terça-feira, 24 de julho de 2012

Via Email: SARAIVA 13 "A Militância Virtual do PT"



SARAIVA 13


Posted: 24 Jul 2012 12:08 PM PDT


Da Carta Capital
A blogofobia de José Serra


Por  Leandro Fortes

A blogosfera e as redes sociais são o calcanhar de Aquiles de José Serra, e não é de agora. Na campanha eleitoral de 2010, o tucano experimentou, pela primeira vez, o gosto amargo da quebra da hegemonia da mídia que o apóia – toda a velha mídia, incluindo os jornalões, as Organizações Globo e afins. O marco zero desse processo foi a desconstrução imediata, on line, da farsa da bolinha de papel na careca do tucano, naquele mesmo ano, talvez a ação mais vexatória da relação imprensa/política desde a edição do debate Collor x Lula, em 1989, pela TV Globo. Aliás, não houvesse a internet, o que restaria do episódio do "atentado" ao candidato tucano seria a versão risível e jornalisticamente degradante do ataque do rolo de fita crepe montado às pressas pelo Jornal Nacional, à custa da inesquecível performance do perito Ricardo Molina. 
A repercussão desse desmonte midiático na rede mundial de computadores acendeu o sinal amarelo nas campanhas de marketing do PSDB, mas não o suficiente para se bolar uma solução competente nas hostes tucanas. Desmascarado em 2010, Serra reagiu mal, chamou os blogueiros que lhe faziam oposição de "sujos", o que, como tudo o mais na internet, virou motivo de piada e gerou um efeito reverso. Ser "sujo" passou a ser um mérito na blogosfera em contraposição aos blogueiros "limpinhos" instalados nos conglomerados de mídia, a replicar como papagaios o discurso e as diatribes dos patrões, todos, aliás, alinhados à campanha de Serra. 

Ainda em 2010, Serra tentou montar uma tropa de trolls na internet comandada pelo tucano Eduardo Graeff, ex-secretário-geral do governo Fernando Henrique Cardoso. Este exército de brucutus, organizado de forma primária na rede, foi facilmente desarticulado, primeiro, por uma reportagem de CartaCapital, depois, por uma investigação do "Tijolaço.com", blog noticioso, atualmente desativado, do ministro Brizola Neto, do Trabalho. 

Desde então, a única estratégia possível para José Serra foi a de desqualificar a atuação da blogosfera a partir da acusação, iniciada por alguns acólitos ainda mantidos por ele nas redações, de que os blogueiros "sujos" são financiados pelo governo do PT para injuriá-lo. Tenta, assim, generalizar para todo o movimento de blogs uma realidade de poucos, pouquíssimos blogueiros que conseguiram montar um esquema comercial minimamente viável e, é preciso que se diga, absolutamente legítimo. 

Nos encontros nacionais e regionais de blogueiros dos quais participo, há pelo menos três anos, costumo dar boas risadas com a rapaziada da blogosfera que enfrenta sozinha coronéis da política e o Poder Judiciário sobre essa acusação de financiamento estatal. Como 99% dos chamados blogueiros progressistas (de esquerda, os "sujos") se bancam pelo próprio bolso, e com muita dificuldade, essa discussão soa não somente surreal, mas intelectualmente desonesta. Isso porque nada é mais financiado por propaganda governamental e estatal do que a velha mídia nacional, esta mesma que perfila incondicionalmente com Serra e para ele produz, não raramente, óbvias reportagens manipuladas. Sem a propaganda oficial do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Petrobrás, todos esses gigantes que se unem para defender a liberdade de imprensa e expressão nos convescotes do Instituto Millenium estariam mendigando patrocínio de açougues e padarias de bairro para sobreviver. 

Como nunca conseguiu quebrar a espinha dorsal da blogosfera e é um fiasco quando atua nas redes sociais, a turma de Serra tenta emplacar, agora, a pecha de "nazista" naqueles que antes chamou de "sujo". É uma estratégia tão primária que às vezes duvido que tenha sido bolada por adultos. 

Um candidato de direita, apoiado pelos setores mais reacionários, homofóbicos, racistas e conservadores da sociedade brasileira a chamar seus opositores de nazistas. Antes fosse só uma piada de mau gosto.

