sábado, 7 de novembro de 2009

Os desejos ocultos dos donos da terra

Publicado em Carta Maior

DEBATE ABERTO
Uma estrutura social equânime é o inferno de Caiado e Kátia Abreu. Para eles, o paraíso é o Estado Patrimonial que, como no tempo do Império, funcione como repassador de terras e do dinheiro do setor público para o privado. É com essa restauração que sonham diariamente.

Gilson Caroni Filho

A nova operação da direita para viabilizar a instalação de uma CPI para investigar supostos repasses de recursos públicos a entidades vinculadas ao Movimento dos Sem Terra (MST) nada mais é que um embuste com objetivos nítidos: a criminalização dos movimentos sociais e, com um claro viés eleitoreiro, o desgaste do governo visando ao processo eleitoral de 2010.

O eixo central da ação da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), ex-presidente da UDR, é retroceder o processo democrático a níveis anteriores ao do governo petista. Com apoio da grande imprensa, o que se pretende é o estabelecimento de uma agenda que aceite a imposição dos que gritam mais forte e que por mais de 500 anos mandaram no país.

Um projeto de poder que abandone o país moderno, dos segmentos novos da cidade, do operariado urbano e rural, dos pequenos e médios proprietários das classes médias, dos empresários modernos e progressistas para abraçar uma opção pelo passado. No que ele tem de mais retrógado, no que ele garante a preservação de práticas clientelistas e oligárquicas.

A pesquisa do Ibope, encomendada pela CNA, “que constata a favelização dos assentamentos rurais do INCRA" não vai de encontro apenas aos dados do Censo Agropecuário de 2006 que demonstram que a agricultura familiar é mais produtiva do que a tradicional e em grande escala. Vai além. Vai contra todas as classes e frações que sabem que sua sobrevivência depende de um país igualitário, solidário, a ser construído por uma intervenção decidida na questão da terra. Uma estrutura social equânime é o inferno de Caiado e Kátia Abreu. Para eles, o paraíso é o Estado Patrimonial que, como no tempo do Império, funcione como repassador de terras e do dinheiro do setor público para o privado. É com essa restauração que sonham diariamente.

Sob os holofotes da CPI o que se quer manter é a luta contra a Reforma Agrária por parte de pecuaristas e dos que ganham com monoculturas extensas. Nos casos de desapropriações já decididas, apela-se, como sempre, para os amigos cartoriais, transferindo gado de uma fazenda para outra enquanto se pede revisão dos processos.

O "aggiornamento" da imprensa é peça fundamental dessa estratégia. Há mais de duas décadas, durante a eleição de Caiado para a presidência da UDR, o então vice-presidente da entidade, Altair Veloso, garantia que “os jornalistas da imprensa escrita são todos vermelhos. Os da televisão são todos homossexuais".

Hoje prevalece a afinidade de classe, e os "vermelhos" carregam nas tintas contra movimentos organizados, enquanto os "homossexuais" divulgam, no horário nobre de uma emissora paulista, "editoriais" contra Lula e o MST. O amadurecimento de pessoas e instituições é surpreendente. Revela pulsões que nunca ousaram dizer o nome.

Em entrevista para a Agência Ibase, o líder sindical José Francisco da Silva, ex-presidente da Contag, disse que “houve avanços com o governo Lula, justiça seja feita. Fernando Henrique investiu R$ 2,3 bilhões no Pronaf. Lula já alcançou R$ 13 bilhões no decorrer de seis anos. Foi um bom investimento, mas é bom que se diga que o agronegócio recebe quase R$ 70 bilhões do governo e é a agricultura familiar que abastece o país, que gera empregos." É uma distorção a ser corrigida.

Para Kátia e Caiado a correção aponta para outra direção: a da redução dramática da população rural, da formação de um contingente de semicidadãos entregues à própria sorte. Para eles, essa é a democracia possível. O padrão estético é coerente com a história dos antigos donos do poder.

Eldorado de Carajás é uma imagem a ser esquecida. Pés de laranja arrancados, um crime imperdoável.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Não vamos nos calar

Parcelas da classe dominante – setores do Poder Judiciário, do Congresso Nacional, do Tribunal de Contas da União, do Ministério Público e da mídia – estão articulando mais uma ofensiva contra o MST e os trabalhadores. Podemos observar essa ofensiva na criação de mais uma CPI para investigar o Movimento, a terceira instalada nos últimos quatro anos. Isso se mostra também pela reação dos meios de comunicação frente aos protestos no Pará.

Além da perseguição policial direta e do Estado atuar como protetor do latifúndio, agora se busca construir uma deslegitimação do movimento camponês, com a intenção de se criar uma repulsa social contra os trabalhadores organizados. Apresentam nosso Movimento não apenas como violento, mas como agente de corrupção.

