sábado, 13 de agosto de 2011

A exumação do discurso neoliberal na mídia (I)

Carta Maior :
"A exumação do discurso neoliberal na mídia (I)
A endogamia entre a mídia brasileira e as forças políticas do conservadorismo, uma parceria que impôs ao país uma agenda 'de reformas' para liberar os mercados e submeter a sociedade, não é um fato isolado e ocorreu em praticamente toda a América Latina. Em 2003, por exemplo, a revista Veja publicou uma edição especial saudando os 'campeões do neoliberalismo', Margareth Thatcher e Friedrich von Hayek.

Saul Leblon*

Em setembro de 2003, em edição especial de 35 anos, a revista Veja, por todos os motivos reconhecida como uma das trincheiras mais aguerridas da pregação neoliberal na mídia brasileira - sem menosprezar os predicados de inúmeros cronistas perfilados no mesmo bastião - dedicou-se a um balanço daquilo que anunciou como sendo: ' ... 35 anos da história do Brasil e do mundo contado a Veja por quem a fez'.

E quem a fez? De acordo com a revista da Abril, pelo menos no quesito ícones da economia, foram Margareth Thatcher, a Dama de Ferro, autora da pérola “Isso a que chamam sociedade não existe. O que existe são os indivíduos'; e o não menos preclaro militante do individualismo econômico e político Friedrich von Hayek, para quem o vale-tudo dos mercados era requisito para a liberdade humana.

Nesta segunda-feira, 13 de outubro de 2008, em que a Europa, liderada pela Inglaterra da ex-primeira Dama de Ferro, inaugura a maior intervenção estatal da história no sistema financeiro do continente e os mercados - ah , ingratidão...- reagem favoravelmente, é forçoso transcrever algumas passagens expressivas da homenagem feita por Veja a seus oráculos.

A endogamia entre a mídia brasileira e as forças políticas do conservadorismo, uma parceria que impôs ao país uma agenda 'de reformas' para liberar os mercados e submeter a sociedade, não é um fato isolado. Na América Latina tudo começou em março de 1975 quando o economista Milton Friedman aceitou um convite para se reunir com o ditador Augusto Pinochet. Dezoito meses antes desse encontro o Exército comando por Pinochet derrubara o governo democraticamente eleito do socialista Salvador Allende não hesitando para isso em bombardear o Palácio de La Moneda, no centro de Santiago, com aviões-caça da Força Aérea chilena. Santiago patinava em sangue e violência enquanto Friedman, um porta-voz da escola de Chicago, exortava Pinochet a destinar a truculência da ditadura para implantar no país a agenda da desregulação para os mercados e do tacape para a democracia.

No Especial de 2003 a revista Veja dedica a essas balizas com as quais intoxicou a subjetividade da classe média brasileira nas últimas décadas o título de: 'Os Campeões do liberalismo'. A seguir, trechos da sua apresentação para a entrevista com Margareth Thatcher e Friedrich von Hayek . Veja fala por si:

Os campeões do liberalismo (revista Veja, setembro de 2003)
'Margaret Thatcher é o melhor homem da Inglaterra.' A frase é do ex-presidente americano Ronald Reagan, com quem 'Maggie' formou uma dupla afinada. Quando ela assumiu o cargo, em 1979, a Inglaterra era a menos viável das nações industrializadas. Em onze anos e meio no poder, Thatcher privatizou furiosamente, peitou sindicalistas, encolheu o governo e recuperou a prosperidade dos ingleses. A receita de Maggie atraiu ira e admiração em doses descomunais. 'Se quiser que um político diga algo, chame um homem. Se quiser que faça, chame uma mulher', afirmava. Quando VEJA falou com ela em 1994, em Londres, o liberalismo à moda de Thatcher começava a ser copiado em diversas partes do mundo.
(...)

VEJA – Quem se opõe à privatização das estatais no Brasil costuma dizer que privatizar é pegar algo que é propriedade de todos e dar de presente a alguns.

THATCHER – Ninguém está dando nada a ninguém. A verdade é o contrário: em geral as estatais têm de ser subsidiadas com o dinheiro dos contribuintes. O governo não sabe administrar empresas, quase sempre o faz de modo inepto. Logo, logo a empresa está perdendo dinheiro, e o contribuinte tem ao mesmo tempo de comprar o que ela produz e pagar o prejuízo.

