SARAIVA 13
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- Sobre o episódio Xuxa
- Desrespeito aos direitos humanos não pode abrigar-se na liberdade de imprensa
- Charge Online do Bessinha: SUCESSO...
- Irmão do Roberto Civita já depôs em CPI para explicar corrupção do Grupo Abril
- Falta mais o que para Poli depor na CPI do Cachoeira?
- O rapaz pobre, "estuprador", e o jornalismo de esgoto, branco e rico
- Jornalistas na CPMI, por que não?
- CAIU A CASA DA VEJA - ADVOGADO DE ARAPONGAS CONFIRMA QUE ELES ABASTECIAM "IMPRENSA" ATENDENDO AOS INTERESSES DE CACHOEIRA
- Demóstenes sem testemunha. E o Civita?
- Se vão igualar Agnelo e Cabral a Perillo, faltam Serra e Kassab
- O samba continua doido, Magnoli também
- APOLÔNIO: 'Vale a pena Sonhar'
- Demóstenes revela: "fui abusado por Cachoeira"
- Mais uma do nosso Rupert Civita
- Os complexos meandros do Direito
- Dr. Roberto já depôs. Por que não depor de novo ?
- brindeiro Gurgel sentou em cima por "estratégia"
- O procurador não achou o que procurava, as respostas
- Conversa com a Presidenta: Governo investe para diminuir os efeitos da estiagem no semiárido, diz presidenta Dilma
- Charge Online do Bessinha: ...A CPI DEVERÁ CONVOCAR TAMBÉM...
- E num telejornal da Globo: 'Alemanha é um país que é considerado modelo quando o assunto é incineração'
- Desemprego diminui para 6% em abril, diz IBGE
- A repórter loira, o suposto negro estuprador e uma sequência nojenta
- Paulo Sérgio, alvo de deboche de Mirella Cunha, há dois meses sem advogado
- Assange entrevista – "Rafael Correa, presidente do Equador"
Posted: 24 May 2012 03:52 PM PDT
Sou fã de carteirinha do trabalho da Ministra Maria do Rosário. Já era sua admiradora antes mesmo dela ser ministra. Acompanho com admiração e entusiasmo o seu trabalho como parlamentar que trata, historicamente, de temas espinhosos na área de direitos humanos, a exemplo, dentre outros, do enfrentamento à homofobia, à exploração sexual de crianças e adolescentes e da sua luta pela apuração de abusos e violações dos direitos humanos ocorridos na época da ditadura. E sou fã de carteirinha também do trabalho desenvolvido na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em especial o da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente – SNPDCA, capitaneada bravamente pela Carmen Silveira de Oliveira e sua equipe e cujas ações de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes e do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, conheço mais de perto. O trabalho desenvolvido através destas ações tem mérito reconhecido em âmbito internacional pelo seu ineditismo e coragem e, no caso específico do PPCAAM, por exemplo, o governo brasileiro traz a público a dificílima discussão sobre a letalidade entre crianças e adolescentes, assunto este que nenhuma sociedade tem coragem de abordar, já que abordá-lo significar assumir a nossa negligência principalmente com as crianças e adolescentes pobres deste país e que são abatidos como bichos diariamente nas periferias das nossas grandes cidades.
Glória Perez deu visibilidade através do seu trabalho a temas cuja complexidade a sociedade brasileira só teria condições de compreender através das novelas, atingindo massivamente um grande público e propondo uma discussão inteligente a partir do entretenimento. Sua próxima novela, por exemplo, entre outros temas, vai abordar a questão do tráfico de pessoas. Glória Perez é uma ativista incansável junto às mães e familiares de vítimas de violência, e seu trabalho como ficcionista é compatível com uma prática que a legitima como figura fundamental na prevenção à violência no nosso país.
Há centenas de projetos e ações da maior importância na Esplanada dos Ministérios que a maioria das pessoas desconhece e isto é lamentável, ações maravilhosas, de impacto decisivo e que as pessoas que não estão diretamente envolvidas sequer suspeitam existir e isto também é lamentável. É da maior relevância, portanto, quando celebridades, artistas ou intelectuais assumem publicamente determinadas causas, principalmente as mais difíceis de tratar como as relativas ao abuso de crianças e adolescentes, outro tema que, como sociedade, gostaríamos de esquecer e silenciar, dada a magnitude do horror e do tamanho das providências que devemos, socialmente, todos, tomar. Este envolvimento, portanto, do maior número de atores sociais, na iniciativa que leve ao debate e á reflexão é bem vinda e aplaudida.
Xuxa Meneghel desde 2007 está firmemente engajada no apoio a campanhas governamentais, como "Não bata, eduque" ou como madrinha nacional da campanha contra exploração sexual de jovens, entre outros. Seu depoimento no Fantástico do domingo passado dividiu a opinião pública num grupo que a chama, nas redes sociais, de vadia, pedófila e oportunista, de um lado e do outro, por pessoas que a apoiam e são solidárias, tendo em vista a sua situação, sabemos agora, de adolescente e criança que foi molestada.
Diferentemente do trabalho de Gloria Perez e de outros artistas que apoiam campanhas e causas desta natureza, o que causa certo desconforto é que o trabalho de Xuxa Meneghel sempre propôs uma espécie de imbecilização da infância e da adolescência no nosso país, criando um equivocado e desastroso caldo de cultura desdobrado ad infinitum numa esteira de discípulos que ainda não termina de acabar. Incentivou através do seu trabalho tudo aquilo que as políticas governamentais combatem duramente, como o consumismo infantil, a sexualidade precoce das crianças, a superexposição midiática mulheres e das meninas, para não ir muito além.
Talvez seja este descompasso entre a prática e o discurso que traduza, na verdade, a desconfiança de muitos sobre o seu depoimento. O de um trabalho que nega, ali, no frigir dos fatos, todo o ideário de autonomia e legitimidade que estas políticas governamentais trouxeram para a vida das crianças e adolescentes de forma definitiva.
As ações governamentais para a infância e a adolescência que temos hoje no Brasil são soberanas, falam por si e estão implementadas em todo o país, algumas delas se constituem em referência internacional pelo seu ineditismo, consistência e ousadia. É ingênuo e equivocado pensar que o depoimento da Xuxa vai fazer com que as pessoas vão se tornar mais conscientes sobre a discussão sobre o abuso infantil, no mínimo porque a escolha do testemunho, dada a sua total falta de senso crítico e reflexão sobre o que realmente seja ser criança e adolescente neste país podem nos fazer pensar, antes de tudo, que a escolha da tal da rainha dos baixinhos para atender a esta demanda hercúlea, foi um colossal e desastroso engano.
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Posted: 24 May 2012 03:35 PM PDT
Nota oficial
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) torna público seu veemente repúdio à produção e exibição, no programa "Brasil Urgente", da TV Band Bahia, de entrevista que expõe à humilhação um jovem negro detido pela polícia, acusado de assalto e estupro. Programas policialescos, irresponsáveis e sensacionalistas não podem ser tolerados pela sociedade por se travestirem de produções jornalísticas. Na verdade, estes programas ferem os princípios e a ética do Jornalismo e configuram abuso das liberdades de expressão e de imprensa, por violarem os direitos constitucionais da cidadania.
A entrevista "Chororô na Delegacia: acusado de estupro alega inocência", veiculada no programa "Brasil Urgente", foi feita por Mirella Cunha, que não é jornalista profissional, na 12ª Delegacia de Itapoã. As atitudes da entrevistadora, que em nada segue a técnica e a ética jornalísticas, deixam evidente a intenção de constranger e humilhar o jovem detido. Diante da sua alegação de inocência da acusação de estupro e de sua disposição de submeter-se a exame pericial para comprová-lo, a entrevistadora debocha do jovem por ele não saber o nome do exame que poderia ser feito para compravar sua inocência e dá gargalhadas.
A entrevista ganhou repercussão nacional pelo YouTube, onde foi postada sob o título "Acusado de estupro quer fazer exame de próstata". A Band, diante da repercussão negativa na rede mundial de computadores, divulgou nota em que anuncia que "a postura da repórter fere o código de ética do jornalismo da emissora". Informações extraoficiais dão conta de que ela foi demitida.
A FENAJ defende, quando couber, a aplicação de medidas disciplinares aos profissionais do Jornalismo. Entretanto, a Federação dos Jornalistas alerta a sociedade brasileira para a necessidade de responsabilização das empresas da mídia, que definem os formatos de seus programas e os impõem aos profissionais e ao público.
Infelizmente, o caso em voga, registrado na Bahia, não se esgota em si. Práticas semelhantes ocorrem cotidianamente na produção pseudojornalística da grande imprensa – principalmente em programas popularescos de cobertura policial transmitidos em rádios e TVs –, ferindo a dignidade humana.
Diante de tamanho desrespeito aos direitos humanos e transgressão aos princípios do Jornalismo e à ética jornalística, cometidos não só pelos profissionais que se sujeitam a tais práticas, como também pelas empresas que as promovem e pelos agentes do Estado que cometem abuso de poder, a FENAJ reivindica do governo da Bahia a apuração dos fatos e das responsabilidades, no âmbito dos órgãos de segurança pública, e do Conselho Estadual de Comunicação medidas para coibir práticas semelhantes, acionando, no que couber, o Ministério Público Estadual e os poderes constituídos.
Brasília, 23 de maio de 2012.
Diretoria da FENAJ
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Posted: 24 May 2012 01:43 PM PDT
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Posted: 24 May 2012 01:39 PM PDT
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Posted: 24 May 2012 01:35 PM PDT
Dadá e Jairo Martins abasteciam imprensa com informações de interesse de Cachoeira, diz advogado
O advogado Leonardo Gagno --que defende o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, e o jornalista Jairo Martins de Souza --informou nesta quinta-feira (24) que os dois trabalhavam para o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, levantando informações e abastecendo veículos de comunicação.
Segundo o advogado, o interesse de Cachoeira no trabalho de Dadá e de Jairo Martins era "usar as informações no mundo dos negócios". "É notório que o interesse de Cachoeira era usar essas informações no mundo dos negócios. O Cachoeira é um negociante habilidoso. Penso que usava isso como arma de negociação", disse o advogado.
"O trabalho deles era pesquisar, saber das informações sempre referente a notícias. O Dadá levantava informações pelo perfil de servidor militar dele. [Jairo Martins de Souza] também investigava essas informações, até pelo perfil dele de jornalista investigativo. Eles são treinados para isso e são pessoas conhecidas no meio jornalístico", disse o advogado.
Os depoimentos de Dadá e de Jairo Martins estão previsto para hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira. No entanto, segundo a defesa, eles permanecerão calados.
Dadá foi flagrado em várias interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal e é acusado de ser espião do grupo. Além disso, ele é suspeito de arregimentar policiais federais, civis e militares para as atividades na organização criminosa. O inquérito da Polícia Federal também aponta que ele também atuava na promoção dos sites de aposta eletrônica da organização e nas frentes de fechamento de bingos rivais.
Cachoeira é investigado por comandar uma rede criminosa que cooptava agentes públicos e privados. Ele também é suspeito de liderar uma rede de jogos ilegais. Os inquéritos policiais apontam crimes de contrabando, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, peculato, violação de sigilo e formação de quadrilha que teriam sido praticados pelo grupo.
De acordo com Leonardo Gagno, Dadá e Jairo Martins disseram não ter conhecimento sobre as atividades ilegais de Cachoeira, apesar da relação de "amizade" e "profissional" existente entre eles. "A relação que existia entre Dadá, Jairo e Cachoeira era de amizade e profissional. Os dois trabalhavam no levantamento de informações. Quanto a atividades ilícitas, isso depende do ponto de vista da sociedade. O jogo é moral para nós, mas é ilegal no Brasil. Eles não tinham conhecimento de outras atividades do Carlos Cachoeira", defendeu.