Isso não quer dizer que as antigas fórmulas tenham sido abandonadas. Em diversos estados, os pistoleiros ainda abrem fogo contra os sem-terra, às vezes à luz do dia. Recentemente, podemos lembrar o assassinato de Elton Brum, no Rio Grande do Sul, ou os 18 trabalhadores baleados pela escolta armada da Agropecuária Santa Bárbara, no Pará.

O que os agentes defensores da estrutura agrária do país não querem mostrar é que o Brasil apresenta a pior concentração de terra do mundo. Nunca fez Reforma Agrária, ao contrário de todos os países desenvolvidos. O agronegócio, que se diz desenvolvido, produz menos de 15% dos alimentos que vão para a mesa da população. Os índices de produtividade estão atrasados desde 1975. Ainda existe latifúndio, agora aliado com transnacionais, e ele ainda mata, tortura, explora e oprime os trabalhadores rurais.

O Brasil ainda não respondeu sua dívida histórica com os pobres do campo. E nós não vamos desistir de lutar, de denunciar os crimes que são cometidos dia após dia. Essas empresas que fazem propaganda na televisão estão roubando as terras da União, como é o caso da Cutrale, em São Paulo. Estão explorando o solo com uma quantidade absurda de agrotóxicos, dando ao Brasil o título de maior consumidor de venenos do mundo.

E porque não nos calamos, seguem nos perseguindo. Estamos fazendo uma campanha internacional para denunciar o processo de criminalização que o MST e os pobres do campo vêm sofrendo. Damos o nome de criminalização às ações de agentes estatais, como os políticos e a mídia, que visam reprimir os movimentos sociais e seus militantes como criminosos, ou criar condições para que a repressão aconteça.

Querem nos isolar, retirar o apoio que a sociedade brasileira historicamente deu à Reforma Agrária. Mas estamos atentos. Recentemente, um manifesto assinado por intelectuais teve a adesão de mais de cinco mil pessoas, que denunciam a criminalização de nossa luta. Agora estamos percorrendo organismos internacionais para que o mundo saiba o que setores retrógrados do Brasil fazem com seus trabalhadores. Fomos à Organização Internacional do Trabalho (OIT), na Suíça, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, um órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, nos Estados Unidos.

E principalmente: nos comprometemos a seguir defendendo a Constituição Federal, que diz que a terra deve cumprir sua função social. Se querem criminalizar a luta por um direito, é nosso dever denunciar as imensas injustiças que forjaram a construção desse país. Não vamos nos calar.

Secretaria Nacional do MST

Letra Viva - MST Informa

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Reflexões de um ex-vira-lata

Por
Paulo Nogueira Batista Jr.

Antonio Patriota , até recentemente embaixador brasileiro aqui em Washington, reclamou comigo: "Para de falar em complexo de vira-lata! O Brasil passou dessa fase". Talvez o nosso embaixador tenha razão. O Brasil vem ganhando autoconfiança com uma rapidez surpreendente.