Posted: 24 Jul 2012 07:41 AM PDT

Na última quarta-feira (18) o candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi interrompido por quatro "manifestantes" durante atividade de campanha realizada no Brás. Os quatro rapazes, que se diziam estudantes de universidades federais, seguravam cartazes de protesto pedindo solução para a greve nessas universidades .
Haddad tentou conversar com o grupo, mas a ação parecia orquestrada. E era. Um deles ficava gritando:  "Em quanto tempo o senhor resolve? Em quanto tempo o senhor resolve? Em quanto tempo a gente pode voltar a estudar?"
Após a saída de Haddad, um dos manifestantes se colocou à disposição dos jornalistas para entrevistas, onde afirmou: "Ele quer ganhar a eleição, mas não consegue resolver um problema com professor, não consegue fazer um Enem". Indagado sobre em quem votaria na eleição municipal, o distinto garoto afinou o bico e disse: "Não vou declarar voto porque não sou líder de nada", afirmou.
Eles podem não ser líderes de nada, mas são manifestantes de nada também. Na verdade, são tucanos em campanha usando os métodos que José Serra sempre usa nas suas campanhas. Quem desvendou o fato foi o pessoal do PenseNovo. Mas como eu gosto de tucaninhos, resolvi dar uma pesquisadinha a mais.
Um deles se chama Marcos Saraiva e tem 20 anos. Novinho para ser tão cara-de-pau. No facebook do "manifestante" nenhuma menção ao fato dele estudar, ou já ter estudado,  em alguma universidade federal. Por outro lado, o que não faltam são referências a sua paixão pelo PSDB. Entre elas, uma foto sua ao lado do senador Alvaro  Dias, líder do PSDB no Senado.
Além de tucano, Saraiva é anti-comunista. Na mesma página no Facebook ele publica um emblema do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), grupo de extrema-direita que realizou atentados e agressões contra estudantes, artistas e intelectuais durante a ditadura militar.
Vejam alguns outros tweets do moço que não é "líder de nada":
Tweet de 13 de julho:
@gabriel_chalita insiste em fazer missa na campanha, não adianta pedir a Deus, o povo conhece o melhro candidato, é @joseserra_ !
Troca de Tweets entre Tripoli e Saraiva em 13 de Julho:
@marcossaraiva_ festa merecida! Abração
@ricardotripoli vamos tomar um café na segunda?
E não é que já tomaram café juntos mesmo!
Tweet de 16 de julho:
Hey @Haddad_Fernando como funciona ser funcionario da @MartaSenadora e depois puxar o tapete dela? É legal?
Mas a tucanisse do Saraivinha não para por aí. Ele mantém o blog http://marcossaraiva45.wordpress.com/, onde se define da seguinte maneira: "Sou irredutivelmente Capitalista (mas nunca capitalista selvagem), sou TUCANO no amago de meu ser apoiando sempre o Partido da Social Democraia Brasileira". E vejam com quem ele aparece na foto. Tcham, tcham, tcham…
Saraiva ao lado de Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes
(Foto: Reprodução / Facebook)
Não foi só o "manifestante" Saraiva que foi desmascarado. Ha um outro rapaz que aparece no vídeo do PenseNovo é Victor Ferreira, secretário da Juventude Tucana. Ferreira tomou posse no cargo em abril deste ano.
Diante da cara de pau da militância tucana (são poucos, mas existem), o presidente do PT municipal de São Paulo e coordenador da campanha de Fernando Haddad, vereador Antônio Donato, publicou uma nota de repúdio, no site do diretório municipal do partido, onde classifica a atitude dos tucanos como lamentável e fascista.
Tem toda razão. E este blogueiro sujo tem dito o tempo todo por aí. Só tenho uma certeza em relação a este eleição: ela vai ser suja. Com o Serra na disputa, não existe campanha limpa.
Colaborou: Felipe Rousselet
No Blog do Rovai
Posted: 24 Jul 2012 07:39 AM PDT

