriam apenas papel sem valor, os mandatos que a Justiça Eleitoral do Brasil forneceu ao presidente da república, ao vicepresidente, aos senadores, deputados,vereadores e aos prefeitos e seus vices.

E não valeríamos nada, nós brasileiros.

Pois, das duas uma: ou somos fraudadores de eleições, do tipo que compra ou vende votos, ou somos milhões de ingênuos que acreditamos num sistema assim e ficamos quietos. Quem duvidar ou reclamar das “pesquisas científicas” do Otavinho é porque rouba eleições.

Os demais, que seriam os honestos, mas ingênuos, que não vendem o seu voto, deveriam aderir à oposição e ao golpe midiático que a Folha e outros jornais pretendem dar no governo no presidente Lula desde o primeiro dia de seu mandato, sem medo de serem acusados de golpistas, porque, segundo as “pesquisas do Otavinho”, as eleições não valeriam nada mesmo.

A bem da verdade, o pioneirismo da Folha para contestar os resultados das eleições é bem mais antigo. E o Otavinho não seria assim, um pioneiro. Em 1964 , Otávio Frias, o pai do Otavinho, dono da Folha, também contestou o mandato legitimo do presidente da República e de centenas de governadores, senadores e deputados, com uma pesquisa desse tipo.

Mais eficiente que seu filho, ele conseguiu que milhares desses mandatos populares, obtidos nas urnas em todo o Brasil, fossem retirados à força de seus detentores, sem processo, sem julgamento, convencendo maus militares a trabalharem sob suas ordens e inspiração, instalando no país uma ditadura que durou mais de 20 anos. Muitos dos que se tornaram “sem-mandato”, foram presos, torturados e mortos.

A Folha também foi pioneira na colaboração com um regime de exceção, pois, ao invés de combater com suas idéias aos usurpadores do poder, que censuravam a própria imprensa, o falecido Otávio Frias, pai do Otavinho, colaborou ativamente com os ditadores, aprovando e apoiando todas as barbaridades cometidas contra a população, como o arrocho salarial, a hipoteca das pequenas propriedades rurais, a perda dos direitos trabalhistas e à liberdade sindical.

Para fazer esse trabalho sujo de manipulação da opinião pública, Otavio Frias ganhou, sem licitação, tal como o Globo, o Estadão e outros jornais, gigantescas verbas de publicidade dos governos federal, estaduais e municipais. Essas verbas formaram as imensas fortunas que usufruem agora o Otavinho e os herdeiros dos Marinho, dos Mesquita, dos Sirotsky, dos Sarney, dos Collor, dos Maia e várias outras famílias que dominam a mídia que colaborava com a Ditadura nos estados.

Mas o fato que mais marca com o pioneirismo o currículo da Folha de São Paulo a nível internacional, foi a colaboração que o jornal prestou à ditadura transportando presos políticos, muitos deles torturados, que depois apareceram mortos ou estão até hoje desaparecidos, em
caminhonetes de entrega de jornais. Uma operação chamada OBAN, Operação Bandeirantes, realizada pelo exército em colaboração com empresários, para despistar juízes e familiares que procuravam em vão pelas vítimas nos quartéis para onde haviam sido levados ilegalmente.
Essa, nem os jornais que apoiavam o governo de Adolf Hitler fizeram. Transportar presos políticos em carros de entrega de jornal.

É pioneirismo puro. Mas uma vergonha que manchou inapelavelmente o currículo da Folha e que ainda está impune.

"Comentários dos leitores"
Outro movimento dessa ofensiva "tudo-ou-nada" aparece nos “comentários dos leitores”que a Folha seleciona (ou será que ela mesma produz?) e coloca embaixo das matérias que está publicando nesse momento em sua versão on-line: todos eles vinculam a fraude nas provas do ENEM com a possível fraude nas próximas eleições... Mereceu pouco destaque o fato de que o Grupo Folha é parceiro da gráfica contratada para imprimir a prova (a Plural é uma parceria do Grupo Folha com a empresa americana Quad/Graphics).

Mais uma tentativa do Otavinho de desgastar o presidente Lula frente aos jovens, justamente o presidente que criou o ProUni, que dá bolsas aos alunos pobres e descendentes dos escravos que os antepassados de pessoas como Otavinho devem ter comprado e vendido aos montes, quando o Brasil era uma colônia e depois um império.