Nas recentes reuniões do G20, em Londres e Pittsburgh, e na última reunião anual do FMI, em Istambul, o Brasil bateu um bolão. Somos subdesenvolvidos? Sim. Temos equipes pequenas? Sim, muito menores do que as dos países desenvolvidos. E, no entanto, as delegações brasileiras têm sido das mais atuantes e -correndo o risco de soar presunçoso- acrescento: das mais influentes.
A aliança Bric (Brasil, China, Índia e Rússia) vem sendo fundamental. Mas não é só isso. O Brasil, em si mesmo, tem tido um papel cada vez maior. Há um fator que nos ajuda enormemente: a imagem favorável do país no exterior. A cotação do Brasil está muito alta. Do Brasil como economia, do Brasil como ator na cena internacional, do Brasil como nação cultural.
Bem sei, leitor, que o brasileiro está longe de compartilhar uma visão tão positiva. Talvez porque esteja mais perto do Brasil e conheça melhor as nossas mazelas. Talvez porque o complexo de vira-lata ainda esteja mais vivo do que imagina o embaixador Patriota.
Faço ainda outra ressalva: existe provavelmente um certo economicismo na forma como os países são vistos internacionalmente. O chamado mercado (um dos codinomes da turma da bufunfa) só se interessa pelos indicadores econômicos e financeiros. Não quer nem saber da péssima distribuição de renda, dos problemas sociais, dos níveis ainda elevados de pobreza e de miséria.
Ora, os indicadores econômicos brasileiros têm ficado, em geral, acima do esperado. Até 2007-2008, os nossos detratores (quase sempre brasileiros) diziam: "O Brasil está navegando uma onda internacional favorável".
Veio então a maior crise internacional desde a Grande Depressão. A torcida adversária (brasileira, em geral) começou a salivar intensamente, aguardando o colapso. Não aconteceu. O Brasil sofreu os efeitos da crise, claro. Mas menos do que se esperava. A recuperação brasileira também começou mais cedo do que o previsto. Basta dizer uma coisa: no meio dessa crise mundial, o Brasil anunciou um empréstimo de US$ 10 bilhões ao FMI.
O meu complexo de vira-lata deu arrancos triunfais de cachorro atropelado (para combinar dois bordões do Nelson Rodrigues em uma única frase). Quis o destino ou o acaso que coubesse a mim, logo a mim -devedor nato, hereditário e até inadimplente-, ser o diretor-executivo pelo Brasil no Fundo exatamente nessa conjuntura. Qualquer um dos meus antecessores -Alexandre Kafka, Murilo Portugal ou Eduardo Loyo- desempenharia o papel de credor com mais categoria e convicção.
Só tenho uma coisa a dizer em meu favor: apesar de credor neófito, acho que preservo uma identificação autêntica com os devedores do FMI. Sei o que significa ser devedor dessa instituição e, dentro do que posso, empresto a minha voz aos países em crise, especialmente os pequenos e oprimidos (mesmo aos brancos de olhos azuis). Foi o que tentei fazer pela Islândia, por exemplo, que passou ontem pela Diretoria-Executiva do FMI.
Dizem que os mulatos podem ser os piores racistas. Que os cristãos-novos são os mais fervorosos. Que um credor neófito pode ser o mais linha-dura. Vamos tentar desmentir esses ditados.

Paulo Nogueira Batista Jr. é diretor-executivo no FMI, onde representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago).

Texto publicado no jornal Folha de S. Paulo, edição de 29/10/2009.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Perdemos na TV Digital, não podemos perder na Banda Larga

Postado no blog ANTITUCANO clique no link para visitar o blog

Primeiramente, gostaria de dizer que a série de posts sobre a queda nos Jornais do PiG irá continuar. Com a chegada da época de provas, não ando tendo tempo para pesquisar os assuntos relacionados à série.

No máximo, tenho acompanhado as tentativas desesperadas do Ministro das Comunicações Hélio Costa de, mais uma vez, fazer com que os interesses privados prevaleçam sobre os públicos: agora na questão da banda larga. E é justamente por isso que não é possível ficar calado, enquanto esse agente do lobby travestido de ministro de estado atenta contra o interesse público.

Perdemos uma chance histórica (e nem ficamos sabendo!) - O Brasil já perdeu uma chance histórica de eliminar o monopólio da informação (aquele que tira e põe presidentes - Plim Plim) na questão da TV Digital. Optamos por um padrão que em nada tem a ver com a realidade social dos brasileiros: o padrão japonês, que privilegia a qualidade de som/imagem em detrimento do número de canais no espectro.

Ora, num país em que 99% dos lares tem TV e rádio, e no qual grande parte da população tem esses meios como únicas fontes de informação (e até de educação), permitir que o espectro suportasse 40, 50 canais de Tv aberta, permitindo a criação de tvs regionais e rádios comunitárias, além da maior pluralidade de conteúdo, tudo isso seria uma verdadeira revolução silenciosa em nosso país. Fazer o contrário, seria um verdadeiro crime - como de fato foi.

Para se ter uma idéia, em uma única oportunidade vi este tema ser tratado com seriedade na Mídia: quando a Justiça impôs, como punição à Rede TV!, a exibição de alguns programas voltados à sociedade. Ali, um dos temas era a Tv e rádio digitais.

Depois disso, a mídia e os "canais livres" da vida fizeram muita firula: passavam horas discutindo a qualidade de imagem da nova tv, e como seria a fábrica que os japoneses "nos presenteariam". É quase como se o ministro e os "jornalistas" enfatizassem que estaríamos "levando uma vantagem" nessa transação com os japoneses. Apenas os 'prós' eram ressaltados, sobre o padrão de rádio e tv nipônico.

O principal, a discussão de qual o padrão mais adequado à realidade social brasileira, esta foi enterrada junto com os programas educativos que a Justiça obrigou a Rede Tv! a exibir no lugar do programa do João Kléber. Ao mesmo tempo, enquanto Hélio Costa aumentava a pressão pelo padrão que agradava aos empresários da comunicação; a ABERT - associação das rádios e Tvs - passou a anunciar na tv, mostrando como as rádios e tv´s no Brasil eram "boazinhas". Nem precisavam, a maioria da sociedade não pode ver o golpe que se passava naquele momento. A imprensa usou um de seus principais poderes: o de omitir. O padrão japonês foi aprovado às pressas e até hoje a maioria da sociedade não sabe o que perdeu com tal ato.