Tucanos acusam blogs de Paulo Henrique Amorim e de Luis Nassif, entre outros, de difamar instituições democráticas, defender réus do mensalão e servir de instrumentos ilegais de propaganda eleitoral
O PSDB apresentou, nesta segunda-feira, um representação à Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) solicitando investigações sobre o patrocínio de empresas públicas a sites e blogs "caracterizados por elogios excessivos ao PT e ao governo federal" e ataques à oposição. O presidente tucano, deputado Sérgio Guerra, chamou de atentado à democracia brasileira a "parceria" entre estatais e blogs destinados a promover o governo. "Esses blogs financiados com dinheiro público tornaram-se meras extensões do governo e de suas campanhas", reclamou.
A avaliação dos tucanos é que os sites e blogs indicados no documento (com destaque para o blog Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, e o site do jornalista Luis Nassif) tornaram-se "centrais de coação e difamação das instituições democráticas" e instrumentos ilegais para propaganda eleitoral. "De certo modo, isso é coerente com o que tem sido feito no Brasil – a mistura entre o estatal e o partidário", analisa Guerra.
A representação destaca que os sites contestam a legitimidade do Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar os acusados pelo mensalão (no que seria uma tentativa de defendê-lo) e denuncia a articulação de blogueiros para apoio a candidaturas do PT antes do início do prazo legal para as campanhas eleitorais.
"O financiamento público de organizações, blogs e sites cuja especialidade tem se mostrado a coação e difamação de instituições democráticas configura ato de improbidade administrativa contra os princípios da administração pública da honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições", argumenta o presidente do PSDB.
O pedido de investigação foi entregue três dias depois de José Serra, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, acusar o PT de financiar "blogs sujos" e apontar a existência de uma "tropa nazista" na web para atacar adversários.
No 247
Posted: 24 Jul 2012 07:35 AM PDT
Posted: 24 Jul 2012 05:15 AM PDT



A rejeição ao eterno candidato Serra  é imensa: 37%  dos eleitores dizem que não votariam nele  nem que vaca tussa.  Nem precisava que os institutos de pesquisa  revelassem que Serra é conhecido por 90% dos eleitores, afinal ele é o eterno candidato que participa de todas as eleições desde 2002.  Nessas candidaturas ele promoveu situações hilárias.  A mais recente foi  a da bolinha de papel, uma encenação de vítima de uma bolinha de papel após receber instrução por celular, com direito até a tomografia. Outra  peripécia recente foi sobre o aborto, colocando-se contra o aborto e a favor da vida, usando  a esposa para atacar a candidata Dilma nesse quesito: eis que uma ex-aluna desmascara a farsa, e revela que no passado a  professora  Mônica Serra havia feito aborto. Serra usou Sampa como trampolim para  a candidatura à  presidência, largou a cidade nas mão do Kassab, então do DEM. Quando sentiu que não tinha chance de se eleger,  que Lula seria reeleito, jogou o Alckmin na fogueira e ainda  tomou o lugar dele no governo de SP. Não terminou o mandato de  governador porque se candidatou novamente para presidente em 2010. Serra é um obcecado, não quer ser prefeito nemgovernador, ele quer ser presidente. Ele vai novamente  mentir, vai dar uma rasteira no Aécio Neves, como já fez,  e vai ser candidato em 2014 . Ele não aguenta passar uma eleição sem ser o eterno candidato. Serra, como  Kassab, foi um  péssimo prefeito e um péssimo governador. As policias civil e militar, os professores, os alunos, a população em geral  que o digam. Serra está se unindo a Russomanno, cria do Maluf, para evitar ser atacado, oferecendo a recíproca em troca. Muito esperto, Serra nem esperou a eleição, nem esperou o segundo turno para se aliar a Russomanno. A combinação é os dois juntos atacarem o PT, o candidato Haddad. Quem levar dará vantagens ao outro no governo de Sampa. Isso já sinaliza que Serra vai  ser candidato em 2014, pois já está montando a estratégia para viabilizar isso. Mas – sempre tem o mas – se o PSDB não conseguir que o governador Perillo seja preservado (e as provas das ligações  dele com o Carlinhos Cachoeira são contundentes) e jogar toalha na defesa do Perillo, vai  sobrar para  o Serra. Perillo já avisou que não vai cair só, como fez Eduardo Azeredo no mensalão do PSDB mineiro, ameaçando abrir o bico de outros beneficiados  pelo esquema se não fosse protegido pelo partido. O deputado Leréia, do PSDB, também envolvido até os ossos com Carlinhos Cachoeira, igualmente fez ameaças de revelar toda a corrupção e os outros envolvidos, se for abandonado pelo partido. Serra é um embuste, é covarde, mentiroso, falastrão, autoritário, e ainda está  envolvido nas  maracutaias e na corrupção da Privataria Tucana. A  bomba vai explodir, não vai demorar, e Serra corre o sério  risco de ir para a cadeia.
Jussara Seixas
Posted: 24 Jul 2012 02:56 AM PDT


Posted: 24 Jul 2012 02:51 AM PDT


O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, que há 27 anos luta pela memória, verdade e justiça do período de terrorismo de Estado implantado durante a ditadura militar de 1964, em menos de 10 dias sofreu duas ameaças das forças retrógadas e saudosistas da ditadura civil-militar.