O advogado negou ainda que Dadá e Jairo Martins teriam atuado no levantamento de informações por meios ilegais, como escuta clandestinas e vazamento de documentos sigilosos. "Eles não eram arapongas", disse. "Pelo que vi, essas informações não eram sigilosas, qualquer advogado, qualquer pessoa atuante pode ter oferecido essas informações a eles", destacou.Agência Brasil
Do Blog O TERROR DO NORDESTE. | ||||||
Posted: 24 May 2012 12:57 PM PDT
Escrevi recentemente um artigo para o Global Voices sobre o rapaz Paulo Sérgio, negro e pobre, humilhado em um programa da Bandeirantes da Bahia por uma jornalista branca e obviamente privilegiada, mas acredito que eu precise expressar minha opinião de forma ainda mais clara. E o faço a seguir.
No vídeo, Paulo Sérgio chora, se desespera, enquanto é chamado de estuprador - o que ele nega - mas, no fim, pouco importa. O desrespeito da repórter - e do programa, da Bandeirantes e da falta de regulação da mídia que o governo nega à sociedade - não é só ao rapaz, mas também à suposta vítima de estupro, pois se tivesse efetivamente sido estuprada estaria vendo o crime ser tratado como galhofa na TV.
Mesmo que um ladrão - e confesso, mesmo que sem julgamento - Paulo Sérgio não merecia ser tratado da forma que foi. aos criminosos a lei, a prisão, e não a humilhação pública sob a tese de que estaria "pagando" pelo que fez. Ser humilahdo e ter a vida destruída em público não é "pagamento", é tortura.
A jornalista, branca, bonita, com educação (em tese), não faz ideia, por exemplo, de onde vem Paulo Sérgio, do que passou. Não que isto, em si, desculpe atos criminosos, mas ao menos nos permite compreender parte do problema. E a própria jornalista não é a única culpada, mas sim um produto do jornalismo brasileiro atual, com felizes ecxeções, que busca apenas o entretenimento e que é capaz de transformar até o estupro (suposto) em uma forma de fazer rir.
Processo
O ministério Público da Bahia irá processar a jornalista... Mas só ela? Ela é culpada, claro, mas não é a única. Não saiu só de sua cabeça a ideia de humilhar o rapaz, mas este é o mote do programa da qual faz parte, assim como de vários outros, e de sua rede de TV. Não partiu dela unicamente a iniciativa de humilhar o rapaz, ou qualquer pessoa em situação semelhante, mas é a regra deste tipo de programa, incentivado por seus diretores e donos de TV.
Não faltam jornais que pingam sangue, com closes grotescos de vítimas - inocentes ou não - que tratam o ser humano como lixo sem respeito por sua dignidade e pelos direitos humanos. Na TV a mesma coisa.
Não adianta punir (apenas) a jornalista, reclamar do programa e dar um tapinha na cabeça da Band a título de "não façam mais isso, ok?". É preciso ir atrás da concessão da rede, realmente causar algum dano, ameaçar de forma que haja uma mudança. Da forma como tudo acontece hoje, a rede finge que reconehceu o erro e o repete na semana seguinte. E é isto mesmo que acontecerá, já que a Band ameaça demitir a jornalista, mas não comenta sobre o nojo que é seu programa e dificilente mudará alguma coisa.
E não podemos nos esquecer da conivência de agentes do Estado - policiais - e do governo da Bahia por permitir que um canal de TV entre da forma como fazem em delegacias para humilhar presos, que estão sob a tutela e responsabilidade do Estado.
Comédia versus jornalismo
Será que teremos no futuro repórteres fazendo paidas de desastreas aéreos? Já temos o CQC, cujos comediantes se auto-declaram "jornalistas", mas são repudiados por muitos dos verdadeiros trabalhadores de jornais, rádios e TV's, pois não exercem a profissão com ética e dignidade, mas transformando tudo numa grande piada. E, infelizmente, os policialescos que pipocam pela TV fazem um serviço semelhante, mas adicionando a degradação social no hall da comédia.
Trata-se de um jornalismo feito pela elite e para as elites, para que estas possam rir da desgraça alheia, de onde não querem se aproximar. Estereotipam a periferia, aplaudem a violência contra o pobre, contra o negro, criminalizam as lutas e tem medo, pavor, de que haja uma reação capaz de subverter essa realidade. É o serviço oficial da elite para manter seus privilégios e manipular mesmo - ou especialmente - aqueles "do andar de baixo" para que aceitem sua posição.
Oras, riam de sua desgraça e da de seus semelhantes. Mas façam isso em casa.
A Confecom aconteceu há anos, o Ministério das Comunicações não se moveu desde então e a farra continua.
Manipulação é a regra
Um jornalismo emancipatório, crítico, faria com que houvesse ação, revolta, talvez até mudanças. Uma regulação da mídia, impondo a ética e punindo coisas grotescas como programas policalescos onde as vítimas são ridicularizadas tanto quanto os que as vitimam em um show de horrores em busca de ibope, apavora os donos do poder, que perderiam seu principal instrumento de doutrinamento e controle.
É interessante que na mesma semana em que surge este caso - apesar do vídeo não ser exatamente novo - tenhamos (com seus respectivos limites de comparação e tamanho, claro) por exemplo um jornalista da Globo chamando de 'babaca" um jogador que se recusou a participar de um quadro do principal dominical da rede. Ao fazer 3 gols, Herrera, do botafogo, teria "direito" a pedir uma música no programa. E se recusou, dando a entender que achava uma tolice.
E é de fato uma tolice. Em seu direito de se recusar a participar involuntariamente de um programa de TV, Herrera despertou a ira daqueles que tomam o jornalismo (seja o policial, o esportivo ou qualquer outro) como simples entretenimento, até mesmo humor. Me recordo de quando um jogador de futebol americano ao fazer 3 touchdowns pediu uma música de uma banda de metal extremo em outro programa da mesma Globo, mas editaram o vídeo fazendo aprecer que ele pedira o de uma cantora qualquer, porque o metal, talvez, fosse demais para os ouvidos do pobre telespectador e, afinal, a cantora era parte do cast era da gravadora da... Globo!
A manipulação é clara, a falta de ética mais clara ainda.
É um exemplo que parece não ter relação, mas mostra como é fácil e comum a manipulação da mídia, a falta de ética e como tudo fica impune, apesar do governo ter noção do que acontece. Mas nada faz.
Em São Paulo, estamos no meio de uma greve do Metrô e trens e em todos os jornais não ouvimos a voz ou não lemos a opinião de nenhum metroviário, apenas do governador e de seus imediatos. Não há espaço para as reividnicações dos trabalhadores, apenas para a criminalização da greve através de frases como "São paulo está um caos" e afins. Esta é a regra. A voz dos patrões frente o resto.
A mídia faz o que quer, como quer e nada a impede.
Não se trata, porém, apenas de regular a mídia, de impor limties éticos, mas de se investir em educação, em cultura. Há quem consuma este lixo, há uma retroalimentação. Esta que só pode mudar com conscientização, com longo trabalho de ensinar direitos humanos, com educação de qualidade e emancipatória e a intenção de mudar a sociedade.
Raphael Tsavkko GarciaNo Blog do Tsavkko - The Angry Brazilian
Postado por zcarlos às 5/24/2012 03:53:00 PM0 comentários
Marcadores: Bahia, Dignidade, Imprensa, jornalismo, Manipulação da Mídia, Preconceito, Racismo, Rede Bandeirantes
Também do Blog COM TEXTO LIVRE.
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Posted: 24 May 2012 12:48 PM PDT
A possibilidade de convocação de jornalistas e/ou empresários de mídia para depor na CPMI do Cachoeira provocou uma unânime reação contrária da grande mídia brasileira. O argumento principal é de que jornalistas e/ou empresários de mídia não poderiam se submeter ao constrangimento de serem questionados publicamente por deputados e senadores. Afinal, políticos constituem alvo permanente do "jornalismo investigativo". E, claro, a convocação representaria uma perigosa ameaça às liberdades de expressão e da imprensa.
Da relação inicial de pessoas convocadas a depor na CPMI, aprovada na reunião do dia 17 de maio, não constam jornalistas nem empresários de mídia.
Há relatos de que ações de bastidores foram realizadas por altos executivos dos grupos Globo e Abril junto a partidos políticos e parlamentares, inclusive com ameaças de retaliação política, caso fossem convocados os suspeitos de relações promíscuas com o esquema criminoso. Dois dos principais grupos de mídia brasileiros considerariam inaceitável a convocação de jornalistas e/ou empresários – independente das comprometedoras conversas telefônicas já conhecidas – entendida como "um precedente perigoso para o futuro" e "uma verdadeira humilhação para toda a classe" (ver aqui).
Estarão corretos os argumentos e será que os temores alegados se justificam?
Última Hora e TV Globo
Em países de tradição democrática consolidada, a convocação de jornalistas e/ou empresários de mídia para esclarecer suspeitas relativas a atividades empresariais e ao exercício profissional, em comissões no parlamento e em inquéritos policiais, não só tem sido feita como não é considerada constrangimento ou ameaça. Ao contrário, a convocação é entendida como servindo ao interesse público e à democracia e é aplaudida, inclusive, pela mídia tradicional.
O melhor exemplo disso é o que está acontecendo na Inglaterra em relação à investigação do grupo News Corporation, tanto na Câmara dos Comuns, quanto no Inquérito Levinson (ver "As diferenças entre Brasil e Inglaterra").
Aqui mesmo na Terra de Santa Cruz, ao contrário do que alega a grande mídia, há pelo menos dois precedentes importantes: a CPI da Última Hora, em 1953 e a CPI Globo x Time-Life, em 1966.
Na CPI da Última Hora, sugerida ao presidente Getúlio Vargas pelo próprio Samuel Wainer com o objetivo de investigar as operações de crédito realizadas entre o Grupo Wainer e o Banco do Brasil, foram convocados os jornalistas Samuel Wainer e Carlos Lacerda, que prestaram dois depoimentos transformados, respectivamente, nas publicações Livro branco contra a imprensa amarela e Preto e branco (ver aqui).
Na CPI Globo x Time-Life, criada "para apurar os fatos relacionados com a organização Rádio e TV e jornal O Globo com as empresas estrangeiras dirigentes das revistas Time e Life", foram convocados, dentre outros, Rubens Amaral, ex-diretor geral da TV Globo; Joseph Wallach, assessor técnico de grupo Time-Life junto a TV Globo; Robert Stone, correspondente do grupo Time-Life no Brasil; Walter Clark, diretor-geral da TV Globo; João Calmon, dos Diários Associados e presidente da Abert; e o diretor presidente da TV Globo, "doutor" Roberto Marinho, que além de prestar depoimento por duas horas ininterruptas, submeteu-se ainda a longuíssimo questionamento (cf. Projeto de Resolução nº 190 de 1966 [Relatório Final], publicado no Diário do Congresso Nacional I, Suplemento B, em 12/1/1967, pp. 1-79; ver ainda, neste Observatório, "Para ver a TV Globo").
Interesse público e democracia
É verdade que lá se vão várias décadas, as circunstâncias políticas, a composição da Câmara dos Deputados, a identidade doutrinária dos partidos e as motivações eram outras. De qualquer maneira, não se justifica o argumento do "precedente" alegado pelos executivos da grande mídia: no passado, o Congresso Nacional convocou e tomou depoimentos de jornalistas e empresários de mídia em Comissões Parlamentares de Inquérito.
Quando se trata de esclarecer práticas, identificar autores e propor medidas de proteção para salvaguardar o interesse público e a democracia, os únicos critérios que devem prevalecer para a convocação ou não de qualquer cidadão para depor em uma CPI são a existência fundada de suspeitas de atividades criminosas.
A observância desses critérios é o que se espera dos membros da CPMI do Cachoeira na medida em que o trabalho avance e que, eventualmente, surjam informações complementares confirmando a necessidade de convocação de jornalistas e/ou de seus patrões. Por que não?