Eu não culpo o governo Lula. Naquelas circunstâncias de golpe que a Imprensa armava contra ele, não havia escapatória: era cumprir a extorsão dos grupos privados de rádio e tv ou tomar um impeachment (Collor sabe muito bem disso). E cá prá nós: democracia nenhuma sobrevive a 2 impedimentos em 20 anos. Nisso que pode ser chamado de golpe (a imposição do padrão japonês, pelas empresas de rádio e Tv), o ministro Hélio Costa teve um papel fundamental.

Lembro-me do ministro, para desviar o foco do assunto, dizer algo do tipo: "Agora nós precisamos ver essa questão da telefonia celular. É muito caro o minuto do celular no Brasil". Quem não se identifica com esse discurso? Muitos devem ter pensado: "é de políticos assim que o Brasil precisa!". A coisa foi conduzida de modo magistral pelo interesse privado, e o país perdeu uma chance histórica.

República ou Re'privada'? - Agora, o governo Lula pretende criar um plano de banda larga nacional, ressucitando a estrutura da Eletronet (empresa pública que foi privatizada e faliu) para levar internet "para onde a gente quiser", conforme as palavras do Presidente, e não para onde um Mercado monopolizado e preguiçoso quiser. O Brasil, como se sabe, tem a internet mais cara e a mais lenta do mundo, e que só chega até onde os monopólios da banda larga esperam obter altos lucros. Com tudo isso, podemos decretar: o mercado falhou.

Ao mesmo tempo em que a Casa Civil e o Presidente endossam o projeto que pode levar a uma benéfica concorrência no setor, o ministro Hélio Costa já começa a se movimentar (isso é preocupante!) e a dizer que "é absolutamente impossível expandir a banda larga sem os empresários". Não é preciso dizer de que lado Hélio Costa está, não?

Abaixo, coloco um vídeo do Secretário de Logística e Tecnologia da Informação, Rogério Santanna, que irritou Hélio Costa ao afirmar que os que criticam a entrada do Estado no mercado de banda larga são "órfão das privatizações". O Estado romperia com o marasmo no setor de banda larga e agiria de forma a criar um mercado mais competitivo. Costa defende que o Estado amplie a banda larga em cooperação (não concorrência) com as Teles.

De fato - e é justamente isso que tem me tomado tanto tempo nos estudos - conforme mostra a sociologia econômica, o mercado não é algo dado, mas sim uma construção social. O que esperamos que o governo Lula faça é justamente essa construção de um mercado mais competitivo nesse serviço essencial que é a banda larga. Afinal, se deixarmos apenas as "divinas forças da oferta e demanda" e os "egoísmos de indivíduos racionais" agirem, teremos o que já temos: a mais cara e lenta banda larga do mundo.

As poderosas Teles e Hélio Costa já estão se organizando. Dessa vez, nós não podemos perder esta batalha que é mais importante que a da Tv Digital. Se não acabamos com o monopólio da informação no episódio da TV Digital, acaberemos com este monopólio através da inclusão digital. Mas o sucesso desse projeto depende de uma opção política que privilegie o interesse público, e não os empresários das Teles. Para isso é necessário, tal como se fez na campanha "O petróleo tem que ser nosso" recentemente, conscientizar o máximo de pessoas possíveis.

Aos desanimados, vale lembrar: A pressão das pessoas através da internet fez com que o Congresso Nacional garantisse a liberdade plena dos usuários na rede - a Grande Imprensa não gostou nada nada. O novo marco regulatório do petróleo também saiu graças ao apoio virtual e das ruas! Não houve Texaco, não houve demo-tucano, não houve PiG que impedisse!

Por fim, hoje as condições políticas são mais favoráveis para que o governo endosse o interesse público nessa questão importantíssima da banda larga. Assim, penso que o Brasil está num momento de sua história que "ou vai, ou racha": ou nos tornamos uma República(*) e uma Democracia de verdade; ou é melhor pôr o chapéu e ir embora pra casa. Raramente um povo tem a chance de refazer um erro do passado. A Banda Larga universal é uma nova chance dada a nós de eliminarmos o maior desestabilizador de um regime democrático: o monopólio da comunicação.

Pior do que falhar na chance que se teve, é nem ficar sabendo que se teve a chance. Portanto: repasse, conscientize. O mínimo... já é muito!