Sede do GTNM é saqueada

Sede do GTNM é saqueada

Em 11 de julho recebeu um telefonema anônimo em que uma voz masculina, demonstrando tranquilidade, declarou: "estou ligando para dizer que nós vamos voltar e que isso aí vai acabar". Na noite da quarta-feira (dia 18) para a quinta feira (dia 19), sua sede no Rio de Janeiro foi invadida, sendo furtados do caixa do Projeto Clínico Grupal a quantia de R$1.567, 37, além de diversos documentos do grupo e notas fiscais de serviço. Alguns arquivos também foram revirados e o computador estava ligado.

"Não tememos estas ameaças, elas não nos intimidarão e não nos farão recuar em nossa luta de quase trinta anos. Já passamos por outras ameaças e outras invasões em nossa sede e em nosso site", afirmou o GTNM/RJ em uma nota divulgada no sábado (dia 21). "Continuaremos exigindo e lutando por uma efetiva Comissão Nacional da Verdade e Justiça transparente e pública, pela abertura dos Arquivos da ditadura e pelo cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos do caso Araguaia".

O GTNM denuncia os abusos cometidos durante a ditadura militar no Brasil. Dois dias após ter sua sede invadida e saqueada, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro ainda não tem pistas de quem cometeu o crime. O caso também tem sido acompanhado por agentes da Polícia Federal. Segundo nota da instituição, distribuída neste sábado, "foram furtados do caixa do Projeto Clínico Grupal a quantia de R$1.567, 37, além de diversos documentos do grupo e notas fiscais de serviço. Alguns arquivos também foram revirados e o computador estava ligado".

Após tomar conhecimento dos fatos, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República pediu à Polícia Federal que acompanhe as investigações das ameaças feitas ao GTNM e a invasão de sua sede no Rio de Janeiro. "Diante dos fatos ocorridos, consideramos inaceitável o ataque a uma entidade que realiza um trabalho fundamental na defesa dos Direitos Humanos", diz o texto da nota publicada pela Secretaria também no sábado (21).

"Mais grave se torna o fato diante da dedicação do grupo Tortura Nunca Mais à democracia e à recuperação histórica dos fatos ocorridos no Brasil durante a ditadura militar e no combate à tortura nos dias de hoje. Diante do momento que o País vive, de recuperação da memória e da verdade para afirmação da nossa democracia, consideramos fundamental que os episódios sejam rapidamente investigados e solucionados", acrescenta a nota.

Com informações da Rede Democrática
Posted: 24 Jul 2012 02:45 AM PDT



Posted: 24 Jul 2012 02:42 AM PDT







"Tucanos acusam sites de serem usados para coagir e difamar 'instituições democráticas', além de serem 'instrumentos ilegais de propaganda eleitoral'


O PSDB pediu que a Procuradoria-Geral Eleitoral investigue o patrocínio de empresas públicas a sites e blogs acusados de apoiar o PT. Os advogados da direção nacional tucana afirmam que as páginas na internet são usadas como "centrais de coação e difamação de instituições democráticas" e como "instrumento ilegal de propaganda eleitoral".

O pedido de investigação foi entregue nesta segunda-feira, 23, três dias depois que o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo acusou o PT de financiar "blogs sujos" e uma "tropa nazista" na web para atacar adversários.

Os tucanos acusam especificamente os blogs Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, e o site do jornalista Luis Nassif, de fazerem propaganda para candidatos apoiados pelo PT e defender os réus do escândalo do mensalão. Segundo o PSDB, as duas páginas recebem recursos da Caixa Econômica Federal, em forma de patrocínio.