Um império onde mandavam não aqueles que fossem escolhidos em eleições que Otavinho contesta e seu pai já contestava e fez deixar de terem validade por 21 anos, mas aqueles que teriam o direito divino, dado por Deus, de mandar por serem de “melhor raça”, “melhor berço”, mais ricos e prósperos e portanto, mais inteligentes e capacitados para mandar.

Com a palavra, as autoridades.

Liberdade de imprensa é uma coisa. Manipular a realidade, corromper pessoas, transportar presos em caminhonetes, ganhar fortunas sem licitação é outra.

Os excelentes resultados dos seis anos e meio de governo do presidente Lula nos campos econômico, social e político já estavam fazendo nos últimos dias o herdeiro da Folha a radicalizar nos ataques e ofensas pessoais a Lula.

Mas agora, temendo a derrota de seu candidato José Serra, que não decola nem nas pesquisas de seu instituto particular, exatamente por que o povo brasileiro associa sua imagem aos anos de desemprego, miséria e corrupção de Fernando Henrique Cardoso, Otavinho Frias partiu de vez para o tudo-ou-nada.

A consagração do presidente Lula pela conquista das Olimpíadas Rio 2016, pode ter sido a gota d’água que precipitou essa nova crise de demência.
Com a palavra as entidades dos pesquisadores, dos sociólogos, dos cientistas políticos, dos estatísticos, matemáticos e outros afetos a esse ramo da ciência e da pesquisa de opinião. Com a palavra o Ministério Público Federal, a Justiça Eleitoral, os parlamentares, os governadores e prefeitos atingidos, cujos mandatos Otavinho colocou sob suspeita, com suas “pesquisas científicas”. Tanto os mandatos dos políticos do governo como os da oposição.

Com a palavra, principalmente, o presidente Lula, que sofre calado ataques e xingamentos dos jornalistas pagos pelo Otavinho, há mais de 30 anos.
E que depois de assumir a presidência, temendo ser acusado de atentar contra a liberdade de imprensa, tem permitido calado e de forma a meu ver equivocada, que gente como o Otavinho, continue ofendendo, não só a ele, mas o seu mandato popular, as instituições democráticas e próprio povo brasileiro.

Com a palavra, principalmente, nós os leitores de jornais do Brasil, mesmo aqueles que, sendo de oposição, teriam obrigação de nunca mais anunciarem ou comprarem um jornal com o currículo que Otavinho e seu pai fizeram injustamente a Folha e seus competentes profissionais ostentarem para o resto de suas vidas.

Daqui para frente, nem que eu leia outro jornal de oposição: mas a FOLHA, NÃO!

Texto atualizado em 05/10/2009

(*) Fernando Carvalho é jornalista.

Bom dia Ministro: Geddel Vieira Lima explica projeto do Rio São Francisco





Veja as imagens das obras na região de Cabrobó (PE):
Posted: 07 Oct 2009 09:35 AM PDT

Mais de 12 milhões de habitantes de estados do Nordeste, os mais afetados pelas secas no Brasil, estão mais próximos de ter água para consumo e produção, graças ao projeto do Rio São Francisco tocado pelo governo federal. O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, participou nesta quarta-feira do programa Bom Dia Ministro e explicou detalhes do projeto, que beneficiará 390 municípios do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco.


A obra está orçada em R$ 5 bilhões, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e oito mil pessoas já trabalham diretamente na construção dos Eixos do Projeto São Francisco. A previsão é de que até o final deste ano o número de empregos chegue a um total de 10 mil. No trecho abaixo da entrevista, Geddel fala dos avanços que a intervenção vai trazer para a região Nordeste e explica, enfim, o que é transposição:

O ministro Geddel também esclareceu as providências que estão sendo tomadas para proteger e garantir melhoria de vida de comunidades quilombolas e indígenas que viviam nas áreas próximas às obras do Rio São Francisco e estão sendo transferidas. Ressaltou também que o impacto socio-econômico das obras já é perceptível na região. “Para você ter uma noção do que está mudando na região, só você indo fazer uma visita lá.”, disse Geddel:

MST acusa Cutrale de grilagem de terras da União

Postado no Vermelho




MST acusa Cutrale de grilagem de terras da União
Após imagens divulgadas pelos principais jornais televisivos do país mostrando um trator dirigido por integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) derrubando plantações de laranja da empresa Cutrale, a justiça concedeu liminar de reintegração de posse à empresa da fazenda Santo Henrique, na divisa dos municípios de Iaras e Lençóis Paulista, em São Paulo. O MST lançou nota dizendo que o terreno na verdade pertence à União.