Nova obra de Serra, a transposição do rio Tietê

Por TIA CARMELA E O ZEZINHO, visitem o blog,é hilário

Nova obra de Serra, a transposição do rio Tietê
22/10/2009

Enciumado com a repercussão da visita do usurpador da presidência da república às obras de transposição do rio S. Francisco, o Mais Preparado dos Gênios Nacionais, o governador Zezinho, resolveu anunciar uma obra mais espetacular, que mudará a geografia da cidade de S. Paulo e, por consequência, de todo o Brasil: a transposição do Rio Tiete

População do Alto de Pinheiros organizou festa para comemorar: agora não faltará mais água.

Em reunião ministerial de seu secretariado, o Mais Economista dos Economistas anunciou sua sapientíssima decisão. Após cinco minutos de aplauso, um momento de estupefação: um de seus assessores informou que essa obra já havia sido realizada há mais de 80 anos. O Mais Preparado dos Filhos da Terra reagiu, revoltado:
- Como assim? Você está louco? Eu acabo de ter esta idéia! E só eu poderia tê-la!!!
- Mas, ó Grande Governador deste Estado-Locomotiva, uma transposição do Tietê foi realmente feita pela Light,nos anos 20. Funciona assim: o curso do rio pinheiros, afluente do Tietê, foi canalizado e é invertido por usinas elevatórias. Com isso, muda de sentido e as águas do rio tietê são bombeadas através dele até as represas de Guarapiranga e Billings. De lá, elas caem serra abaixo até a usina Henry Border, em Cubatão.
- Que negócio é esse de serra abaixo? Você está fazendo piada comigo? Fora daqui!
- Mas… governador…
- Fora! Está demitido!

Apesar do constrangimento, o Governador Luminar deu ordem para que se iniciassem os trabalhos pela parte mais importante, ou seja, a propaganda. Imediatamente os assessores de comunicação do Engenheiro-Economista-Sábio mobilizaram-se.

Segundo nota da assessora de imprensa do Presidente de Nascença, sra. Miriam Cochonne, divulgada em seu programa na Rádio CBN, a nova obra significará a mudança de paradigma do saneamento, da política ambiental, da política educacional, do transporte, do desenvolvimento econômico e da cultura nacional. Ainda segundo a sra. Cochonne, a transposição do Rio Tietê, integrada à ampliação das avenidas marginais do rio, exigirá obras de engenharia de enorme envergadura e complexidade, e que apenas serão possíveis graças à enorme capacidade técnica e gerencial do Grande Engenheiro da Nação que governa o Estado.

Os complexos projetos da obra vazaram para a imprensa e são apresentados abaixo.

Os projetos da obra que vazaram para a imprensa:as linhas vermelhas e amarelas mostram a localização dos novos canais

No mapa acima, pode-se ver a rede de canais que será construída para transpor as águas do Rio Tietê para vários locais da cidade onde há falta d’água devido às dificuldades orçamentárias da SABESP. A companhia de saneamento paulista enfrenta escassez de recursos para investimentos, por conta de sua publicidade no Acre, essencial para o desempenho de sua missão.
A transposição do Tietê beneficiará o Nordeste



Mas o principal benefício da obra é o fato de que a água do Tietê servirá também ao Nordeste do Brasil, mostrando o amor e a generosidade do povo paulista para os nordestinos, como se pode ver no projeto ao que vazou para a imprensa, preparado pela assessoria cartográfica da Secretaria de Educação do Governo de São Paulo.

Na cerimônia de anúncio da obra, transmitida em rede nacional, ao lado de seu assessor para assuntos nordestinos, o sr. Dominguinhos, o Macro-Governador demonstrou todo o seu conhecimento e apreço pela Região Nordeste. Apresentou no mapa os canais pelas quais as águas Tietê seguirão até os estados da região para matar a sede dos famélicos nordestinos. Com isso, o Hiper-Governador pretende fazer com que os nordestinos possam ficar em confortável ociosidade em seus estados de origem, evitando que venham para São Paulo poluir a água do chafariz do Anhangabaú e abaixar a qualidade da educação do Estado.

Em uma singela homenagem ao falecido governador Mário Covas, o Ultra-Governador anunciou que a obra será denominada Complexo de Canais Transpositórios Mário Covas. Também as estações de bombeamento de água, no total de 171, serão chamadas Estação de Bombeamento Mário Covas 1, 2, 3 e assim por diante. Presente na homenagem, o filho do falecido governador, Zuzinha, comoveu-se com o anúncio e ao saber que os canais serão navegáveis e pedagiados. Abraçado ao emocionado filho de Covas, o senador Tasso imediatamente sacou de seu celular e iniciou negociações para a exploração das obras.