Nassif confirmou que sua página tem patrocínios do banco, mas negou que faça um jornalismo "militante" e ressaltou que empresas estatais apoiam sites mantidos por simpatizantes de candidatos tucanos. "Com essas ameaças, Serra intimida e assusta os patrocinadores", afirmou.
Amorim não foi encontrado para comentar a acusação até a publicação deste texto."
Posted: 23 Jul 2012 07:11 PM PDT
No Terra Brasilis

Videla confirma que Igreja ajudou a ocultar desaparecimentos na ditadura argentina 


O repressor argentino voltou a minimizar a articulação entre países do Cone Sul para a repressão na América Latina




"A igreja ofereceu seus bons ofícios" e "assumiu os riscos". Com estas palavras, o primeiro líder da ditadura argentina (1976-1983), Jorge Rafael Videla, define a cumplicidade da igreja católica na omissão de informações sobre o paradeiro de pessoas desaparecidas durante os anos de terror no país. [O ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla (centro), em 1978]

As declarações feitas em 2010 à revista El Sur foram publicadas no último sábado (21/07), devido a uma condição imposta por Videla de que fossem divulgadas somente após sua morte. A restrição foi rompida após a publicação de declarações concedidas por Videla a outros jornalistas."Durante 24 meses, nada foi publicado. (...) Não acreditamos estar violando um acordo", justifica o autor, sobre a publicação do conteúdo antes do falecimento do ex-ditador.

Videla concedeu a entrevista durante sua passagem pela prisão de Bouwer, em Córdoba, quando era réu de um julgamento no qual foi condenado à reclusão perpétua. "A igreja ofereceu seus bons ofícios [em relação ao desaparecimento de pessoas] e aos familiares que tinham certeza que não usariam politicamente a informação, disseram que não procurassem mais seus filhos porque [eles] estavam mortos", afirmou.

Além de confirmar pessoalmente a participação de bispos da Conferência Episcopal Argentina na ocultação de desaparições, o ditador também minimizou a articulação entre países do Cone Sul para a repressão: "Eu nunca vi uma pasta que dissesse "Operação Condor". Se tinha unidade na forma de enfrentar o problema, era pela reação frente a uma situação gerada pela União Soviética que estava em confronto com os Estados Unidos", justifica.

Para ele, as guerrilhas revolucionárias foram estimuladas pelo bloco soviético, que utilizava as lutas contra o colonialismo e a desigualdade social como "argumentos" para "avançar na conquista do mundo". Quando questionado se a suposta "licença para matar" dos militares incluía torturas, roubo de bebês e de bens, Videla justifica: "Quando se dá tanto poder e liberdade de ação a uma força como o Exército, é inevitável que muitos utilizem estas liberdades em benefício próprio".

No texto, o jornalista considera que uma das contradições da ditadura foi a negação inicial de que a repressão seria uma "guerra", alegação atual de militares que perpetraram torturas, mortes e desaparecimentos, cujo número de vítimas é estimado em 30 mil por organizações de direitos humanos. Deste modo, argumenta o jornalista, os membros do grupo guerrilheiro ERP (Exército Revolucionário do Povo) não tinham os direitos de prisioneiros de guerra reconhecidos.

Quando questionado sobre o uso desta palavra, Videla afirma que "a guerra não podia ser revelada neste momento", garantindo que a repressão foi uma resposta "à medida dessa agressão" que "não cumpria com os direitos de guerra". Segundo ele, hoje se ignora a existência de uma "agressão prévia" à ditadura, o que faz com que as vítimas da repressão sempre contem suas histórias "a partir do momento em que foram presos", perspectiva que leva a que só os militares sejam julgados.

Documentos

Sobre a revelação da lista de mortos pela ditadura e da localização das fossas comuns onde os corpos foram enterrados, Videla afirma que "muitas coisas [documentos] foram destruídas, porque teve uma ordem. Mas ainda podem existir algumas listas para reconstruir um pouco do acontecido. Deve ter alguma coisa. Mas não acho que publicar as listas hoje traria alívio", diz, após afirmar que a divulgação dos documentos não foi feita por ser considerada "inconveniente".

Apesar de afirmar que a informação do paradeiro dos mortos "é um direito que todas as famílias têm", Videla afirma que os desaparecimentos "eram uma das derivações prováveis" de "uma guerra". "Para mim, fica como uma dívida pendente. Mas não sei como saldá-la. Não sei do destino final dos desaparecidos nem dos voos da morte. Acho que já é uma questão que não poderá ser resolvida, só com o esquecimento", fala.

Como em outras entrevistas recentes, o ex-ditador atribuiu aos governos do casal Néstor e Cristina Kirchner - que acabaram com as leis de anistia para a retomada dos julgamentos dos militares - a má imagem que tem perante a sociedade argentina. "Nos últimos tempos, isso foi muito atiçado pelo atual governo. Acho que com outro isso poderia amenizar de alguma maneira", analisa, qualificando a opinião pública como "uma cruz" que terá que carregar para o resto da vida.

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