Venício A. de Lima, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, entre outros livros, de Regulação das Comunicações – História, Poder e Direitos; Paulus, 2011
No Observatório da Imprensa | ||||||
Posted: 24 May 2012 12:39 PM PDT
E POLICARPO JR. ESTÁ DEBAIXO DOS ESCOMBROS
Se advogado já confessou, por qual motivo os seus clientes ficariam calados ? E se a as informações que abasteciam a imprensa eram as de interesse de Cachoeira, qual o interesse da "imprensa" em publicar ? É evidente que o advogado negue que os dois arapongas sabiam das atividades ilícitas de Cachoeira, negue que eles sejam "espiões tupiniquins" e que tenham conseguido imagens e gravações através de ações ilegais, e os oriente a ficar calados na condição de indiciados e depoentes na CPMI. Mas, ao revelar a parte de que eles por ordens de Cachoeira repassavam informações para a imprensa publicar (QUAL SERÁ O VEÍCULO DA IMPRENSA QUE SE PRESTAVA PARA ESSE PAPEL SUJO ?) uma parte da verdade, a parte que interessa para a defesa dos arapongas é "jogada no ventilador", como forma de "colocar a batata de outros para assar", iniciando a fissura, que em breve será uma rachadura, nas relações entre os vários elos criminosos da organização.
Atenção para essa frase: "O Cachoeira é um negociante habilidoso. Penso que usava isso como arma de negociação" - Advogado Leonardo Gagno
Dadá e Jairo Martins abasteciam imprensa com informações de interesse de Cachoeira, diz advogado.
24/05/2012
Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O advogado Leonardo Gagno – que defende o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, e o jornalista Jairo Martins de Souza – informou hoje (24) que os dois trabalhavam para o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, levantando informações e abastecendo veículos de comunicação.
Segundo o advogado, o interesse de Cachoeira no trabalho de Dadá e de Jairo Martins era "usar as informações no mundo dos negócios". "É notório que o interesse de Cachoeira era usar essas informações no mundo dos negócios. O Cachoeira é um negociante habilidoso. Penso que usava isso como arma de negociação", disse o advogado.
"O trabalho deles era pesquisar, saber das informações sempre referente a notícias. O Dadá levantava informações pelo perfil de servidor militar dele. [Jairo Martins de Souza] também investigava essas informações, até pelo perfil dele de jornalista investigativo. Eles são treinados para isso e são pessoas conhecidas no meio jornalístico", disse o advogado.
Os depoimentos de Dadá e de Jairo Martins estão previsto para hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira. No entanto, segundo a defesa, eles permanecerão calados.
Nota do blog: Eles ficaram calados e a sessão da CPMI foi suspensa http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-05-24/sargento-e-jornalista-optam-por-permanecer-calados-em-cpmi
Dadá foi flagrado em várias interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal e é acusado de ser espião do grupo. Além disso, ele é suspeito de arregimentar policiais federais, civis e militares para as atividades na organização criminosa. O inquérito da Polícia Federal também aponta que ele também atuava na promoção dossites de aposta eletrônica da organização e nas frentes de fechamento de bingos rivais.
Cachoeira é investigado por comandar uma rede criminosa que cooptava agentes públicos e privados. Ele também é suspeito de liderar uma rede de jogos ilegais. Os inquéritos policiais apontam crimes de contrabando, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, peculato, violação de sigilo e formação de quadrilha que teriam sido praticados pelo grupo.
De acordo com Leonardo Gagno, Dadá e Jairo Martins disseram não ter conhecimento sobre as atividades ilegais de Cachoeira, apesar da relação de "amizade" e "profissional" existente entre eles. "A relação que existia entre Dadá, Jairo e Cachoeira era de amizade e profissional. Os dois trabalhavam no levantamento de informações. Quanto a atividades ilícitas, isso depende do ponto de vista da sociedade. O jogo é moral para nós, mas é ilegal no Brasil. Eles não tinham conhecimento de outras atividades do Carlos Cachoeira", defendeu.
O advogado negou ainda que Dadá e Jairo Martins teriam atuado no levantamento de informações por meios ilegais, como escuta clandestinas e vazamento de documentos sigilosos. "Eles não eram arapongas", disse. "Pelo que vi, essas informações não eram sigilosas, qualquer advogado, qualquer pessoa atuante pode ter oferecido essas informações a eles", destacou.
"Dadá foi treinado na Presidência [da República] e na Abin [Agência Brasileira de Informação] para detectar escutas ambientais e telefônicas. Essa história de que ele é um araponga, que mantinha grampos, não é verdadeira", destacou.
Edição: Talita Cavalcante
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Posted: 24 May 2012 12:34 PM PDT
Do Blog do Miro - 24/5/2012
Por Altamiro Borges
O ex-demo Demóstenes Torres já está no inferno. Ele não conseguiu sequer testemunhas de defesa para as audiências do Conselho de Ética do Congresso Nacional. O mafioso Carlinhos Cachoeira, tão chegado do senador, negou o seu convite para depor. Já o advogado Ruy Cruvinel anunciou ontem que também não irá, "em consideração à família" e por "optar por sua privacidade".
No Conselho de Ética já é dado como certo o pedido de cassação do mandado do ex-líder do DEM no Senado. Há risco, inclusive, de que ele seja imediatamente levado para a cadeia. Desta forma, dois famosos demos teriam visitado o presídio – antes dele, o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, cotado para ser o "vice-careca" de José Serra, também passou alguns dias na cadeia.
Mas os advogados de Demóstenes Torres ainda podem acionar outras testemunhas de defesa. Eles até poderiam convidar o capo da "prestigiada" revista Veja, Bob Civita. Durante muitos anos, o ex-demo foi a principal fonte da revista. Ele era apresentado como um "mosqueteiro da ética", um oposicionista firme e impoluto. Civita também poderia escalar o seu editor, o Policarpo Jr., que conhece bem o submundo do crime, e alguns calunistas de aluguel para defenderem o pobrezinho do ex-demo.
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Posted: 24 May 2012 12:29 PM PDT
Do Blog Cidadania - 24/05/12
Eduardo Guimarães A mídia demo-tucana é viva, há que reconhecer. Está tendo algum sucesso em confundir o público para livrar a cara dos dois principais envolvidos no esquema de Carlinhos Cachoeira: a revista Veja e o governador Marconi Perillo. Globo, Folha, Estadão, Veja e certa "esquerda" vão minando a credibilidade da CPI do Cachoeira com bobagens: 1) Dizem que estaria sendo "a mais demorada da história" – a investigação começou não faz nem um mês –, como se rapidez fosse sinônimo de apuração séria e apesar de a Comissão ter prazo de 180 dias para funcionar, os quais podem ser prorrogados por mais 180. 2) Dizem que a CPI está virando "pizza" porque não vai – ou não ia – igualar os governadores Agnelo Queiroz e Sergio Cabral a Marconi Perillo, como se houvesse contra estes um milésimo do que há contra o governador goiano. 3) Estão popularizando como bordão a frase estúpida do SMS do petista Cândido Vaccarezza de tal forma que até petistas desandaram a repeti-la a cada 30 segundos, ajudando a nivelar Perillo a Agnelo e Cabral. Veremos essa frase na mídia durante anos, por conta disso. 4) Agora, a Folha de São Paulo pegou pra Cristo uma assessora de gabinete do presidente da CPI, Vital do Rego, para estigmatizar ainda mais a CPI, o que mostra que a mídia está em busca de elementos contra os investigadores em vez de se interessar pelos verdadeiros investigados. Tudo isso é pressão, é para não haver convocação da Veja e para deixarem Marconi Perillo em paz. Sem a revista e o governador tucano, a CPI desaba e a mídia sai do processo revigorada, discursando contra quem dirá que quis "ameaçar a imprensa livre". Com seu principal governador e o presidente da CPI no olho do furacão, espanta que o PMDB não reaja. Claro que parcela relevante do partido é tucana, mas a maioria não é, tanto que aprovou a aliança com o PT. A mídia, no entanto, está triturando o PMDB e este reluta em reagir. Vai aqui, então, uma ajudinha à CPI para não se deixar trucidar pela mídia e pela ingenuidade de certa militância dita "de esquerda". Se querem igualar Agnelo e Cabral a Perillo apesar de só haver uma ou duas menções inconclusivas contra o primeiro nas escutas da Polícia Federal e de não haver uma mísera menção a Cabral, por que o ex-governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab estão de fora do rol de convocações de aliados do governo federal que a mídia e a oposição exigem? Vamos refrescar algumas memórias. A CPI do Cachoeira já teve acesso a conversas telefônicas gravadas com autorização judicial entre junho do ano passado e janeiro deste ano. As escutas mostram que a construtora Delta foi favorecida por José Serra durante seu mandato de governador e pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Por exemplo: em janeiro último, Carlinhos Cachoeira telefona para o diretor da Delta Cláudio Abreu e pergunta se ele teria conversado com o então dono da empreiteira, Fernando Cavendish, sobre "O negócio do Kassab". Em seguida, diz que o prefeito de São Paulo "triplicou o contrato". Esse fato é de amplo conhecimento dos membros da CPI e do Ministério Público de São Paulo. Veja, leitor, os diálogos que fizeram o Ministério Público paulista abrir inquérito e que estão sob escrutínio da CPI A Delta começou a atuar em São Paulo em 2005, quando Serra assumiu o comando do município. Naquele momento, os contratos com o governo paulistano somavam R$ 11 milhões. Em 2006, quando Serra deixou a prefeitura e se elegeu governador, os negócios se multiplicaram sem licitação. Em 2010, os R$ 11 milhões já tinham virado R$ 36,4 milhões. Entre 2008 e 2011, a Delta abocanhou R$ 167 milhões em São Paulo. A CPI e o Ministério Público de São Paulo, porém, estão atentando muito mais para o fato de a Delta ter vencido, ano passado, uma concorrência para limpeza urbana em São Paulo no valor de R$ 1,1 bilhão. O MP abriu inquérito, inclusive, devido à existência de documentos falsos e de um edital aparentemente dirigido. "Se a Delta cometeu essas irregularidades em outros Estados e municípios, precisamos apurar se isso ocorreu também em São Paulo", diz o promotor Silvio Marques, do Patrimônio Público. Há muito mais contra Serra e Kassab do que contra Agnelo e Cabral. Por exemplo: em conversa gravada com autorização judicial em agosto do ano passado, um homem identificado como "Jorge" pergunta a Gleyb Ferreira, membro da quadrilha de Cachoeira, se o edital de uma licitação em São Paulo "evoluiu". A quadrilha disse que aguardava "Estar com o edital" naquele dia "à tarde" e que Cachoeira queria que os comparsas conversassem com o Heraldo Puccini Neto, representante da Delta na região Sudeste, pois estava conseguindo "Uma prorrogação com o secretário". A Polícia Federal garante que o diálogo se refere a uma concorrência de R$ 1,1 bilhão com o governo de São Paulo e que foi vencida pela empresa ligada ao bicheiro. A Delta também conseguiu negócios suspeitos com o governo do Estado de São Paulo, então sob administração de Serra. Durante o mandato do tucano, a construtora recebeu R$ 664 milhões do governo paulista. O valor corresponde a 83% de todos os 27 convênios firmados pela Delta com o Estado de São Paulo na última década. A obra sobre a qual se concentram as suspeitas é a de ampliação da Marginal Tietê. Além de atrasos e falta de compensação ambiental na obra, o valor pago à Delta aumentou 75% após ela ter vencido a licitação. Ou seja: a empreiteira venceu a licitação com preço mais baixo e depois fez um acerto com o governo do Estado para aumentá-lo. O Ministério Público de São Paulo instaurou Inquérito para apurar a existência de irregularidades na licitação, superfaturamento e conluio entre agentes públicos do governo de São Paulo, mais especificamente por Delson José Amador e Paulo Vieira de Souza, este conhecido como Paulo Preto, que, durante a eleição de 2010, notabilizou-se como um dos arrecadadores de doações eleitorais a Serra. Paulo Preto e Amador foram alvos da Operação Castelo da Areia, da Polícia Federal, por envolvimento com empreiteiras. Entre os envolvidos da Delta com a aparente negociata com o governo de São Paulo está o diretor da empreiteira para a região Sudeste, Heraldo Puccini Neto, que está foragido após ter a prisão preventiva decretada. Na disso, porém, saiu em qualquer outro veículo da grande imprensa. Não passa um dia sem que Globo, Folha de São Paulo, Estadão ou Veja equiparem supostas evidências contra Agnelo Queiroz e Sergio Cabral à montanha de evidências que pesa contra Marconi Perillo, mas Serra e Kassab jamais são mencionados. Aliás, para não ser injusto, há que reconhecer que nem os militantes ditos "de esquerda" que se dizem preocupados com a "blindagem" de Cabral e com o SMS do Vaccarezza têm cobrado que Serra e Kassab sejam nivelados a Perillo como está ocorrendo com os governadores de Brasília e do Rio de Janeiro. Não ponho a mão no fogo por nenhum desses aí. A Delta celebrou contratos com 21 Estados, com uma imensidão de municípios e até com o governo federal. Apoiarei, portanto, uma CPI da Delta. Acho até necessária. Agora, transformar a CPI do Cachoeira em CPI da Delta ou do SMS do Vaccarezza, é inaceitável. Mas se querem mesmo fazer isso, então vamos chamar todo mundo para depor, desde que esse "todo mundo" envolva Serra e Kassab. Todavia, essa será a melhor forma de ajudar Veja e Perillo, contra os quais pesam elementos muito mais graves no âmbito das Operações Vegas e Monte Carlo. Para investigar seriamente o esquema Cachoeira, o correto seria focar nos principais envolvidos e deixar os contratos da Delta com todas essas administrações municipais, estaduais e federal para outra investigação. A recomendação deste blog à parcela da CPMI do Cachoeira que quer apurar alguma coisa, portanto, é a de que comece a cobrar que Serra e Kassab figurem nas cobranças midiáticas que são feitas pelo nivelamento de Cabral e Agnelo a Perillo. É uma afronta a mídia e a oposição esconderem os envolvimentos desses dois com Cachoeira. .