A nota desagradável do lançamento foi o amuamento do assessor de imprensa do Multi-Governador, o famoso jornalista Reinaldinho Cabeção. Consta que o famoso colunista magoou-se pelo fato da primazia do anúncio ter cabido à sra. Miriam Cochonne, por razões ignoradas. Mas, após um gesto do governador ordenando-lhe que lhe servisse um café, o sorriso voltou ao rosto do prócer do jornalismo pátrio.

Comentário da Tia Carmela: O Zezinho sempre gostou de brincadeira com água. Uma vez, quando ele era criança lá na Móoca, ele foi com os meninos jogar bola em um campinho que tinha perto do córrego Cassandoca, que ainda não tinha sido canalizado. Quando eles passaram por cima de uma pinguela sobre o córrego, que já era sujo porque jogavam esgoto nele, o Zezinho deu um empurrão no Raimundinho, filho do seu Severino, que era um pedreiro pernambucano que morava lá perto. O Raimundinho caiu naquela água suja e o Zezinho e os amiguinhos dele ficaram rindo e dizendo: agora não falta mais água pra vocês…

domingo, 1 de novembro de 2009

Enxergando o Brasil sem preconceito

Postado no ContrapontoPIG

Li na internet e transcrevo:

O QUE UMA ESCRITORA HOLANDESA FALOU DO BRASIL

Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil, realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos. Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado.
Só existe uma companhia telefônica e pasmem!: Se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.

Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne.

Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta.

Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador.

Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de 'Como conquistar o Cliente'.

Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos.

Vocês têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa.

Os brasileiros são vitimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc... Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para resgatar suas raízes culturais.

Os dados são da Antropos Consulting:

1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.

2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.

3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária.

4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.

5.. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.

6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.

7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando.

8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês.

Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.

10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO- 9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México, são apenas 300 empresas e 265 na Argentina.

11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos.

Por que vocês têm esse vício de só falar mal do Brasil?

1. Por que não se orgulham em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?

2. Que têm o mais moderno sistema bancário do planeta?

3. Que suas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

4. Por que não falam que são o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?

5. Por que não dizem que são hoje a terceira maior democracia do mundo?

6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

7. Por que não se lembram que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?

Por que não se orgulham de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando.

É! O Brasil é um país abençoado de fato.
Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos.

Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques.
Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente.
Bendita seja, querida pátria chamada Brasil!!

Divulgue esta mensagem para o máximo de pessoas que você puder. Com essa atitude, talvez não consigamos mudar o modo de pensar de cada brasileiro, mas ao ler estas palavras irá, pelo menos, por alguns momentos, refletir e se orgulhar de ser BRASILEIRO!!!

Larissa Ramina: Ascendência diplomática do Brasil



Postado em Carta Maior

Ascendência diplomática

Não há como negar, apesar dos protestos da mídia nativa de plantão. O Brasil acumula triunfos diplomáticos e está em caminhada ascendente rumo ao seu reconhecimento internacional, em escala regional e planetária.

Larissa Ramina

Na crise de Honduras, o Brasil está no protagonismo, assumindo o papel que era ocupado pelos EUA. Posicionou-se contra um golpe de Estado clássico, ao lado de toda a comunidade internacional, da ONU e da OEA, na defesa da democracia.

No hemisfério, impulsionou a criação da Unasul, que objetiva a integração da América do Sul e a emancipação do bloco, deslocando o foco de atenção da OEA, e afastando a interferência do país hegemônico. Trouxe para esse foro a discussão de questões que envolveram o Equador e a Colômbia. Paralelamente, concebeu o belíssimo projeto da Unila – Universidade da Integração Latino Americana, que pretende aprofundar os laços entre os povos latinos preservando sua diversidade cultural.

Em relação ao Irã, o Brasil defende para si o mesmo direito soberano daquele Estado de desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos, direito que, aliás, está previsto no Tratado de Não Proliferação Nuclear. E não se pode descartar o interesse comercial brasileiro envolvido. O Brasil pode ser o país com a maior reserva de urânio do mundo, uma vez que as futuras prospecções prometem alçá-lo do 7º para o 2º ou até 1º lugar no ranking mundial, resultando na independência energética do país e na futura condição de um dos maiores exportadores de urânio enriquecido no mundo. Por isso, defende para si o mesmo direito que defende para o Irã: o desenvolvimento em escala industrial de todo o ciclo do combustível nuclear, para fins pacíficos, sendo que este país estaria na mira como um potencial importador.

Na seara da proteção da pessoa humana, o Brasil foi eleito em 2007 para integrar o Conselho de Direitos Humanos da ONU, tendo sido o mais votado país da América Latina. Neste mês, votou nesse órgão a favor de uma resolução que exorta a apuração dos crimes cometidos durante o conflito na Faixa de Gaza, à revelia de fortes pressões contrárias.