Crônica de uma vitória anunciada (Mais um texto da Veja)
'O economista Friedrich von Hayek foi entrevistado por VEJA em 1979, o ano em que Margaret Thatcher assumia o governo da Inglaterra. Mais que uma coincidência, o momento marca uma transição da teoria para a prática. Em 1944, Hayek lançou seu livro mais conhecido, 'O Caminho da Servidão', prevendo que a Inglaterra perderia sua posição de destaque no mundo caso insistisse em políticas intervencionistas. Foram necessários 35 anos para que os ingleses percebessem que o velho pensador estava certo.

Isso ocorreu quando Thatcher se incumbiu de soltar as amarras da economia britânica, colocando seu país novamente em velocidade de cruzeiro. O austríaco naturalizado inglês assistiu à vitória de seu pensamento. Acompanhou em vida o governo de Margaret Thatcher, que se tornou um exemplo para boa parte do mundo. Morreu em 1992, tendo assistido à queda do Muro de Berlim e ao esfarelamento da União Soviética. Hoje, governos de direita e de esquerda, de José María Aznar a Luiz Inácio Lula da Silva, baseiam suas políticas na idéia da qual Hayek foi o profeta e Thatcher, a executora: o liberalismo econômico'.





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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Blog do Briguilino: Adolescente desaparecida - Ajude

Blog do Briguilino: Adolescente desaparecida - Ajude: "Adolescente desaparecida - Ajude

Meus Caros Irmãos


(71) 8728-2636 1.2087846416@web52710.mail.re2.yahoo.com.jpg



ELA É A FILHA DO ENGENHEIRO JULIO CESAR FLORES BORRAZ DA ASSOCIAÇÃO REGIONAL DE COUTEIROS

POR FAVOR REENVIA, NÃO TE CUSTA QUASE NADA..! OBRIGADO.

Passe foto a todo o mundo, nunca se sabe......

Por favor, olha a foto, lê a mensagem de uma mãe desesperada e passa foto a todos seus contatos



Minha filha tem 13 anos, Ashley Flores, está desaparecida desde duas semanas. Pode acontecer que se todos passarem esta mensagem, alguma pessoa reconhecerá ela. Pessoas descobriram este método. Internet circula no mundo inteiro... por favor, passa esta mensagem a todos seus contatos. Graças a tudo isso pode-se achar minha menina.



Eu peço a todos, eu imploro a todos, por favor passe esta imagem a todas as possíveis pessoas. Ainda não é tarde por favor, me AJUDE. Sim se você tiver informação, contata-se com: HelpfindAshleyFlores@yahoo. só precisa de 2 minutos necessários para fazer circular esta mensagem. Se foss e seu filho você faria até coisa impossível para obter ajuda.

' Eis que estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos ' MT 28,20

www.misericordia.com.br

'O que ama o seu irmão permanece na luz e nele não há ocasião de queda.' (1 Jo 2, 10)






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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O Império contra-ataca

 Blog da Cidadania:


"O Império contra-ataca

Posted by eduguim on 09/08/11


“O documento resultou de muita reflexão, e sua matéria-prima foi a nossa experiência cotidiana de quase nove décadas. Levou em conta os nossos acertos, para que sejam reiterados, mas também os nossos erros, para que seja possível evitá-los”

O trecho em epígrafe foi extraído da declaração de “princípios editoriais” que o Jornal Nacional levou ao ar em sua edição do último sábado (6 de agosto). Essa iniciativa das Organizações Globo espalhou perplexidade entre amplos setores da sociedade. Contém padrões de conduta jornalística do império da família Marinho nos quais ninguém acredita. Ninguém. Nem os que dizem acreditar.

Muito já foi dito e escrito sobre essa aparentemente surpreendente iniciativa imperial. As pessoas se indignaram. Como pode o grupo empresarial de comunicação que não faz outra coisa além de manipular seu conteúdo jornalístico e enfiar ataques a inimigos políticos em novelas e programas humorísticos, dizer-se isento? É um acinte, dizem, escrevem e vociferam com a indignação dos justos.

Sim, é um acinte. E, como todo acinte, como toda a afronta, é proposital, pois a declaração de princípios da Globo se constitui em legítima bofetada no rosto daqueles que, por ora, foram “derrotados”, já que o Império midiático contra-atacou com a sua “Estrela da Morte” sorridente e colorida, essa esfera de hipocrisia que nos invade as casas dia após dia, noite após noite, há décadas e mais décadas.