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Também do Blog ContrapontoPIG.
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Posted: 24 May 2012 12:26 PM PDT
Do Cafezinho - 24/5/2012
Miguel do Rosário Ler a cobertura dos jornais para a CPI permanece um exercício hercúleo para fugir do emaranhado de intrigas, distorções, cortinas de fumaça, e enxergar a realidade. Se Platão voltasse a vida, poderia usar o exemplo para reescrever o mito da caverna. Na República, o filósofo dizia que só veríamos as sombras projetadas na parede da caverna, estando a verdade lá fora. Hoje ele poderia argumentar que se já era difícil distinguir e analisar as sombras, a coisa se complica muito diante da postura da mídia em bagunçar as imagens brincando de fazer imitações de elefante e pato com as mãos. Ao fim desta CPI, comentaristas e blogueiros estarão com cérebros tão exercitados em destrinchar enigmas (reais ou fajutos), desbaratar armadilhas teóricas e praticar a contrainformação inteligente, que serão capazes de explicar para seus filhos a filosofia de Gilles Deleuze e persuadi-los a trocar o videogame e a batata-frita por sessões de Tarkóvski e legumes cozidos. Em outras investigações, a imprensa sempre ajudava. Mobilizava seus melhores repórteres para ir atrás de informações novas e contextualizar as denúncias. Fernando Rodrigues reclamava na Folha ontem que os congressistas não estão analisando com a celeridade necessária os documentos da CPI. Pois bem, há toneladas de material já vazados na internet. Por que a Folha não coloca seus estagiários para filtrar os dados, trazendo-os à luz? Por que não vai atrás dos elos de Cachoeira em Goiás? Antes, os congressistas de CPI eram heróis, mosqueteiros, campeões da ética. Hoje são párias que atacam a imprensa! A explicação é simples, e na verdade eu até compreendo um pouco a mídia. A CPI envolve a disputa partidária, e a mídia tem medo que a oposição, já combalida, desapareça de vez. Mas a blogosfera não tem esses cuidados – ela segue antes a máxima de William Blake, para quem "a prudência é uma rica e feia rapariga que não casou, a quem a incapacidade faz a corte". O interessante mesmo, em termos políticos, é que a guerra de comunicação, muito intensa há tempos, mas correndo nos bastidores, agora explodiu à luz do sol. Não passa um dia sem que os arautos dos barões da mídia lancem ataques contra membros da blogosfera. Hoje foi a vez de Demétrio Magnoli. Em artigo intitulado "Os bons companheiros", Demétrio "pau pra toda obra" Magnoli faz uma defesa descarada de Poli, Veja, faz os ataques previsíveis a Dirceu, Franklin Martins, Carta Capital, Mino Carta, Paulo Henrique Amorim, e repercute a velha denúncia contra a tentativa de fazer o "controle social da mídia". Alguns leitores acham que não deveríamos dar atenção a figuras como Merval ou Magnoli. Esse é um velho debate na blogosfera. Eu não concordo. Uma das funções mais nobres da blogosfera é dar resposta a essas figuras, que se beneficiam de uma estrutura midiática consolidada ao longo da ditadura militar, que nasceram a partir de grandes empréstimos públicos e sempre foram privilegiadas pelos governos, até a chegada do famigerado Lula. De qualquer forma, esse blog tem como função fazer uma análise diária da mídia, então eu não posso fugir dessa missão. Há gente que cuida da limpeza do lixo nas cidades, há equipes responsáveis por dejetos nucleares, e há blogueiros que analisam textos de Demétrio Magnoli e Merval Pereira. Nem todo mundo é personal trainer da Sabrina Sato ou salva-vidas de piscina em resort. À cada um, sua cruz. Então, seguremos as ânsias, tampemos o nariz e façamos o nosso dever. Analisemos o artigo de Magnoli, naquele esquema: negrito (Magnoli) e fonte normal (eu). Os bons companheiros Por Demétrio Magnoli De "caçador de marajás", Fernando Collor transfigurou-se em caçador de jornalistas. Na CPI do Cachoeira, seu alvo é Policarpo Jr., da revista "Veja", a quem acusa de associar-se ao contraventor "para obter informações e lhe prestar favores de toda ordem". Collor calunia, covardemente protegido pela cápsula da imunidade parlamentar. Os áudios das investigações policiais circulam entre políticos e jornalistas — e quase tudo se encontra na internet. Eles atestam que o jornalista não intercambiou favores com Cachoeira. A relação entre os dois era, exclusivamente, de jornalista e fonte — algo, aliás, registrado pelo delegado que conduziu as investigações. Não é só Collor que está investigando o jornalista Policarpo Júnior. Magnoli tenta usar a má-fama de Collor para desmerecer uma suspeita que é de milhares de cidadãos brasileiros e de muitos parlamentares: a de que Poli e a revista Veja associaram-se ao crime organizado. É preciso investigar. Uma coisa é o princípio, tão nobre, da "presunção da inocência", aliás sempre desrespeitado pela grande imprensa. Outra coisa é tratar um jornalista ou empresa de mídia como "acima de qualquer suspeita". Aliás, o culpado aqui não é tanto Policarpo como a Revista Veja. A associação com o esquema Cachoeira não é a única acusação contra a Veja: ela apenas ajudou a montar o quebra-cabeça. Foi a pincelada que faltava para nos dar uma visão do conjunto. A função da imprensa de denunciar o poder é sagrada, por isso mesmo não pode ser conspurcada por órgãos que praticam invencionices delirantes, como a Veja. Sobre proteger jornalistas, Magnoli omitiu que foi a Veja que iniciou um ataque sistemático, através de seu falso bobo-da-corte, Diogo Mainardi, à jornalistas, numa campanha machartista apenas porque eles não comiam no pratinho antilulista que os barões serviam a seus empregados. Aconteceram verdadeiros expurgos ideológicos nas redações, prática que durou até 2010, com a demissão de Maria Rita Kehl, colunista do Estadão, por um "crime de opinião": ela escreveu um texto que podia ser interpretado como defesa de Lula. Os delegados entrevistados pela CPI não têm condições, nem deveriam fazer isso, de constatar algum crime na relação entre Policarpo Júnior e o crime organizado em Goiás. De qualquer forma, a informação é enviesada. O primeiro delegado entrevistado era o responsável pela Monte Carlo, que não flagrou conversas sobre plantações de notícia na Veja e encontros de membros do esquema com Poli. Isto aconteceu na operação Vegas, cujo delegado afirmou na CPI que não podia descartar a existência de ilícito na relação entre o repórter da Veja e o Clube Nextel. Jornalistas obtêm informações de inúmeras fontes, inclusive de criminosos. Seu dever é publicar as notícias verdadeiras de interesse público. Criminosos passam informações — verdadeiras ou falsas — com a finalidade de atingir inimigos, que muitas vezes também são bandidos. O jornalismo não tem o direito de oferecer nada às fontes, exceto o sigilo, assegurado pela lei. Mas não tem, também, o direito de sonegar ao público notícias relevantes, mesmo se sua divulgação é do interesse circunstancial de uma facção criminosa. Pois é: publicar notícias verdadeiras de interesse público. Tal como as contas de Lula e ministros no exterior? Tal como os dólares de Cuba? Magnoli esquece que a Veja tem um longo histórico de calúnias políticas extremamente cabeludas. Se fossem equívocos pontuais, causados pelo justo desejo de denunciar o poder, tudo bem. Mas não. Suas denúncias não eram desmentidas mesmo quando gritantemente falsas, e inscrevia-se numa tática editorial visando derrubar o governo, conforme sempre se pôde notar em seu porta-voz na internet, Reinaldo Azevedo. Poli oferecia tudo às fontes: publicava denúncias do esquema Cachoeira visando chantagear políticos. Aliás, faça-se justiça à Veja: não era só ela. O esquema Cachoeira comprou espaço em muitos lugares na mídia. O tal Mino Pedrosa, que segundo gravações recebia 100 mil mensais para plantar matérias contra Agnelo, usava Istoé, Correio Braziliense, sites e blogs. Certo, Magnoli, o jornalista "não tem direito de sonegar ao público notícias relevantes", como, por exemplo, a promiscuidade entre Demóstenes Torres e um bandidão de Goiás. A Veja omitiu essa informação do público durante anos, assim como omitiu que a fonte de suas denúncias era um esquema criminoso que se utilizava de grampos ilegais. Os áudios em circulação comprovam que Policarpo Jr. seguiu rigorosamente os critérios da ética jornalística. Informações vazadas por fontes diversas, inclusive a quadrilha de Cachoeira, expuseram escândalos reais de corrupção na esfera federal. Dilma Rousseff demitiu ministros com base naquelas notícias, atendendo ao interesse público. A revista na qual trabalha o jornalista foi a primeira a publicar as notícias sobre a associação criminosa entre Demóstenes Torres e a quadrilha de Cachoeira — uma prova suplementar de que não havia conluio com a fonte. Quando Collor calunia Policarpo Jr., age sob o impulso da mola da vingança: duas décadas depois da renúncia desonrosa, pretende ferir a imprensa que revelou à sociedade a podridão de seu governo. Temos somente alguns áudios disponíveis na internet, e não se viu nada de rigoroso, nem ético nem jornalístico neles. O que vemos são informações estarrecedoras de que Cachoeira sabia, com antecipação de até duas semanas, exatamente o que seria publicado na Veja, e que inclusive escolhia em qual parte da revista seria plantada a notícia. Dilma demitiu ministros por várias razões, inclusive porque as denúncias da Veja eram repercutidas acriticamente pela mídia, que tratava logo de produzir uma crise política de grandes proporções, mesmo que a denúncia original não ganhasse corpo. Sabemos muito bem como funciona esse processo. Magnoli repete a ladainha sobre Collor, como se fosse apenas ele, e não setores numerosos e qualificados da sociedade, que desejam investigar os crimes midiáticos cometidos pela Veja e outros órgãos. A vingança, porém, não é tudo. O senador almeja concluir sua reinvenção política inscrevendo-se no sistema de poder do lulopetismo. Na CPI, opera como porta-voz de José Dirceu, cujo blog difunde a calúnia contra o jornalista. Às vésperas do julgamento do caso do mensalão, o réu principal, definido pelo procurador-geral da República como "chefe da quadrilha", engaja-se na tentativa de desqualificar a imprensa — e, com ela, as informações que o incriminam. Dizer que Collor opera como porta-voz de Dirceu é uma imbecilidade. No afã de desconstruir a CPI e blindar a Veja, os pitbulls midiáticos apelam para qualquer delírio. O ex-deputado José Dirceu é alçado à eminência parda do governo, quando há anos ele não apita mais nada. Tornou-se antes uma caricatura da mídia que precisa, como estratégia de ataque, individualizar os aspectos malignos do