Na nota, o MST alega que o terreno pertence à União. Acusam a Sucocítrico Cutrale de utilização irregular de terras públicas para a monocultura de laranja e tentativa de "legitimar a grilagem" com a plantação. Afirmam ainda que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já havia reconhecido a posse da União das terras em questão.

"Não há motivo para continuar essa invasão, pois se trata de propriedade privada, extremamente produtiva e que gera centenas de empregos para as pessoas da própria comunidade local", diz a curta nota da Cutrale enviada à imprensa.

Em contraponto, a nota do MST diz que a área da fazenda Capim faz parte do chamado Núcleo Monções, um complexo de 30 mil hectares divididos em várias fazendas e de posse legal da União. É nessa região que está localizada a fazenda da Cutrale, e onde estão localizadas cerca de 10 mil hectares de terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas, além de 15 mil hectares de terras improdutivas. Cerca de 250 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) permanecem acampadas desde a semana passada (28/09), na fazenda Capim.

"A derrubada dos pés de laranja pretende questionar a grilagem de terras públicas, uma prática comum feita por grandes empresas monocultoras em terras brasileiras como a Aracruz (ES), Stora Enzo (RS) entre outras", justifica a nota do movimento.

Carlos Otero, representante da empresa, disse à Folha Online estar otimista na liberação da área e no cumprimento da ordem judicial, mas o MST informou que a decisão de reintegração de posse é de um juiz local e que só deixa a fazenda após uma decisão da Justiça Federal, já que o caso foi transferido.

"Os invasores que ali se encontram de forma ilegal, estão destruindo construções, moradias de funcionários e pomares de laranja produtivos, além de provocarem outros estragos, 'atitudes essas incompatíveis com o verdadeiro homem do campo', desrespeitando até mesmo o trabalho que foi realizado pelos empregados da mesma comunidade assentada, que foram contratados pela empresa para gerar renda também em benefício de seus familiares", ataca Carlos Otero, representante da empresa.

Em resposta, o MST afirma que "o local já foi ocupado diversas vezes, no intuito de denunciar a ação ilegal de grilagem da Cutrale. Além da utilização indevida das terras, a empresa está sendo investigada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo pela formação de cartel no ramo da produção de sucos, prejudicando assim os pequenos produtores. A Cutrale também já foi autuada inúmeras vezes por causar impactos ao ecossistema, poluindo o meio ambiente ao despejar esgoto sem tratamento em diversos rios".

Enquanto a mídia televisiva expõe o MST sem entrar no debate sobre a polêmica acerca da propriedade das terras noticiadas, partidos de direita tentam emplacar nova CPI do MST após destruição de laranjal.

Leia a íntegra da nota do MST

De São Paulo, Luana Bonone, com Folha Online e MST

Plano brasileiro para desmatamento é ambicioso e deve ser adotado por outros países





Posted: 06 Oct 2009 12:20 PM PDT

Lula discursa durante III Cúpula Brasil-União Européia, em Estocolmo. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A proposta do Brasil de reduzir em 80% o desmatamento no Brasil até 2020, apresentada pelo presidente Lula durante a III Cúpula Brasil-União Européia, realizada nesta terça-feira (6/10) em Estocolmo (Suécia), foi bastante elogiada pelo presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, e pelo primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt. Para os dois, o plano brasileiro é ambicioso e deveria ser adotado como modelo por outros países. Reinfeldt afirmou ainda que seria importante discutir a proposta brasileira, que faz parte do Plano Nacional para Mudanças Climáticas, durante a reunião da ONU sobre clima (COP 15) que será realizada em dezembro, em Copenhague.

Para o presidente brasileiro, cada país tem que chegar à reunião sobre clima em Copenhague apresentando números concretos de quanto emite de gás do efeito estufa. Tratar o tema de forma genérica, jogando a culpa um no outro, não vai levar a lugar algum, afirmou Lula, que pede ainda “bom senso e maturidade” aos líderes mundiais para que seja possível encontrar uma solução viável para o problema das mudanças climáticas.