O império contra-ataca. Ano passado, pensou-se que fora derrotado, que se chegaria ao início da nova década com uma comunicação democratizada. Para tanto, este blogueiro e milhares de cidadãos pelo país a fora se envolveram em conferências, encontros, palestras infindáveis discutindo a “democratização da comunicação”. Tudo à toa. O Império anulou os rebeldes.

Os projetos de lei para vetar o que é vetado em qualquer nação democrática, a concentração abusiva e antidemocrática da propriedade de meios de comunicação, entre outras propostas absolutamente razoáveis e difundidas em todo mundo, foram enterrados pelo mesmo governo que só conseguiu se eleger à revelia da “isenção” com que a Globo, agora, esbofeteia a sociedade.

Vejamos, então:

De lá para cá, constatou-se o poder de fogo do Império. Autoridades dos três poderes da República se perfilaram nos rega-bofes da corte midiática, com suas mulheres de cabelos de boneca e seus homens gorduchos, empanturrados de dolce far niente. Caem ministros, criam-se crises, manipulam-se políticas públicas e até direitos dos cidadãos.

Reputações são dizimadas, agricultores sem-terra – com suas mulheres, crianças e velhos – são transformados em criminosos e abatidos a tiros, corruptos e corruptores amigos são acobertados, padrões de beleza inatingíveis transtornam mulheres de carne e osso, a cor da pele e as feições da maioria esmagadora dos brasileiros são sonegadas na propaganda…

Foi para o lixo tudo o que se discutiu e se propôs sobre democratização da comunicação nos últimos anos, inclusive na Conferência Nacional de Comunicação da qual este blogueiro participou como delegado por São Paulo. Um evento que, aliás, custou dinheiro público. E do qual as propostas serão solenemente ignoradas.

Será que esqueci alguma coisa?

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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Blogosfera incomoda a Rede Globo

Altamiro Borges:
"Blogosfera incomoda a Rede Globo
Por Daniel Dantas, no blog De olho no discurso:

Ao acordar agora pela manhã me surpreendi com o nome Organizações Globo entre os Trending Topics Brazil. Fui olhar e... bingo. Rodrigo Vianna e a blogosfera progressista incomodam. Mais que isso: o cuidado da emissora indica que o escrevinhador estava bem informado.



Explico: Rodrigo publicou na sexta-feira à noite a informação, amplamente repercutida em toda a blogosfera, que havia uma determinação editorial de bater em Celso Amorim, nomeado ministro da Defesa. No dia seguinte, a Globo se vê obrigada em divulgar um documento que reúne os princípios editoriais de seus veículos de comunicação.

Houve reportagem no Jornal Nacional e em seus sites de notícias sobre o assunto, descrevendo normas e condutas que o grupo deve seguir com relação ao seu conteúdo jornalístico, como isenção, correção e agilidade.

É no mínimo curioso, para não falar em ridículo, a Globo falar em princípios como isenção, correção e agilidade. Ao ler isso, só posso me lembrar de 2006, na noite da sexta-feira, 29 de setembro, véspera da eleição em primeiro turno e, dia do acidente do Gol. Estava no Rio de Janeiro, em um curso, já havia quase três meses. Nos últimos quinze dias, praticamente, o tema que dominava a campanha entre o presidente Lula e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) era o dôssie com informações contra José Serra e outros tucanos que, supostamente, os envolviam com os irmãos Verdoin e o escândalo dos sanguessugas.

O dossiê vai sempre ficar no âmbito do supostamente, uma vez que ninguém se dispôs a investigar sua veracidade após a prisão dos petistas que estavam prontos a comprá-lo em um hotel de São Paulo. O presidente Lula os batizou de aloprados.

Acontece que o tema passou a monopolizar a eleição nos dias seguintes e houve uma pressão enorme para que a Polícia Federal divulgasse fotos do dinheiro - de impacto visual e eleitoral indubitável. Até que no dia 29, no início da tarde, o delegado Bruno, que havia feito a prisão em flagrante dos envolvidos, desvio um CD com fotos do dinheiro para a imprensa.

O avião da Gol desapareceu dos radares no fim daquela tarde. Era por volta das 18h quando as primeiras notícias sobre o avião desaparecido surgiram na imprensa. Lembro que voltei do curso para o hotel onde me hospedava, no centro do Rio. O Jornal Nacional daquele dia foi totalmente dedicado às fotos do dinheiro - afinal no domingo era a eleição e, tudo indicava, ainda era possível impedir uma vitória de Lula no primeiro turno. Logo após o jornal, no primeiro break da novela, entra um plantão do Jornal da Globo, com William Wack, informando o acidente da Gol.