lulopetismo. As críticas à imprensa corporativa existem no mundo inteiro, Magnoli, antes, durante e depois do mensalão. Conferir aura de santidade à mídia brasileira é ridículo. Até concordo que não devemos praticar uma crítica maniqueísta, como se a mídia fosse origem de todo o mal da república, mas é saudável, é necessário, fazermos uma crítica tão dura à mídia como se faz uma crítica ao Executivo, ao Legislativo e ao Judiciário. Todo poder precisa e deve ser duramente criticado, porque senão se torna um poder totalitário. O mensalão, porém, não é tudo. A sujeição da imprensa ao poder político entrou no radar de Lula justamente após a crise que abalou seu primeiro mandato. Franklin Martins foi alçado à chefia do Ministério das Comunicações para articular a criação de uma imprensa chapa-branca e, paralelamente, erguer o edifício do "controle social da mídia". Contudo, a sucessão representou uma descontinuidade parcial, que se traduziu pelo afastamento de Martins e pela renúncia ao ensaio de cerceamento da imprensa. Dirceu não admitiu a derrota, persistindo numa campanha que encontra eco em correntes do PT e mobiliza jornalistas financiados por empresas estatais. Policarpo Jr. ocupa, no momento, o lugar de alvo casual da artilharia dirigida contra a liberdade de informar. Magnoli, a denúncia ao golpismo da imprensa brasileira vem sendo estudado por historiadores desde o fim da ditadura, porque antes disso era considerado "subversivo" denunciar a imprensa chapa-branca. O debate público sobre o papel da imprensa no golpe de Estado de 1964 ficou interdito pela censura estatal durante todo regime, e depois pela censura comercial e tecnológica, já que os próprios jornalões não se denunciariam a si mesmos. Então este debate só emerge mesmo após o advento da blogosfera, e mesmo assim apenas a entrada dos setores mais politizados. Por isso o tom explosivo do debate, porque ele ficou reprimido por décadas! No jogo da calúnia, um papel instrumental é desempenhado pela revista "Carta Capital". A publicação noticiou falsamente que Policarpo Jr. teria feito "200 ligações" telefônicas para Cachoeira. Em princípio, nada haveria de errado nisso, pois a ética nas relações de jornalistas com fontes não pode ser medida pela quantidade de contatos. Entretanto, por si mesmo, o número cumpria a função de arar o terreno da suspeita, preparando a etapa do plantio da acusação, a ser realizado pela palavra sem freios de Collor. Os áudios, entretanto, evidenciaram a magnitude da mentira: o jornalista trocou duas, não duzentas, ligações com sua fonte. Eis aí um defensor da liberdade de expressão! Todos os jornalões repetem o mesmo discurso, os mesmos editoriais, partilham inclusive os mesmos colunistas. E aí Magnoli vem criticar exatamente uma das raríssimas publicações que fogem à panelinha. A divulgação dos 200 telefonemas veio da Polícia Federal, ninguém inventou isso. Também estamos esperando confirmação sobre o número exato de telefonemas, e o conteúdo deles. Ninguém está precondenando Policarpo ou a Veja, o negócio é que eles já estão politicamente condenados por um vasto setor da sociedade. As denúncias que emergem da CPI são como acusações de homicídio a alguém que já estava condenado por sequestro, roubo e estupro. A revista não se circunscreveu à mentira factual. Um editorial, assinado por Mino Carta, classificou a suposta "parceria Cachoeira-Policarpo Jr." como "bandidagem em comum". Editoriais de Mino Carta formam um capítulo sombrio do jornalismo brasileiro. Nos anos seguintes ao AI-5, o atual diretor de redação de Carta Capital ocupava o cargo de editor de "Veja", a publicação na qual hoje trabalha o alvo de suas falsas denúncias. Os editoriais com a sua assinatura eram peças de louvação da ditadura militar e da guerra suja conduzida nos calabouços. Um deles, de 4 de fevereiro de 1970, consagrava-se ao elogio da "eficiência" da Operação Bandeirante (Oban), braço paramilitar do aparelho de inteligência e tortura do regime, cuja atuação "tranquilizava o povo". O material documental está disponível no blog do jornalista Fábio Pannunzio (http://www.pannunzio.com.br/), sob a rubrica "Quem foi quem na ditadura". Vejam só a desonestidade de Magnoli. Mino Carta era empregado da Veja. A culpa pelos editoriais daquela época deve ser aposta aos donos da revista, não a seus empregados. Além disso, é cara de pau. Ele publica esse artigo no Globo e Estadão, cujos editoriais sabujos, chapa-brancas e louvadores aos militares golpistas começaram inclusive antes do advento da violência e da censura. Mino Carta escreveu editoriais pró-ditadura num tempo em que era obrigado a fazê-lo por seus empregadores, tanto é que, quando deixou de fazê-lo, foi sumariamente demitido, após uma determinação vinda diretamente do governo militar. Magnoli não diz isso, não informa a seus leitores que Mino Carta foi demitido por finalmente se insurgir contra o papel humilhante que o totalitarismo e a covardia empresarial da Abril lhe impunha. Ele mostra o personagem apenas em sua fase ruim, mas não revela a sua transformação. Os editorais de Mino envergonham-lhe a carreira, mas ele conseguiu pular fora, redimindo-se. Enquanto isso, Magnoli, em pleno período de liberdade democrática, faz o jogo dos mesmos barões que implantaram a ditadura porque desejavam, como desejam até hoje, perpetuar o subdesenvolvimento com medo de que mudanças alterem o seu status quo. Na "Veja" de então, sob a orientação de Carta, trabalhava o editor de Economia Paulo Henrique Amorim. A cooperação entre os cortesãos do regime militar renovou-se, décadas depois, pela adesão de ambos ao lulismo. Hoje, Amorim faz de seu blog uma caixa de ressonância da calúnia de Carta dirigida a Policarpo Jr. O fato teria apenas relevância jurídica se o blog não fosse financiado por empresas estatais: nos últimos três anos, tais fontes públicas transferiram bem mais de um milhão de reais para a página eletrônica, distribuídos entre a Caixa Econômica Federal (R$ 833 mil), o Banco do Brasil (R$ 147 mil), os Correios (R$ 120 mil) e a Petrobras (que, violando a Lei da Transparência, se recusa a prestar a informação). Outra covardia: pretender que Paulo Henrique Amorim, um jovem de vinte e poucos anos, pudesse apitar alguma coisa nas redações da Veja naquela época de trevas. Esses caras acusam os que lutaram contra a ditadura de terem sido "violentos", e agora acusam os que trabalharam na ditadura de serem "cooperativos". Ou seja, não se salva ninguém. A culpa da ditadura não pode recair sobre os jovens repórteres que trabalharam para se sustentar na década de 60 e 70, e sim sobre os barões da mídia que articularam para derrubar o governo e depois para apoiá-lo, consolidá-lo e ocultar seus podres! A covardia pior, todavia, é a tentativa de estrangular comercialmente o blog de Paulo Henrique Amorim. Primeiramente, esses mesmos interesses conseguiram fechar seu blog no IG, de maneira insuportavelmente antidemocrática, tentando sequestrar inclusive seus arquivos digitais, e agora acusa-o de ter publicidade! As estatais fazem muito bem em anunciar no blog de Paulo Henrique Amorim. Calúnia por calúnia, a mídia corporativa calunia muito mais gente e numa escala infinitamanente superior e também recebe anúncios de estatais. A Veja, por exemplo, recebe muito mais dinheiro que o blog de Amorim, apesar deste, hoje em dia, atingir um público bem maior. Os concursos nacionais de blogs políticos foram inclusive extintos quando se percebeu que os blogs de PHA e Nassif estavam virando verdadeiros hors-concourts, ganhando todas. A blogosfera é a nova fronteira da comunicação de massa, e o governo tem o dever de contribuir para a desconcentração midiática ampliando os anúncios nesta plataforma, mesmo que a contragosto dos lacaios da grande imprensa. Magnoli faz uma crítica interessada, já que recebe salário do Estadão e Globo, que receberam muitos milhões em anúncios de governos, afora as mamatas do governo paulista de comprar assinaturas para escolas, comprar livros didáticos e oferecer gratuitamente espaços na tv pública. Dilma não deu curso à estratégia de ataque à liberdade de imprensa organizada no segundo mandato de Lula. Mas, como se evidencia pelo patrocínio estatal da calúnia contra Policarpo Jr., a presidente não controla as rédeas de seu governo — ao menos no que concerne aos interesses vitais de Dirceu. A trama dos bons companheiros revela a existência de um governo paralelo, que ninguém elegeu. Interesses de Dirceu… Putz, Magnoli e cia acha que Dirceu é o quê? Um invasor extraterrestre com poderes e inteligência superior que planeja ser o novo ditador do país? Pára de fugir do assunto trazendo Dirceu para o debate! Dirceu não é deputado, não tem cargo no governo, é apenas um político tentando limpar seu nome, como é seu direito. O debate político hoje, porém, passa ao largo de Dirceu, que é apenas mais um militante e blogueiro dando sua opinião. Governo paralelo que ninguém elegeu existe nesta mídia corporativa, consolidada durante a ditadura, que atingiu um nível de concentração inaudito, causando grande risco à democracia, não fosse a existência dos mesmos blogs que Magnoli tenta desqualificar. . | ||||||
Posted: 24 May 2012 12:22 PM PDT
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Posted: 24 May 2012 09:44 AM PDT
SHOW DA VIDA – O Brasil inteiro se comoveu com o depoimento corajoso do senador Demóstenes Torres ontem à CPI do Fantástico. Com os olhos marejados, o parlamentar revelou pela primeira vez que durante a infância foi repetidamente levado para trás de uma queda d'água onde recebeu propinas à força e concedeu contratos licitatórios.
"Fui abusado por Cachoeira", disse com um esgar. Após dolorida pausa, completou: "Não foi uma nem duas vezes. Foram várias". Enfático, Demóstenes negou ter namorado Pelé: "Foi só uma tabelinha. Todo mundo sabe que a Delta foi o grande amor da minha vida", explicou.
O parlamentar também contou que o cantor Elton John teria lhe proposto casamento. Aos prantos, Demóstenes contou que disse sim. As núpcias só foram canceladas por que o megastar não concordou em contratar Fernando Cavendish para organizar o cerimonial. "Elton me disse que tanto ele quanto a Rainha jamais concordariam em colocar um guardanapo na cabeça, e eu não poderia me entregar a alguém tão desprovido de noção", soluçou o senador.
No Congresso, o depoimento de Carlinhos Cachoeira foi marcado por bem menos emoção. Após empregar todas as variações linguísticas existentes para explicar que ficaria calado, Carlinhos Cachoeira resolveu ceder: "Só falo se me derem um Nextel." Apreensivos, todos os parlamentares desligaram os seus celulares.