No Conselho de Segurança, o Brasil acaba de ser eleito para um assento como membro não permanente, que ocupa pela segunda vez durante o atual governo, com apoio de 182 dos 183 países votantes. O mesmo Conselho prorrogou o mandato da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti - Minustah, que visa restaurar a paz e a segurança naquele país desde 2004. À frente do comando militar, o Brasil ganha a notoriedade que faz crescer seu prestígio no âmbito da ONU, e prepara-se para a conquista de um assento como membro permanente.

Na reformulação da arquitetura financeira global, o governo brasileiro angariou importante vitória com a formalização do G20, que substituiu o G8, como principal instância econômica internacional. No FMI, passou historicamente da condição de devedor para a de credor, e costura um acordo sobre a transferência de poder decisório na instituição, junto com Rússia, Índia e China. Acrescente-se seu bom desempenho após a crise mundial de 2008, a diminuição do risco de aqui investir e o crescimento de sua contribuição, junto com outros emergentes, para o crescimento do PIB global.

No âmbito comercial, o Brasil contribuiu ativamente para o enterro da Rodada de Doha, livrando os países em desenvolvimento da perpetuação de mais uma era de exploração comercial por EUA e Europa. No plano ambiental, é certo que terá papel importante no acordo sobre o clima que está por vir, em Copenhagen.

Tudo isso sem mencionar a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014 e do Rio de Janeiro como sede da 1ª Olimpíada da América do Sul, em 2016, duas indiscutíveis vitórias diplomáticas.

Estamos ascendendo rumo à reconstrução de uma nova ordem internacional, oxalá com distribuição mais equilibrada em termos de poder e de recursos. Nessa nova ordem, a diplomacia brasileira certamente terá papel de destaque - para o desgosto da imprensa brasileira, que esteve alinhada contra o Presidente Lula desde a campanha eleitoral de 2002.

LARISSA RAMINA é doutora em Direito Internacional pela USP e professora de Direito Internacional da UniBrasil.

A ESPERANÇA DE UM MUNDO NOVO...

Transcrito do blog OLHOS DO SERTÃO

O artigo de um juiz, recentemente publicado em jornal de grande circulação, transcrevendo uma sentença judicial, é de causar emoção nas almas mais insensíveis.

Seu artigo diz o seguinte:

"Indaga-me, jovem amigo, se as sentenças podem ter alma e paixão. O esquema legal da sentença não proíbe que tenha alma, que nela pulsem vida e emoção, conforme o caso.

Na minha própria vida de juiz senti muitas vezes que era preciso dar sangue e alma às sentenças.

Como devolver, por exemplo, a liberdade a uma mulher grávida, presa porque trazia consigo algumas gramas de maconha, sem penetrar na sua sensibilidade, na sua condição de pessoa humana?

Foi o que tentei fazer ao libertar Edna, uma pobre mulher que estava presa há oito meses, prestes a dar à luz, com o despacho que a seguir transcrevo:

A acusada é multiplicadamente marginalizada:

-Por ser mulher, numa sociedade machista...

-Por ser pobre, cujo latifúndio são os sete palmos de terra dos versos imortais do poeta.

-Por ser prostituta, desconsiderada pelos homens, mas amada por um Nazareno que certa vez passou por este mundo.

-Por não ter saúde.

-Por estar grávida, santificada pelo feto que tem dentro de si.

“Mulher diante da qual este juiz deveria se ajoelhar numa homenagem à maternidade, porém que, na nossa estrutura social, em vez de estar recebendo cuidados pré-natais, espera pelo filho na cadeia.”

É uma dupla liberdade a que concedo neste despacho: liberdade para Edna e liberdade para o filho de Edna que, se do ventre da mãe puder ouvir o som da palavra humana, sinta o calor e o amor da palavra que lhe dirijo, para que venha a este mundo, com forças para lutar, sofrer e sobreviver.

Quando tanta gente foge da maternidade...

Quando pílulas anticoncepcionais, pagas por instituições estrangeiras, são distribuídas de graça e sem qualquer critério ao povo brasileiro...

Quando milhares de brasileiras, mesmo jovens e sem discernimento, são esterilizadas...

Quando se deve afirmar ao mundo que os seres têm direito à vida, que é preciso distribuir melhor os bens da terra e não reduzir os comensais...

Quando, por motivo de conforto ou até mesmo por motivos fúteis, mulheres se privam de gerar, Edna engrandece hoje este Fórum, com o feto que traz dentro de si.