Na semana seguinte, tive aula com profissionais de grandes veículos nacionais. Entre eles, uma editora do Jornal das Dez, da GloboNews. Eu mesmo perguntei como era a relação com a matriz no que se referia a furos: Era possível à Globo News furar a Globo? Ela deixou claro que não. E, espontaneamente, lembrou o acidente na última sexta-feira. Segundo ela, por volta das 19 h a Globo News já tinha tudo pronto para falar sobre o acidente. Mas havia uma ordem da direção para que nada fosse divulgado até que a Globo noticiasse.

Confesso que na hora ninguém fez uma leitura política do fato. Até que a Carta Capital mostrou como a Globo e Ali Kamel haviam manipulado o caso das fotos em detrimento à queda do avião - porque tinha seus interesses eleitorais, nada isentos ou corretos. E se fosse verdade a versão de Kamel, nenhum pouco ágeis. Afinal, segundo o diretor, a notícia do acidente somente chegou à Globo com o Jornal Nacional no ar. Fazia duas horas que a emissora filha já tinha material pronto para dar a notícia. Se levou duas horas para que a notícia passasse da Globo News para a TV Globo, a se tomar em consideração a versão oficial, a Rede Globo prova ser nenhum pouco ágil.

Mas não é o caso. Havia uma manipulação política dos fatos do dia para beneficiar a candidatura que apoiavam - Alckmin - em detrimento da candidatura do presidente Lula. Do mesmo modo que fizeram em 1989. De modo semelhante a agora, quando a direção editorial da tevê deu ordens de bater em Celso Amorim, conforme denunciou Rodrigo Vianna.

O episódio destaca que o que falamos na Internet pode provocar impactos e problemas para o mainstream da mídia. A Globo reagiu a uma informação publicada em blog por um ex-repórter seu que saiu por não se conformar com a forma parcial de cobertura da eleição de 2006. Essa informação circulou com bastante intensidade nos blogs e redes sociais. A tevê reagiu onde podia provocar mais impacto: até o Jornal Nacional foi convocado para lhe fazer a defesa. E o tema entrou no TTBr.

Mas, como lembra Luiz Carlos Azenha, que também conheceu por dentro as manipulações da Vênus Platinada, em 1989 a emissora também tinha seus príncipios para melhor se exerça a democracia:

A TV Globo também fez uma declaração de princípios, em 1989.

Foi na noite em que o Jornal Nacional transmitiu o resumo do debate eleitoral entre Fernando Collor e Lula, editado de tal forma a destacar as melhores falas de Collor e as piores de Lula.

Collor e Lula disputavam a presidência da República. Collor, com apoio da Globo, venceu a eleição.

Seguiu-se ao resumo do debate uma pesquisa do Vox Populi, então ligado a Collor, mostrando como Collor era “o melhor preparado”.

Então, Alexandre Garcia apareceu no vídeo para dizer:

“Nosso trabalho, como profissionais da televisão, foi e continuará sendo o que fez a televisão nesses dois debates. Manter aberto esse canal de duas mãos entre o eleito e os eleitores, para que melhor se exerça a democracia”.

Foi no mesmo ano em que a ex-namorada de Lula, Miriam Cordeiro, apareceu primeiro no Jornal Nacional e depois na propaganda de Collor dizendo que o ex-metalúrgico Lula tinha pedido a ela que abortasse e feito declarações racistas. Miriam recebeu dinheiro para fazer tais declarações.

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Jogador Ganso fará campanha contra divisão do Estado do Pará

Terra:
"Notícias » 


O jogador do Santos Paulo Henrique Ganso aceitou participar de uma campanha contra a divisão do Estado do Pará. O convite foi feito pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, que é nascido no Estado.

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Ganso, que também é paraense, deve formar, em conjunto com outras personalidades, a Frente em Defesa do Pará. Eles são contra a formação de dois novos estados, Tapajós e Carajás, dentro do atual espaço do Estado do Pará.

Segundo a assessoria do jogador, mais detalhes sobre de que maneira vai acontecer a participação ainda não estão acertados. Ganso deverá se reunir com a Frente quando voltar do amistoso da Seleção Brasileira, que acontecerá na próxima quarta-feira em Stuttgart contra a Alemanha.