Sem alarde, agentes da Polícia Federal anunciaram a operação Charles Chaplin: "Grampearam o silêncio de Carlinhos Cachoeira. Divulgaremos o resultado nos próximos dias", anunciou o superintendente Jean Dujardin.
Anderson Silva foi convocado para tentar quebrar o sigilo de Cachoeira.
Postado por zcarlos às 5/24/2012 08:52:00 AM0 comentários
Marcadores: Humor
Do Blog COM TEXTO LIVRE.
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Posted: 24 May 2012 09:00 AM PDT
Marco Antonio Araujo, O Provocador
"Mesmo com os panos quentes que parlamentares tentam por na CPI do contraventor Carlinhos Cachoeira, uma coisa já se tornou de conhecimento público: a revista Veja usa suas páginas e jornalistas para plantar notícias falsas contra seus inimigos.
Não faltam provas de que esse é o modus operandi — para usar um termo reservado a quadrilhas e serial killers — da família Civita. São vários grampos feitos pela Polícia Federal que escancaram os procedimentos ilegais praticados por um dos jornalistas da publicação em Brasília.
Rupert Civita, ou Roberto Murdoch (referência ao magnata das comunicações envolvido em um escândalo de grampos ilegais na Inglaterra), já mandou um recado por meio de seus capangas: quem insistir em denunciar as relações criminosas de sua revista vai sofrer retaliações. Atitude bem típica de mafiosos: constranger, intimidar e ameaçar.
Contra a Record, retaliação sempre houve, mas agora tende a se tornar puro desespero. Eu já cantei essa bola aqui neste blog."
Artigo Completo, ::Aqui::
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Posted: 24 May 2012 08:55 AM PDT
Mair Pena Neto, Direto da Redação
"Tão ou mais incômoda que a atitude do contraventor Carlinhos Cachoeira diante da CPI que investiga suas atividades criminosas é a presença, a seu lado, do brilhante advogado e ex-ministro da Justiça do Brasil, Marcio Thomaz Bastos. Não deixa de causar estranheza ver ali, na defesa de um homem que corrompia as estruturas da sociedade, outro homem que, até bem pouco tempo, era responsável justamente por zelar pelo bem destas mesmas estruturas.
É ponto pacífico que todo cidadão tem direito à defesa jurídica, por pior que tenha sido o seu crime, mas não deixa de ser constrangedor ver o ex-ministro da Justiça orientando o contraventor a como proceder e empenhando toda a sua capacidade profissional para livrá-lo de acusações que custaram muito ao Estado para serem fundamentadas.
Carlinhos Cachoeira está preso em decorrência de duas operações da Polícia Federal, que constataram o alcance de sua ação criminosa entre os poderes constituídos. A organização do contraventor tomou de assalto um estado inteiro da federação, o de Goiás, numa microrepresentação do que acontece atualmente no México, onde o crime se infiltrou de tal modo no aparelho de Estado, que se torna a cada dia mais difícil combatê-lo.
A influência de Cachoeira se via no Executivo goiano, a partir do próprio governador Marconi Perillo (PSDB); no Legislativo, não apenas local, mas entre os representantes do estado na Câmara Federal, com destaque para a figura do até então impoluto senador Demóstenes Torres (ex-DEM); e no Judiciário, a ponto de levar a ministra do Superior Tribunal de Justiça, Laurita Vaz, a se declarar impedida de julgar o habeas corpus do contraventor pelo fato de ser goiana e de ter tido contato social ou profissional com autoridades públicas supostamente envolvidas com Cachoeira."
Artigo Completo,::Aqui::
Os nossos leitores gostaram igualmente de
Enviada por: Nogueira Junior/ 12:310 Comentários
Do Blog BRASIL! BRASIL!
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Posted: 24 May 2012 08:50 AM PDT
O Conversa Afiada reproduz artigo do professor Venício Lima, extraído do Observatorio da Imprensa: Jornalistas na CPMI, por que não?
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Posted: 24 May 2012 08:47 AM PDT
Saiu no Valor:
Gurgel diz à CPI que protelação de inquérito foi estratégica
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Posted: 24 May 2012 08:43 AM PDT
OPERAÇÃO MONTE CARLO »
CPI recebe explicações de Gurgel Procurador-geral da República responde por escrito as cinco perguntas formuladas pela comissão
Diego Abreu
João Vasconcelos
Inicialmente, a CPI cogitou convocá-lo para que prestasse esclarecimentos sobre o fato de não ter pedido a abertura de inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) em 2009, quando recebeu as informações da Operação Vegas. No entanto, diante das negativas de Gurgel, que destacou estar impedido legalmente de comparecer à comissão por ser o titular da investigação, a CPI optou por interrogar o procurador-geral por escrito. Gurgel afirmou ontem que não citou em suas respostas o fato relatado pela subprocuradora-geral Claudia Sampaio de que teria partido da Polícia Federal a sugestão de suspender as investigações da Operação Vegas. "Não havia nenhuma pergunta que focasse esse aspecto. Por isso, esse aspecto não é mencionado", disse em entrevista. Ele, porém, assumiu a responsabilidade pela decisão de não investigar Demóstenes em 2009. O procurador-geral alerta no documento que, naquela ocasião, os fatos "não adentravam a seara penal, situando-se, ainda, no campo ético". As respostas foram enviadas em 24 tópicos distribuídos em sete páginas. De acordo com Gurgel, as diligências solicitadas no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal não têm relação com a Operação Vegas, mas apenas com as investigações da Monte Carlo. Para ele, a estratégia da PGR de não abrir o inquérito há três anos se mostrou bem-sucedida. "Se assim não tivesse agido a Procuradoria-Geral da República, não se teria desvendado o grande esquema criminoso protagonizado por Carlos Cachoeira, compreendendo não somente a exploração de jogos de azar, mas também fraudes em licitação, corrupção de servidores, lavagem de dinheiro, entre outros delitos de acentuada gravidade", frisou no ofício.
Postado por APOSENTADO INVOCADO 1às 09:002 comentários Links para esta postagem
Do Blog APOSENTADO INVOCADO.
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Posted: 24 May 2012 08:36 AM PDT
A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (22), na coluna Conversa com a Presidenta, que o governo trabalha para diminuir os efeitos da estiagem no semiárido, área que abrange todos os estados do Nordeste e parte de Minas Gerais. Ao responder pergunta do professor Patrick Cabral da Silva, morador de Barra do Corda (MA), sobre as iniciativas do governo, a presidenta destacou que R$ 2,7 bilhões serão utilizados em várias ações de combate à seca e na antecipação das metas do programa Água para Todos.
"Instalaremos 32 mil cisternas de consumo, 2,4 mil sistemas simplificados de abastecimento, 1,2 mil barreiros e vamos recuperar 2,4 mil poços. Outros R$ 164 milhões serão destinados à Operação Carro Pipa, para a distribuição de água potável", disse.
Dilma também falou sobre a criação de linhas de crédito para ajudar os agricultores familiares e os produtores rurais e agroindustrias da região. Segundo ela, para os pequenos produtores, o limite de crédito é de R$ 2,5 mil a R$ 12 mil, com juros de 1% ao ano. Para os médios e grandes produtores e agroindustriais, o limite de crédito é de R$ 100 mil, com juros de 3,5% ao ano.
Na coluna, a presidenta falou ainda sobre a divulgação de empresas e produtos brasileiros no exterior ao responder pergunta do empresário José Carlos Oliveira, morador do Rio de Janeiro. Dilma apresentou o site Vitrine do Exportador (www.vitrinedoexportador.gov.br), criado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Segundo a presidenta, o site tem 18 mil empresas registradas e permite ao empreendedor promover sua empresa, disponibilizando informações comerciais, produtos e regiões de destino.
"Os importadores podem enviar propostas diretamente às empresas por meio desse site, que tem versões em português, inglês e espanhol. As empresas podem solicitar adesão à Vitrine do Exportador diretamente pelo site. Todos os serviços disponibilizados são gratuitos".
Dilma também respondeu ao caminhoneiro Gilberto Domingos da Silva, do Rio de Janeiro, sobre aposentadoria para motoristas. A presidenta esclareceu que para ter direito a aposentadoria especial, o motorista, e os demais profissionais, têm que comprovar efetiva exposição a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física.
Marcadores: Conversa com a Presidenta
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Posted: 24 May 2012 08:29 AM PDT
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Posted: 24 May 2012 08:22 AM PDT
Quem diz a frase na cabeça de uma reportagem é Cesar Tralli, no SPTV.
De Munique, a repórter Ilse Scamparini fala sobre o tratamento do lixo naquela cidade da Alemanha, e o destino final de tudo o que não é reaproveitável - a incineração.
Mas a frase escapou, ou é pura implicância minha com o jornalismo da Globo?
Confira a reportagem aqui e me diga se o foco é o tratamento e a reciclagem do lixo em Munique ou que a "Alemanha é um país que é considerado modelo quando o assunto é incineração". | ||||||
Posted: 24 May 2012 07:44 AM PDT
Diogo Martins, Valor
"A taxa de desemprego recuou para em 6% em abril em seis regiões metropolitanas do Brasil, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o menor desemprego para o mês de abril desde o início da série, em 2002.
O resultado mostrou redução em relação aos 6,2% registrados em março, e ficou abaixo do desemprego de 6,4% da População Economicamente Ativa (PEA) registrada em abril de 2011.
O rendimento médio real habitual ficou em R$ 1.719,50, o que representou recuo de 1,2% sobre março. O valor, contudo, é 6,2% maior na comparação com abril de 2011.
A massa de rendimento real habitual dos ocupados no mês foi de R$ 39,4 bilhões, valor 0,9% menor que o total registrado em março e 8% maior em relação a abril do ano passado.
A PME abrange as regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre."
Matéria Completa, ::Aqui::
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Posted: 24 May 2012 03:37 AM PDT
Renato Rovai, Blog do Rovai
Assista ao vídeo e veja se este blogueiro está exagerando. Trata-se de uma caso que exige uma ação urgente por parte da sociedade civil. É preciso que se mova uma ação contra a concessionária pública que dá voz a uma repórter irresponsável como essa. Isso mesmo, irresponsável. Estou à disposição da Justiça para me defender em relação ao termo utilizado. A propósito, a concessionária é a Band. É preciso que entidades de Direitos Humanos e da questão negra também se posicionem. Também é urgente que entidades como o Sindicato dos Jornalistas da Bahia a Fenaj reajam a essa barbaridade. Assistam ao vídeo, vocês vão entender minha indignação. A dica do vídeo me foi dado pelo Fabrício Ramos pelo Facebook. Atualizando 1 (00:30 da terça-feira): O nome da repórter é Mirella Cunha, como já registrado em muitos comentários. O apresentador do programa para o qual ela trabalha é Uziel Bueno. Mas, em última medida, a Band é a responsável final por essa bárbarie jornalística. Atualizando 2 (15:00 da terça-feira): De acordo com a reportagem do Portal Imprensa, a Band afirmou em nota que vai "tomar todas as medidas disciplinares necessárias. A postura da repórter fere o código de ética do jornalismo da emissora". Quanto ao fato de eu ter registrado o loirismo da repórter e a negritude do acusado, pareceu-me importante lembrar que somos um país com enormes desigualdades sociais e raciais. E que o fato de esse garoto ser preto e pobre é o que permite tal atentado aos seus direitos mais elementares. Dúvido que um loiro rico seria tratado dessa mesma forma pela "corajosa" jornalista."
Os nossos leitores gostaram igualmente de
Enviada por: Nogueira Junior/ 21:400 Comentários
Do Blog BRASIL! BRASIL!