O presidente Lula afirmou ainda que a meta de desmatamento zero é impossível de ser assumida e explicou o motivo:

Ouça aqui a fala do presidente da Comissão Européia, João Manuel Durão Barroso, em que defende a proposta brasileira para o desmatamento:

Lula espera que os chefes de Estado decidam comparecer ao encontro em Copenhague e defende que a ONU assuma a responsabilidade de qualificar e criar um orgão exclusivo para as questões ambientais que sirva de referência única para assuntos do meio-ambiente. Assim, acaba com a confusão existente hoje, em que cada país trabalha com seu número, cada departamento de energia com um número:

O presidente disse ainda que não adianta procurar culpados, mas que é preciso criar regras para que cada país comece a se responsabilizar pelos estragos que de fato já causou ao planeta. No trecho abaixo, Lula também fornece dados da matriz energética brasileira, reconhecidamente limpa, e fala dos biocombustíveis:
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Blog do Planalto

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Brasil usa Olimpíada e Copa para atrair investidores estrangeiros




Márcia Bizzotto
De Bruxelas para a BBC Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou em Bruxelas uma intensa campanha para conquistar investimentos estrangeiros para o Brasil, usando como argumentos a realização da Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro e da Copa do Mundo de 2014 no país.
"Abrem-se extraordinárias oportunidades de negócios", disse Lula nesta segunda-feira a uma plateia formada por empresários belgas e brasileiros no encerramento de um seminário.
A seu lado estavam o príncipe Felipe da Bélgica e o ministro de Exteriores belga, Yves Leterme, que haviam se reunido com o presidente momentos antes.
De acordo com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, o país precisa de US$ 48 bilhões em investimentos para a construção e reforma de estádios e para os setores de telecomunicações e hotelaria nas doze cidades sede da Copa de 2014.

‘Pequenez’

O ministro também estima investimentos de US$ 14 bilhões para a Olimpíada de 2016, dos quais 72% correspondem a obras de infraestrutura.
"A Bélgica tem muito mais razão de, em 2010, fazer mais investimentos no Brasil", insistiu Lula, recordando que em 2008 os investimentos belgas no país somaram US$ 1,9 bilhões e o comércio bilateral duplicou nos últimos quatro anos, chegando a US$ 7 bilhões.
Por sua parte, o ministro belga afirmou que as companhias belgas têm "muita experiência na construção de instalações para a Copa de 2014".
Não é possível que um país que tem a terceira fábrica de aviões do mundo seja vendido ao mundo apenas como as favelas do Rio de Janeiro ou como carnaval e o futebol.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

"Vocês jogarão a final, nós construiremos a infraestrutura", brincou Leterme.

Autoestima

Lula ainda disse aos empresários belgas que o Brasil voltará a crescer 5% ao ano em 2010 e, de acordo com estimativas do Banco Mundial, poderá ser a quinta economia do mundo em 2016 se manter o ritmo de crescimento.
O presidente ressaltou que o país não é apenas um grande produtor agrícola, mas também pode oferecer tecnologia a seus sócios comerciais, como é o caso dos biocombustíveis, que definiu como uma "alternativa segura, limpa e eficaz", que pode ajudar os países desenvolvidos a cumprir suas metas de redução de emissões de gases com efeito estufa.

Destacando a posição do Brasil no cenário mundial, Lula defendeu que a melhor maneira do país ser respeitado internacionalmente é acreditando em seu potencial.
"Acho que o Brasil não pode repetir os erros que cometeu no século 20, quando o Brasil não acreditava em si, achava que tudo o que era feito nos outros países era melhor, que nós éramos coitadinhos e que tínhamos que pedir licença para todo o mundo", disse.
"Não é possível que um país que tem a terceira fábrica de aviões do mundo - que muitos aviões que voam na Bélgica são da Embraer, incluindo o de sua majestade - seja vendido ao mundo apenas como as favelas do Rio de Janeiro ou como carnaval e o futebol", insistiu.
O presidente culpou os próprios brasileiros de promover a "pequenez com que durante muito tempo as pessoas de fora viram o Brasil".
delegação brasileira dará continuidade à campanha por investimentos estrangeiros na terça-feira, em Estocolmo, capital da Suécia, com uma reunião bilateral com o governo sueco e um encontro reunindo empresários de ambos países.
Antes, Lula e sua equipe participam da terceira cúpula entre o Brasil e a União Europeia, também na capital sueca.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Rogério Mattos Costa: A inveja mata. O ódio enterra.