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domingo, 7 de agosto de 2011

Trinta anos atrás hoje: o dia em que a classe média morreu

Carta Maior :

"Trinta anos atrás hoje: o dia em que a classe média morreu
Houve um tempo em que o povo trabalhador dos Estados Unidos podia criar uma família e enviar as crianças à faculdade com a renda de um só dos pais (e que as faculdades em estados como Califórnia e Nova York eram quase gratuitas). De um tempo em que quem quisesse ter um trabalho remunerado decente o teria; em que as pessoas só trabalhavam cinco dias por semana e oito horas por dia, tinham todo o fim de semana de folga e as férias pagas todo verão. Esse tempo terminou no dia 5 de agosto de 1981. O artigo é de Michael Moore.

Michael Moore

De tempos em tempos, alguém com menos de 30 anos irá me perguntar: “Quando tudo isso começou, o deslizamento da América ladeira abaixo?”. Eles dizem que ouviram falar de um tempo em que o povo trabalhador podia criar uma família e enviar as crianças à faculdade com a renda de um só dos pais (e que as faculdades em estados como Califórnia e Nova York eram quase gratuitas). De um tempo em que quem quisesse ter um trabalho remunerado decente o teria; em que as pessoas só trabalhavam cinco dias por semana e oito horas por dia, tinham todo o fim de semana de folga e as férias pagas todo verão. Que muitos empregos eram sindicalizados, de empacotadores em supermercados ao cara que pintava sua casa, e isso significava que não importava qual o seu trabalho, pois, por menos qualificado que fosse, lhe daria as garantias de uma aposentadoria, aumentos eventuais, seguro saúde e alguém para defendê-lo se fosse tratado injustamente.

As pessoas jovens têm ouvido a respeito desse tempo mítico – só que não é mito, foi real. E quando eles perguntam: “quando tudo isso acabou?”, eu digo: terminou neste dia: 5 de agosto de 1981.

A partir desta data, 30 anos atrás, o Grande Negócio e a Direita decidiram “botar para quebrar” – para ver se poderiam de fato destruir a classe média, e assim se tornarem mais ricos.

E eles se deram bem.

Em 5 de agosto de 1981, o presidente Ronald Reagan atacou todos os membros do sindicato dos controladores de vôo [PATCO – sigla em inglês], que tinha desafiado sua ordem de retornarem ao trabalho e declarou seu sindicato ilegal. Eles estavam de greve há apenas dois dias.

Foi um movimento forte e audacioso. Ninguém jamais tinha tentado isso. O que o tornou ainda mais forte foi o fato de que o PATCO foi um dos dois únicos sindicatos que tinha apoiado Reagan para presidente! Isso gerou uma onda de pânico nos trabalhadores ao longo do país. Se ele fez isso com as pessoas que votaram nele, o que fará conosco?

Reagan foi apoiado por Wall Street na sua corrida para a Casa Branca e eles, junto à direita cristã, queriam reestruturar a América e mudar a direção da tendência inaugurada pelo presidente Franklin D. Roosevelt – uma tendência concebida para tornar a vida melhor para o trabalhador comum. Os ricos odiavam pagar salários melhores e arcarem com os custos dos benefícios sociais. E eles odiavam ainda mais pagar impostos. E desprezavam os sindicatos. A direita cristã odiava qualquer coisa que soasse como socialismo ou que defendesse o reconhecimento de minorias ou mulheres.

Reagan prometeu acabar com tudo. Assim, quando os controladores de tráfego aéreo entraram em greve, ele aproveitou o momento. Ao se livrar de todos eles e jogar seu sindicato na ilegalidade, ele enviou uma clara e forte mensagem: os dias de todos com uma vida confortável de classe média acabaram. A América, a partir de agora, será comandada da seguinte maneira:

* Os super-ricos vão fazer muito, mas muito mais dinheiro e o resto de vocês vai se digladiar pelas migalhas deixadas pelo caminho.

* Todos devem trabalhar! Mãe, Pai, os adolescentes, na casa! Pai, você trabalha num segundo emprego! Crianças, aqui estão as suas chaves para vocês voltarem para casa sozinhas! Seus pais devem estar em casa na hora de pô-los para dormir.

* 50 milhões de vocês devem ficar sem seguro de saúde! E para metade das companhias de seguro: vão em frente e decidam quem vocês querem ajudar – ou não.

* Os sindicatos são maus! Você não será sindicalizado! Você não precisa de um advogado! Cale a boca e volte para o trabalho! Não, você não pode ir embora agora, não terminamos ainda. Suas crianças podem fazer seu próprio jantar.