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Posted: 24 May 2012 03:33 AM PDT
Preso alvo de deboche de repórter está sem advogado há dois meses
__________ Leia também Mães de Maio querem saber: como está a integridade do preso Paulo Sérgio exposto por Mirella Cunha?
Do Maria Frô.
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Posted: 24 May 2012 03:12 AM PDT
Imperdível
JULIAN ASSANGE: Com Chávez e Lula já deixando os principais holofotes, vai surgindo uma nova geração de governantes na América Latina.
Esta semana, está comigo o presidente do Equador , Rafael Correa. Correa é líder popular de esquerda, que mudou a cara do Equador. Mas, diferente dos presidentes que o antecederam, é doutor em Economia. Segundo os telegramas diplomáticos dos EUA que WikiLeaks divulgou, Correa é o presidente mais popular na história democrática do Equador.
Mesmo assim, em 2010, foi preso e feito refém, numa tentativa de golpe de Estado. A culpa pela tentativa de depô-lo, segundo Correa, foram os meios de comunicação corruptos. Correa pôs em marcha uma polêmica contraofensiva. Na avaliação de Correa, os meios de comunicação definem as reformas que seriam as únicas possíveis... para os próprios meios.
Quero saber se essa conclusão está correta e como vê a América Latina.
RAFAEL CORREA: Está me ouvindo?
JULIAN ASSANGE: Sim, presidente Correa.
RAFAEL CORREA: Prazer em conhecê-lo. Você está na Inglaterra?
JULIAN ASSANGE: Sim, na Inglaterra, numa casa de campo, em prisão domiciliar já há 500 dias. E sem nenhuma acusação formal contra mim.
RAFAEL CORREA: 500 dias... OK. [Para alguém ao lado] Melhor traduzir. [Em ing. "Prefiro o espanhol, ok?"].
JULIAN ASSANGE: [para a equipe] Acho que é possível. Todos prontos? Ação!
JULIAN ASSANGE: O que pensa o Equador, dos EUA, sobre o envolvimento dos EUA? Não lhe peço que faça alguma caricatura dos EUA. Mas... O que pensam os equatorianos sobre os EUA e o envolvimento dos EUA no Equador e na América?
RAFAEL CORREA: Como disse Evo Morales [presidente da Bolívia], os EUA são o único país que pode ter certeza de lá jamais haverá golpes de Estado – porque não há embaixada dos EUA nos EUA. [Assange e equipe riem].
Seja como for, quero dizer que uma das razões do mal-estar é que nós cortamos todo o financiamento que a Embaixada dos EUA pagava à polícia no Equador. Era assim, antes do nosso governo e continuou ainda, por um ano e pouco. Demoramos a corrigir isso. Havia unidades inteiras, setores chaves da Polícia, que eram completamente financiadas pela Embaixada dos EUA. Os chefes policiais eram selecionados pelo Embaixador dos EUA e pagos pelos EUA. A tal ponto, que aumentamos muitíssimo os soldos dos policiais, mas quase ninguém percebeu, porque recebiam soldos do outro lado. Acabamos com tudo isso. E há alguns que sentem saudades daqueles tempos. Mas são tempos que não voltarão ao nosso país e aos nossos países.
Quanto aos EUA, nossa relação sempre foi de muita amizade e carinho, mas sob um marco de respeito mútuo e de soberania. Eu, pessoalmente, vivi quatro anos nos EUA, estudei e graduei-me lá, tenho dois títulos acadêmicos norte-americanos, amo e respeito muito, muito, o povo norte-americano. Acredite que eu, de modo algum, jamais seria antiamericano. Mas sempre chamarei as coisas pelo nome. E se há políticas norte-americanas que são perniciosas para o Equador e para nossa América Latina, sempre as denunciarei abertamente e não permitirei que agridam a soberania do meu país.
JULIAN ASSANGE: Seu Governo fechou a base militar dos EUA em Manta. Pode dizer-me por que decidiu fechar aquela base?
RAFAEL CORREA: Ora... Você aceitaria uma base militar estrangeira no seu país? Como eu disse naquela época. Se é assunto tão simples, se não há problema algum em os EUA manterem uma base militar no Equador, ok, tudo bem: permitiremos que a base de inteligência permaneça no Equador, se os EUA permitirem que estabeleçamos uma base militar do Equador em Miami. Nessas condições, ok, sem problema. [Assange ouve a tradução e ri]. Fico feliz que você esteja se divertindo com essa entrevista. Também estou me divertindo.
JULIAN ASSANGE: Achei engraçadas as suas frases, presidente Correa [os dois riem]. Presidente Correa, por que o senhor pediu que revelássemos [que WikiLeaks revelasse] todos os telegramas diplomáticos?
RAFAEL CORREA: Porque quem nada deve nada teme. Nós nada temos a ocultar. De fato, os [telegramas divulgados por] WikiLeaks nos fortaleceram. A Embaixada dos EUA nos acusava [como se fosse crime] de sermos excessivamente nacionalistas e defendermos a soberania do governo equatoriano [os dois riem]. E é claro que somos nacionalistas! E é claro que defendemos a soberania do Equador! E os WikiLeaks, como mostrei há pouco [exibe um livro], falavam de todos os interesses que os EUA haviam investido nos meios de comunicação no Equador, dos grupos de poder que pediam ajuda, que marcavam hora para pedir ajuda em embaixadas estrangeiras.
Nós não tememos nada. Que publiquem tudo o que tenham a publicar sobre o governo do Equador. Não se encontrará nada contra nós. E veremos aparecer muitas informações sobre entreguismos, traições, acertos, feitos por muitos supostos opositores da revolução cidadã no Equador…
JULIAN ASSANGE: Posteriormente, o senhor expulsou do Equador a embaixadora dos EUA, como consequência da publicação dos telegramas de WikiLeaks. Por que a expulsou? Sempre acho mais interessante dizer ao embaixador... "Tenho esses telegramas desse embaixador. Já sei o que você pensa." Não seria melhor manter lá o diabo que o senhor já conhecia?
RAFAEL CORREA: Ora, mas dissemos tudo isso à embaixadora. E ela respondeu – e com que arrogância! – que não nos devia explicações. Era inimiga absoluta de nosso governo, mulher de extrema direita, que permaneceu estacionada no marco da Guerra Fria dos anos 60. A gota d'água que fez transbordar o jarro foi WikiLeaks, que provava que o contato dela no Equador havia dito que o Chefe de Polícia era corrupto completo. E que eu, diziam os telegramas, o teria nomeado, mesmo sabendo que era corrupto, para controlá-lo.
Intimamos a embaixadora, para que prestasse explicações. E ela, arrogante, cheia de soberba e prepotência, com os ares imperiais que a caracterizavam, respondeu que não nos devia explicações. Como aqui no Equador, nós nos respeitamos e respeitamos nosso país, expulsamos imediatamente a referida senhora.
Quero dizer que há um mês, poucos meses, depois de quase um ano de investigações, o Comandante Hurtado, que foi falsamente acusado nesse telegrama de WikiLeaks pela embaixadora, foi declarado inocente de todas aquelas acusações daquela embaixadora, saiu limpo de todas as investigações de que foi objeto, e que fizemos. É uma prova a mais de como funcionários incompetentes ou mal intencionados, do governo dos EUA, porque absolutamente não admitem e manifestam a mais flagrante má vontade contra governos progressistas, informam qualquer coisa ao governo dos EUA, sem procurar qualquer comprovação, sem qualquer investigação, sem qualquer prova, baseados, só, em boatos, intrigas dos seus 'contatos', muitas vezes, mentiras interessadas, que ouvem dos seus contatos, todos adversários de nosso governo. E esses contatos são, normalmente, escolhidos entre os opositores dos nossos governos.
JULIAN ASSANGE: Presidente Correa, como foi, para o senhor, tratar com os chineses? É um país grande e poderoso. Ao negociar com os chineses, o senhor não estaria trocando um demônio, por outro?
RAFAEL CORREA: Para começar, não trabalhamos com demônios. Se nos aparece algum demônio, agradecemos e despachamos: não, muito obrigado. [Assange ri] Em segundo lugar, você tem de ver aí um pouco do entreguismo, do esnobismo, e até do neocolonialismo que anima as elites, por aqui, e alguns veículos de comunicação.
Quando 60% de nosso comércio e grande parte de nossos investimentos estavam concentrados nos EUA, e não nos davam 20 centavos para financiar o desenvolvimento do país, ninguém reclamou de demônio algum, era como se não houvesse problema. Agora, quando somos o país que mais recebe investimentos chineses na região – e talvez porque os chineses não são altos, louros, de olhos azuis, viram demônios e tudo é problema. Chega disso!
Se a China já está financiando até os EUA! Que bom que financie o Equador! Que bom que nos ajude para fazer aqui uma extração responsável, de petróleo! Minas, hidroelétricas. Mas não recebemos financiamentos só da China. Recebemos financiamento russo, brasileiro, diversificamos nossos mercados e nossas fontes de financiamento. Mas há gente que nasceu acabrestado, com sela e rédea, e quer continuar com a dependência de sempre. É só isso.
JULIAN ASSANGE: Presidente Correa, como o senhor sabe, luto, há muitos anos, a favor da liberdade de expressão, pelo direito de as pessoas se comunicarem, pelo dever de publicar e dar aos públicos informação verdadeira. O que o senhor fará, para que suas reformas não acabem com a liberdade de expressão?
RAFAEL CORREA: Bem... Você mesmo é ótimo amostra, Julian, de como é a imprensa, essas associações como a Sociedade Interamericana de Imprensa, que nada é além de um clube de donos de jornais na América Latina. Sobre seu WikiLeaks, publicaram-se muitos livros, o mais recente dos quais é de dois autores argentinos, no qual analisam país por país, Wiki Midia Leaks [1] . No caso do Equador, demonstra como, desavergonhadamente, os veículos não publicaram os telegramas que os prejudicavam. Por exemplo, disputas entre empresas de comunicações. E todos, afinal, decidiram não publicar suas próprias sujeiras, para não prejudicar nenhum deles. Leio para você a tradução, em espanhol, de um dos telegramas WikiLeaks que a imprensa nunca publicou no Equador.
RAFAEL CORREA: [lendo] "…o fato de que a imprensa sinta-se livre para criticar o governo, mas não um banqueiro fugitivo e os negócios da família do banqueiro, mostra muito sobre onde está o poder no Equador…" [Mostra as páginas do livro] E esses são os telegramas que WikiLeaks divulgou e jamais foram publicados na imprensa do Equador. Para que você entenda um pouco o que enfrentamos no Equador e na América Latina.
Nós acreditamos, que os únicos limites que devem pesar sobre a informação e a liberdade de expressão são os que já existam nos tratados internacionais, na Convenção Interamericana de Direitos Humanos: a honra e a reputação das pessoas; e a segurança das pessoas e do estado. Quanto a todo o resto, quanto mais gente saiba de tudo, melhor.
Você manifestou seu temor – o mesmo que sentem todos os jornalistas, de boa fé –, mas que não passam de estereótipos do medo de que o poder do estado limite a liberdade de expressão. Isso praticamente não existe na América Latina, praticamente não há aqui nenhuma liberdade de expressão. Fala-se só de idealizações, de mitos.
Vocês precisam entender que, por aqui, o poder "midiático" foi, e provavelmente ainda é, muito maior que o poder político. De fato, o poder "midiático" tem imenso poder político, em função de seus interesses, poder econômico, poder social. E, sobretudo, têm poder monopolístico para informar.
Os veículos têm sido, aqui, os maiores eleitores, os maiores legisladores, os maiores juízes, os que criam a alimentam a 'agenda' da discussão social, os que sempre submeteram governos, presidentes, cortes de justiça, tribunais.
Temos de tirar da cabeça essa ideia de que, de um lado, só haveria jornalistas pobres e perseguidos, empresas jornalísticas angelicais, empresas e veículos dedicados a informar a verdade dos fatos; e, de outro lado, só haveria ditadores, autocratas, tiranos que vivem para tentar impedir que a verdade chegue ao povo.