Este juiz renegaria todo o seu credo, rasgaria todos os seus princípios, trairia a memória de sua mãe, se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão.

Saia livre, saia abençoada por Deus... Saia com seu filho, traga seu filho à luz... porque a cada choro de uma criança que nasce é a esperança de um mundo novo, mais fraterno, mais puro, e algum dia cristão...

O despacho vem assinado pelo Meritíssimo Juiz João Batista Herkenhoff, livre-docente da Universidade Federal do Espírito Santo.

Expeça-se incontinenti

O Alvará de Soltura !!!

Ao ouvir o despacho desse magistrado, a esperança de um mundo novo e justo se desdobra à nossa frente.

Esperança de um dia as leis humanas se tornarem educativas e não punitivas.

Esperança de ver as sanções proporcionais às faltas cometidas.

Esperança de, num julgamento, ser levado em conta o passado de cada ser, sua infância, as possibilidades que teve de educação, de saúde, de carinho, de afeto. Enfim, esperança de que a humanidade atente para as leis de Deus e nelas baseie as suas.

Minha amiga, meu amigo:

Ao ler este artigo, podemos sentir a extrema humanidade e verdadeira justiça advinda deste homem digno e respeitável juiz. Isto nos faz crer que nem tudo esta perdido.

Alguns amigos próximos sabem que convivo com este problema das drogas a muitos anos e pouco se tem feito no sentido de minorar o sofrimento das famílias que possuem dependentes em seu meio. Os traficantes agem livremente comprando a muitos com seu dinheiro, destruindo milhares de famílias e ceifando milhares de vidas jovens e superlotando nossos presídios.

É preciso sim levar ao conhecimento de todos a extrema frieza com que a matéria é tratada.

Bom seria se tivéssemos seres humanos tão lúcidos e conscientes com este meritíssimo juiz nas varas criminais, assim teríamos uma verdadeira justiça onde os menos favorecidos pudessem também ser tratados como seres humanos e readquirissem o direito de plena defesa irrestrita.

Postado por olhosdosertão às 17:25

O vírus reacionário de SP


Por Eduardo Guimarães - Blog Cidadania,com



Fora do país há uma semana, só agora tomei conhecimento do caso da estudante de uma universidade paulista que, por usar um vestido considerado “curto demais” pelos colegas, foi agredida verbalmente pelos gritos histéricos de centenas deles enquanto saía do local escoltada pela polícia (?!!) como se fosse uma criminosa.

A imagem que vocês vêem acima, tem cerca de 50 anos. É dos anos 1960. Mesmo naquela época, o episódio nessa universidade desse Estado incompreensível em que se converteu São Paulo, seria difícil de acontecer. E o vestido da moça da foto é mais curto do que o da garota agredida meio século depois da “invenção” da minissaia.

Não sei o que está acontecendo com São Paulo. Será que a decadência econômica diante de Estados que progridem e crescem muito mais, como os do Nordeste, está enlouquecendo parcela tão expressiva da população paulista? Duvido que em qualquer outra parte do Brasil acontecesse coisa semelhante.

São Paulo vem regredindo politicamente, culturalmente e economicamente. Elegemos um governador e um prefeito que estão destruindo o Estado e sua capital. A vida não pára de piorar em São Paulo, e o povo se mostra incapaz de enxergar que é só em São Paulo.

Os paulistas estão assumindo a vanguarda do atraso nacional em todos os sentidos. Uma maioria descerebrada, manipulada por meios de comunicação como fantoche, idolatra cada vez mais políticos, jornalistas e apresentadores de tevê que se dedicam a insuflar mentalidades como as desses moços e moças que cometeram essa barbaridade.

Quando se vê, pelo Brasil afora, meia dúzia de filhinhos de papai espancarem empregadas domésticas, atearem fogo em mendigos adormecidos nas ruas, espancarem homossexuais até a morte, sabe-se que são exceções que podem ser encontradas em qualquer parte do mundo.

Todavia, quando se assiste ao vídeo dessa moça sendo atacada por centenas de vozes – de colegas da universidade e até de professores (!!) –, percebe-se que essa mentalidade não é exceção. Praticamente a universidade toda, com as honrosas exceções que se está vendo, compactuou com aquela barbaridade.

Claro que, diante da loucura que geraram, os reacionários mais notórios se assustam e tentam parecer indignados. Mas o que aconteceu na tal Uniban é produto da mentalidade deles.

O vírus reacionário paulista é uma ameaça. Não se pode deixar que se espalhe pelo país. Essa doença político-midiática que está infectando São Paulo precisa ser contida com o único remédio para esse tipo de enfermidade: doses cavalares de democracia.


Escrito por Eduardo Guimarães às 21h49

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