* Você quer ir para a faculdade? Sem problemas – assine aqui e fique empenhado num banco pelos próximos 20 anos!

*O que é “aumento”? Volte ao trabalho e cale a boca!

E por aí vai. Mas Reagan não poderia ter levado tudo isso a cabo sozinho, em 1981. Ele teve uma grande ajuda: a AFL-CIO

A maior central sindical dos EUA disse aos seus membros para furarem a greve dos controladores de tráfego aéreo e irem trabalhar. E foi só o que esses membros do sindicato fizeram. Pilotos sindicalizados, comissários de bordo, motoristas de caminhão, operadores de bagagens – todos eles furaram a greve e ajudaram a quebra-la. E os membros do sindicato de todas as categorias furaram os piquetes ao voltarem a voar.

Reagan e Wall Street não podiam crer nos seus olhos! Centenas de milhares de trabalhadores e membros dos sindicatos apoiando a demissão de companheiros sindicalizados. Foi um presente de natal em Agosto para as corporações da América.

E isso foi só o começo. Reagan e os Republicanos sabiam que poderiam fazer o que quisessem, e o fizeram. Eles cortaram os impostos para os ricos. Tornaram a sua vida mais dura, caso quisesse abrir um sindicato no seu local de trabalho. Eliminaram normas de segurança do trabalho. Ignoraram as leis contra o monopólio e permitiram que milhares de empresas se fusionassem ou fossem compradas e fechassem as portas. As corporações congelaram os salários e ameaçaram mudar de país se os trabalhadores não aceitassem receber menos e com menos benefícios. E quando os trabalhadores concordaram em trabalhar por menos, eles exportaram os empregos mesmo assim.

E a cada passo dado nesse caminho, a maioria dos americanos estavam juntos, apoiando-os. Houve pouca oposição ou contra-ataque. As “massas” não se levantaram e protegeram os seus empregos, suas moradias e escolas (os quais costumavam ser os melhores do mundo). Simplesmente aceitaram seu destino e tomaram porrada.

Eu sempre me pergunto o que teria ocorrido se eles tivessem parado de voar, ponto, em 1981. E se todos os sindicatos tivessem dito a Reagan “Dê a esses controladores de voo os seus empregos de volta ou eles derrubarão o país”? Você sabe o que teria acontecido. A elite das corporações e seu boy, Reagan, teriam se dobrado.

Mas nós não fizemos isso. E assim, passo a passo, peça por peça, nos 30 anos seguintes aqueles que estiveram no poder destruíram a classe média em nosso país e, em troca, arruinaram o futuro de nossa juventude. Os salários permaneceram estagnados por 30 anos. Dê uma olhada nas estatísticas e você poderá ver que todo o declínio que estamos sofrendo agora teve seu início em 1981 (eis aqui http://www.youtube.com/watch?v=vvVAPsn3Fpk uma pequena cena para ilustrar essa história, do meu filme mais recente).

Tudo isso começou neste dia, há 30 anos. Um dos dias mais obscuros na história dos EUA. E nós deixamos que isso ocorresse a nós. Sim, eles tinham o dinheiro e a mídia e as corporações. Mas nós tínhamos 200 milhões de nós. Você já se perguntou o que seria se 200 milhões tivessem se enfurecido e quisessem seu país, sua vida, seu emprego, seu fim de semana, seu tempo com suas crianças de volta?

Nós todos simplesmente desistimos? O que estamos esperando? Esqueça os 20% que apoiam o Tea Party – nós somos os outros 80%! Esse declínio só vai terminar quando exigirmos isso. E não por meio de uma petição online ou de uma twittada. Teremos de desligar as tevês e os computadores e os videogames e tomar as ruas (como o fizeram no Wisconsin). Alguns de vocês precisam sair dos seus gabinetes de trabalho local no próximo ano. Precisamos exigir que os democratas tenham coragem e parem de receber dinheiro de corporações – ou as deixem de lado.

Quando será suficiente, o suficiente? O sonho da classe média não reaparecerá magicamente. O plano de Wall Street é claro: a América deve ser uma nação dos que têm e dos que nada têm. Isso está bem para você?

Por que não aproveitar hoje (05/08) para parar e pensar a respeito dos pequenos passos que você pode dar pela sua vizinhança e em seu local de trabalho, em sua escola? Há algum outro dia melhor para começar a fazer isso, que não seja hoje?

Tradução: Katarina Peixoto

Fonte
http://www.michaelmoore.com/words/mike-friends-blog/30-years-ago-today

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