A inveja mata, diz um conhecido ditado.

Bastaram poucas horas após o anúncio de que o Rio será sede das Olimpíadas 2016 para que uma série de artigos de crítica ao presidente Lula e aos seus sentimentos de patriotismo, inundassem como uma torrente, as páginas on-line da Folha de São Paulo.

Os artigos se repetem e questionam Lula como se, ao presidente de um país, não coubesse, nessa hora, elogiar o esforço daqueles homens e mulheres que contribuíram para que a maior festa de congraçamento da humanidade, viesse para o Brasil, ainda que no longínquo 2016.

Acostumado a dizer que tem vergonha de ser brasileiro, um dos jornalistas da Folha dedica-se não só a ofender, como sempre faz, ao presidente Lula, mas a lembrar dos males que quinhentos anos de má administração, preconceito racial, irresponsabilidade social e muita impunidade, fizeram ao país.

Como se a Lula coubesse a culpa pela situação e não os méritos de pela primeira vez, enfrentá-la com boa, ainda que não suficiente, dose de coragem. Lembram ainda com ironia este e outros jornalistas da Folha, que o patriotismo foi usado pela ditadura militar para combater à esquerda, quando esta reclamava da falta de liberdades básicas, como a de imprensa. Assim, segundo eles, a esquerda, da qual Lula faz parte, não poderia usar o patriotismo, “uma arma exclusiva da ditadura” para
comemorar o bom momento que vive o país em todos os setores da economia, da evolução da sociedade e do prestigio do país no exterior.

Outros vão mais além, merecendo o carinhoso apelido de “colonistas”, criado por Paulo Henrique Amorim em seu blog, para designar aqueles colunistas que pregariam abertamente a volta do Brasil à condição de colônia de potencias estrangeiras. Agora, é claro, já não a colônia de Portugal, mas de um grande país da América do Norte.

De qualquer forma, para um jornal que tem em seu currículo a acusação, nunca desmentida de haver emprestado veículos próprios, de seu patrimônio, para o transporte ilegal de cidadãos que caíram presos políticos, sem mandado judicial, durante uma ditadura militar, a Folha está em péssimas condições para combater o patriotismo ou o uso, por Lula das conquistas de seu governo.

Afinal, as acusações de colaboracionismo com a tortura não prescreveram e estão ao alcance de qualquer pesquisa, mesmo acadêmica e pela internet.
Ao fazer brincadeiras e ironias com os sentimentos patrióticos do povo e do presidente da República, a Folha ofende a memória não só dos mortos e torturados que suas caminhonetes eventualmente teriam transportado, mas de todos os que morreram combatendo o regime de exceção que seu proprietário, à época, ajudou a implantar.
Publicado em Carta Maior

Luis Nassif: "Lula, o grande timoneiro"

4/10/2009 - 12:00

Do Último Segundo
Coluna Econômica – 04/10/2009

Estava almoçando com um amigo banqueiro quando veio a notícia de que o Rio de Janeiro havia sido escolhido cidade-sede das próximas Olimpíadas. Mandou abrir um vinho em comemoração. De manhã, um funcionário dele, em Copenhagem, mandou email informando que na cidade só se falava em Lula, uma euforia completa apenas pela presença de Lula por lá.

No restaurante, as mesas comemoraram pedindo vinhos e champagnes. Nas ruas, uma população orgulhosa do feito brasileiro. No Blog, centenas de comentários de leitores orgulhosos de serem brasileiros, finalmente orgulhosos de serem brasileiros, repito.

Chego no escritório, ligo a Internet e procuro o vídeo com o discurso de Lula, defendendo a candidatura do Rio e, depois, com Lula com os olhos marejados falando de sua maior especialidade: o modo de ser brasileiro. Tecendo loas ao Brasil, ao Rio, à ginga, à alma brasileira.

E me espanto de como é possível que parte da opinião pública ainda não tenha se dado conta da dimensão política global de Lula. Ele se tornou um dos governantes paradigmáticos do maior processo de transformações que a humanidade atravessa desde o pós-guerra.