Os governos que trabalhamos para fazer algo pelas maiorias, somos – nós – violentamente perseguidos por jornalistas que entendem que, por ter uma pena ou um microfone, ganhariam algum direito de vingar-se dos desafetos pessoais. Porque, muitas vezes, caluniam, mentem, injuriam exclusivamente por alguma inimizade pessoal. Os veículos de comunicação são, aqui, instrumentos dedicados a defender interesses privados.
É importante, por favor, que o mundo todo entenda o que se passa na América Latina.
Quando tomei posse na presidência, havia aqui sete canais de televisão nacionais. Nenhum público; todos privados. Cinco pertenciam a banqueiros. Imagine a situação: eu queria tomar uma medida contra os bancos, para evitar, por exemplo, a crise e os abusos que, hoje, todos estão vendo acontecer na Europa, sobretudo na Espanha. E houve uma campanha violentíssima, pela televisão, para defender os interesses dos banqueiros empresários donos das empresas, dos proprietários dessas cadeias de televisão, todos banqueiros.
Que ninguém se engane mais. Temos de esquecer essas mentiras e estereótipos de governos 'do mal', que vivem a perseguir valentes e angelicais jornalistas e empresas e veículos de comunicação. Com muita frequência, Julian, acontece exatamente o contrário.
Essa gente travestida de jornalista vive de fazer política, só se interessa em desestabilizar nossos governos democráticos, para impedir qualquer mudança na nossa região. Porque, com mudança democrática, eles perdem o poder que sempre tiveram e ostentaram.
JULIAN ASSANGE: Presidente Correa, estou de acordo com o que o senhor diz do mercado dos veículos e meios. Já aconteceu exatamente assim, também conosco, mais de uma vez: grandes organizações jornalísticas, com as quais trabalhamos – Guardian, El País, o New York Times e Der Spiegel – censuraram o nosso material ao publicar, por motivos políticos, ou para proteger oligarcas como Tymoshenko da Ucrânia (que escondia sua fortuna em Londres); ou grandes empresas petroleiras italianas corruptas, que operavam no Cazaquistão. Temos provas disso tudo, porque sabemos o que há no documento original e o que publicaram, e o que foi omitido. Mas entendo que o melhor modo para enfrentar os monopólios e os duopólios e os cartéis num mercado é separá-los; ou criando melhores condições para que novas empresas entrem no mercado.
O senhor não tem interesse em criar um sistema que permita o fácil acesso ao mercado editorial, de modo a que empresas jornalísticas editoriais pequenas e indivíduos sejam protegidos (não regulados) e as grandes empresas editorais e grupos 'midiáticos' sejam separadas e reguladas?
RAFAEL CORREA: Julian, estamos tentando fazer exatamente isso. Há mais de dois anos discute-se uma nova lei de comunicação, para dividir o espectro radioelétrico, quer dizer, o espectro para TV e rádio, para que só 1/3 seja privado com finalidades comerciais; 1/3 para propriedade comunitária, sem finalidades comerciais; e 1/3 de propriedade do Estado – não só o governo nacional; também os governos locais, municipais, departamentais.
Mas a lei não avança. Há dois anos, apesar de haver ordem constitucional aprovada nas urnas em 2008, ratificada pelo povo equatoriano por consulta popular ano passado. Pois, apesar de tudo isso, a nova lei foi e continua a ser sistematicamente bloqueada pelas grandes empresas, nos grandes veículos. Para eles, é "lei da mordaça". Para eles e pelos deputados e senadores assalariados que as empresas mantêm, a soldo, na Assembleia Nacional, e que lá estão para defender aqueles interesses.
O que estamos fazendo é claro: democratizar a informação, a comunicação social, a propriedade dos veículos e meios de comunicação. Por isso mesmo, obviamente, enfrentamos a acérrima oposição que nos fazem os proprietários dos veículos e meios de comunicação e dos seus corifeus alugados, que atuam em todo o espectro político no Equador.
JULIAN ASSANGE: Recentemente, nesse programa, entrevistei o presidente da Tunísia, e perguntei a ele, se o surpreendera o pouco poder que os presidentes têm, para mudar as coisas. O senhor também observou isso?
RAFAEL CORREA: Olhe... Muitos trabalham para satanizar os líderes políticos, porque uma das grandes crises pelas quais a América Latina passou nos anos 90, até o começo desse século, durante a longa e triste noite neoliberal, foi a crise de lideranças políticas.
Afinal, o que significa "ter liderança", "ser líder"? Significa capacidade para influir sobre os demais. É claro que pode haver boas lideranças políticas, pessoas que usam a capacidade que têm para liderar, para servir a causa dos outros. E claro que também há maus líderes – dos quais, lamentavelmente, houve muitos na América Latina –, que utilizam a capacidade que têm, mas apenas para servir-se dos demais.
Entendo que os líderes são importantes sempre, mais ainda em processos de mudança.
É possível imaginar a independência dos EUA, sem os comandantes que houve lá? Sem aqueles líderes? É possível imaginar a reconstrução da Europa depois da IIa. Guerra Mundial, sem os grandes líderes que houve lá? Contudo... Quando se trata de fazer oposição às mudanças na América Latina, onde há líderes fortes, mas líderes democráticos e democratizantes, inventam logo que a liderança é caudilhista, populista, sempre má liderança, nunca boa liderança.
JULIAN ASSANGE: Presidente Correa…
RAFAEL CORREA: Essa liderança é ainda mais importante... (Julian, permita-me concluir a ideia, por favor)... quando não se está administrando um sistema.
Na América Latina, no Equador, hoje, não estamos administrando um sistema: estamos mudando um sistema. Porque o sistema que nos acompanhou ao longo de séculos foi fracasso total. Fez de nós a região de maior desigualdade no mundo, onde só a miséria é muita, a pobreza, e numa região que tem tudo para ser a região mais próspera do mundo. As coisas aqui não são como nos EUA.
Que diferença há entre Republicanos e Democratas, nos EUA? Há mais diferença entre o que eu penso pela manhã e o que eu penso à noite, do que entre um Republicano e um Democrata norte-americano [Assange ri]. Isso acontece porque, lá, estão administrando um sistema.
Nós, aqui, estamos mudando um sistema. Aqui as lideranças são necessárias e importantes. Aqui, é indispensável o poder ser legítimo e democrático, para que a mudança seja legítima e democrática, para que se mudem as estruturas e a instituições e a institucionalidade nos nossos países, agora em função das grandes maiorias.
JULIAN ASSANGE: Minha impressão é que o presidente Obama não é capaz de controlar as enormes forças que se movem à volta dele. Será sempre assim, com todos os tipos de líderes? Como o senhor conseguiu introduzir tantas mudanças no Equador? Será sinal dos tempos que vivemos? Será resultado de sua liderança pessoal? Da força de seu partido? Que força, afinal – é o que quero saber – é essa, que permite que o senhor faça algo, no Equador, que Obama não consegue fazer, nos EUA?
RAFAEL CORREA: Permita-me começar pelo fim. O compromisso, as concessões, o consenso é desejável, mais não é um fim em si. Para mim, mais fácil seria conseguir algum consenso; chegaria mancando, cedendo, e satisfaria muita gente. Mas não mudaria coisa alguma. Satisfaria, principalmente, os poderes de fato nesse país. E tudo continuaria como antes. Há momentos em que o consenso é impossível. Às vezes, é necessário o confronto. Com a corrupção, por exemplo, não há consenso possível. A corrupção tem de ser enfrentada. O abuso do poder? Tem de ser enfrentando. Não há consenso possível, com a mentira; a mentira tem de ser desmascarada. Absolutamente não se pode fazer concessões a esses vícios sociais, tão graves para nossos países.
É erro imaginar que o que está sendo feito no Equador esteja sendo feito por mim. É erro. Os povos mudam, os países mudam. Não precisam de liderança para mudar. Talvez precisem de algum tipo de líder para coordenar. Mas se o país muda, é por vontade de todo o povo. Nosso governo foi levado ao poder pela indignação de todo o povo equatoriano.
Talvez aí esteja o que ainda falta, um pouquinho, ao povo norte-americano, para que o presidente Obama obtenha capacidade para promover mudanças reais no país. Que a indignação que já está nas ruas, esse "Occupy Wall Street", esse protesto de cidadãos comuns, normais, contra o sistema, que ganhe impulso, que se torne mais orgânico, mais permanente. E que, nesse caso, dê forças ao presidente Obama para que possa fazer as mudanças pelas quais o sistema terá de passar, nos EUA.
JULIAN ASSANGE: Quero saber até que ponto o senhor acredita que o Equador irá, no longo prazo, até onde irá a América Latina. Acho que, até certo ponto, há boas coisas, como se sabe, a integração continental na América Latina, a melhoria nas condições de vida, e o fato de que os EUA e outros países têm, a cada dia, menos influência na América Latina. Mas... Onde o senhor acredita que estará, dentro de dez, vinte anos?
RAFAEL CORREA: Você disse bem: a influência dos EUA na América Latina está diminuindo – isso é bom. Por isso, precisamente, dizemos que a América Latina está passando, do "consenso de Washington", para o consenso sem Washington.
JULIAN ASSANGE: [ri] Talvez venha a ser o Consenso de São Paulo.
RAFAEL CORREA: Um consenso sem Washington. Exatamente. E é bom, porque essas políticas que nos mandavam do norte não eram feitas em função das necessidades da nossa América, mas em função dos interesses daqueles países, e, sobretudo, dos capitais daqueles países. Se você analisa a política econômica – e, modéstia à parte, disso entendo um pouco –, até talvez tenham sido boas, em algum momento. Mas, tenham sido boas ou más, em certos momentos, todas tiveram o mesmo denominador comum: interessavam, primeiro de tudo, ao grande capital, e, sobretudo, ao capital financeiro. E isso, finalmente, está mudando.
Tenho muitas esperanças. Sou muito realista. Sei que avançamos muito, mas muito ainda temos de andar. Sei que o que já andamos não é irreversível, que podemos perder tudo, se os mesmos de sempre voltarem a dominar nossos países. Mas estamos muito otimistas.
Acreditamos que a América Latina está mudando e, se continuarmos por essa rota de mudança, a mudança será definitiva. Nossa América não está passando por uma época de mudança, mas por uma mudança de época. Se mantivermos nossas políticas de defesa da soberania, com políticas econômicas nas quais a sociedade controla o mercado, não que o mercado domina a sociedade e converte a própria sociedade, as pessoas, a vida, em mercadoria. Se mantivermos essas políticas de justiça e igualdade social, superando imensas injustiças, de séculos, sobretudo no que tenham a ver com os grupos nativos, os afrodescendientes, etc., a América Latina terá um grande futuro. É a região do futuro. Temos tudo para sermos a região mais próspera do mundo. Se temos conseguido pouco, foi pelas políticas más, pelos maus dirigentes, maus governos. E isso está mudando nessa nossa América.
JULIAN ASSANGE: Obrigado, presidente Correa...
RAFAEL CORREA: Foi um prazer conhecê-lo, Julian, pelo menos por esse meio. E ¡Ánimo! ¡Ánimo! Seja bem-vindo ao clube dos perseguidos.
JULIAN ASSANGE: Obrigado. [risos] E cuide-se. Não deixe que o matem.
RAFAEL CORREA: Ah, sim. [risos] Evitar isso é trabalho de todos os dias. Gracias.
_________________
Nota dos tradutores
Transcrição traduzida pelo pessoal da Vila Vudu[1] BECERRA, Martín e LACUNZA, Sebastián. Wiki Media Leaks: La relación entre medios y gobiernos de América Latina bajo el prisma de WikiLeaks. Buenos Aires: ed. B. 2012 [abr.]. Sobre o livro ver Brasilianas.org, 3/5/2012, em: Comentário fora de pauta. No Redecastorphoto |
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