***

A população pobre, que era custo, hoje se tornou o grande ativo dos emergentes China, Índia e Brasil. Lula representa não apenas a história de sucesso do operário que chegou a presidente. O polonês Lech Walesa também teve esse papel e não passou de mera curiosidade histórica. Já Lula tem desempenhado um papel civilizatório inimaginável.

Assumiu um país exaurido pela insensibilidade social, liderando um continente propenso a exageros populistas históricos, como contraposição aos exageros liberais. Globalmente, o fracasso das políticas neoliberais projetou uma sombra de xenofobia, intolerância e radicalização sobre todos os continentes.

Foi nesse ambiente propício à radicalização que Lula projetou sua imagem de pacificador, de agente do processo civilizatório mundial.

Com a mesma bonomia com que trata seus adversários políticos no Brasil, ou como tratava os peões de fábrica no ABC, ajudou a criar uma alternativa democrática no continente, orientando Evo Morales, contendo os arroubos de Hugo Chávez, tornando-se a esperança do Ocidente de manter uma porta aberta com o Irã.

Quando leva Obama para uma sala para explicar, em um bate-papo, como agir no caso do Irã, o severino retirante se despe de toda liturgia do cargo, dos tremeliques da diplomacia, usa a linguagem tosca e direta com que as pessoas normais se comunicam e ajuda a desenhar a nova diplomacia mundial. E com a cara do Brasil, a afetividade do Brasil, alisando as pessoas, tratando-as com o carinho brasileiro.

Na coletiva que deu após a escolha do Rio, a profissão de fé no Brasil entrará para a história. O orgulho de ser brasileiro, o “sim, nós podemos” entra definitivamente para o repertório brasileiro do século 21, do mesmo modo que JK empurrou o país com seu otimismo e sua genuína crença no valor do brasileiro.

Daqui a vinte anos, quando o país estiver definitivamente entronizado no panteão dos grandes países do mundo, será mais fácil avaliar a verdadeira dimensão de Lula, como o grande timoneiro dessa travessia.

domingo, 4 de outubro de 2009

Por que me ufano do meu país.

*
Não sou o Afonso Celso, embora nossos nomes se pareçam, mas hoje também posso dizer que me ufano do meu país. Meu ufanismo pode ser menos ingênuo como, dizem, era o daquele conde monarquista. Ainda assim, não deixa de ter sua dose de otimismo crédulo. Quem vem de longe, como dizia o saudoso caudilho Brizola, sabe bem do que estou falando.
E é não é apenas pela nossa recente conquista de 2016. Claro, estou superentusiasmado e patriótico, mas já vivi outras conquistas que não foram capazes de eliminar um sentimento de frustração. Eu estava em Brasília quando o Brasil ganhou o tricampeonato mundial de futebol. Participei como toda gente da festa na Asa Sul e ouvi a multidão cantar Eu te amo meu Brasil, hino de Don e Ravel, mas eu não cantei. Do mesmo modo que meus amigos da época, não compartilhei da alegria da ditadura. Também detestava o patropi do Simonal, que achávamos grotesco e hoje há quem tente reabilitar sua figura.
Sei que agora a situação é diferente. Depois de anos de luta pela redemocratização do país e dos tempos melancólicos da Nova República, da era de privatização de FHC, tenho (temos) o que comemorar. É verdade que não chegamos ao paraíso. Quando vou para o trabalho aqui no centrão de Sampa, tropeço em todo tipo de destroços humanos: drogados, crianças dormindo na rua (não há marquises nem viadutos suficientes), camelôs, homens-sanduiche, prostitutas e prostitutos em vias públicas, enfim, o inferno na terra. Não tenho dúvida de que o bolsa-família é paliativo e de que, além disso, não abarca o universo da miséria cruel.
Também não discordo dos que chamam Lula de populista desde que se entenda populismo como sinônimo de popular, de quem conhece o povo, que conhece sua linguagem e sofre com suas necessidades. Lula se parece com Vargas? Um pouco. Mas a questão não é essa, caros especialistas em populismo do PSDB. O problema não se resume às distorções do personalismo e sim ao que os personagens representam. Tanto Vargas quanto Lula (este, muito mais) representam um Estado mais atuante, indutor do desenvolvimento, árbitro dos conflitos e promotor da justiça social, mas sempre amparado em bases sociais. O PT (se quiserem, o lulopetismo) possui tal força.
Lula compôs com políticos atrasados, a exemplo de Sarney? Certamente, assim como FHC se juntou ao Toninho Malvadeza & cia. O PT financiou partidos coligados com sobras do caixa dois? Também é verdade, do mesmo jeito que os tucanos o fizeram. Mas nada justifica isso, diriam meus colegas de academia, repletos de razões morais e éticas, intransigentemente defensores da mais pura, ideal, límpida política democrática civilizada européia e norte-americana (viva os sacrossantos Berluscone, Sarkozy, Bush e tantos outros), hoje já se preparando para votar no impoluto Serra (que não compõe com os demos) ou em Marina (a evangélica virgem que não aceita o culto à santidade da Virgem Maria). Concordo com vocês, intelectuais acima de qualquer suspeita, mas o mundo não é uma arquitetura teórica bem-concebida, como vocês pensam.
Por trás da visão civilizatória e dos bons modos assépticos dos demotucanos e dos comunistas envergonhados sob a tutela do brutamontes Roberto Freire, estão as privatizações a qualquer preço, a degola do ensino público e a segregação social, políticas que o atual governo tem procurado, com dificuldades superar. Nas entrelinhas cultas do discurso de FHC e seus seguidores se revela o complexo de inferioridade daqueles que negam o Brasil ao se verem no espelho do dito mundo civilizado.
Quando estive na Itália, os estudantes universitários de lá não se cansavam de tecer loas ao Lula e de demonstrar todo o apreço que nutriam pelo Brasil: nossa música, nossa literatura, nosso calor humano, nosso jeito de ser. Acho que eles tinham razão.

Por Antônio Celso, blog Impertinências

The Observer: Com Rio 2016, país do futuro vive o presente



Festa no Rio

A reportagem britânica destaca motivos para comemorar no Brasil

A escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 é "a última prova de que para o Brasil, um dos países mais glamorosos e carismáticos do mundo, os bons tempos estão começando", de acordo com uma elogiosa reportagem publicada neste domingo pelo semanário britânico The Observer.

"Tão frequentemente descritos como pertencentes a um 'país do futuro', os brasileiros viram-se vivendo o presente neste fim de semana", escreveu o correspondente Tom Phillips, do Rio de Janeiro.

A reportagem do Observer destaca a importância da escolha do Rio para todo o Brasil, mas principalmente para a própria Cidade Maravilhosa, "após anos de abandono e violência urbana".

O jornal afirma que os investimentos estão voltando ao Rio, que estaria vivendo um "boom econômico e cultural que já levou à recuperação de áreas dilapidadas do centro da cidade".

A reportagem também destaca a importância dos Jogos Olímpicos do Rio para a auto-estima dos brasileiros, citando palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva:

"O Brasil saiu do patamar de país de segunda classe e entrou no patamar de país de primeira classe.”

Governo Lula

O jornal elogia ainda a situação privilegiada do Brasil, após meses de crise econômica mundial, destacando o crescimento nas exportações do país, o aumento no preço de commodities e as políticas sociais do governo Lula, "que ajudaram milhões de brasileiros pobres a deixar a pobreza desde que o líder de esquerda assumiu o poder".

"O renascimento incipiente do Rio espelha o boom nacional que, nas expectativas do governo brasileiro, deve transformar o país em uma das potências políticas, econômicas e petrolíferas mundiais", diz o Observer.

"Em 2007, a sua fortuna recebeu um potencial forte empurrão com o descobrimento de enormes reservas de petróleo na costa, que podem ajudar a tornar o país um peso ainda mais pesado no cenário internacional."

O jornal britânico vai mais longe ao ressaltar a crescente força da diplomacia brasileira, afirmando que como integrante do G20, "que ofuscou o G8", o Brasil "está começando a mostrar os seus músculos".

O semanário também credita a virada na política diplomática brasileira ao governo Lula, "que abriu o caminho para vários presidentes sul-americanos cada vez mais influentes, que estão ajudando a pôr o chamado 'continente esquecido' no mapa".

No entanto, a reportagem lembra que em meio à crescente importância econômica, política e ambiental, "o Brasil ainda tem vastos exércitos de pobres."

"O país ainda tem um dos níveis de desigualdade mais altos do planeta, com os 10% mais ricos em posse de metade da renda do país, enquanto menos de 1% dela pinga para os 10% mais pobres", afirma o Observer.

Publicado por BBC Brasil em 04 Out 2009

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