SARAIVA 13
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- De reis inúteis e de seus vassalos
- Desempregados viajam a pé até Madri para se unirem a protestos
- A "Infantaria 45" tucana ficará apenas nas bolinhas de papel?
- Projetos de Lei Ordinária de autoria do vereador Edmar de Oliveira
- Tucanos escondem José Serra na campanha de rua, para abafar Paulo Preto e Gontijo
- CHARGE DO BESSINHA
- Kassab tem a pior avaliação entre prefeitos das principais capitais
- PT e as Eleições: elegibilidade e governabilidade vale a pena sem uma militância radical?
Posted: 22 Jul 2012 08:21 AM PDT
Um dos mais ácidos panfletos da História, contra a monarquia, é o livro de Étienne de la Boétie, Discours de la Servitude Volontaire. É texto de um adolescente prodígio, que o redigiu antes dos 18 anos, conforme seu amigo maior, e a quem o autor confiou os originais, Michel de Montaigne. Étienne morreu aos 33 anos, e Montaigne não se atreveu a publicar o texto famoso, que ficou conhecido anos depois de sua própria morte. Redigido no século 16, só no século 17 o livro passou a ser editado e a ser lido, assim mesmo com muitas cautelas.
La Boétie, no fabuloso talento prematuro, em que se misturam, ao mesmo tempo, certa ousadia que só a boa fé juvenil autoriza, e fantástica erudição clássica, pergunta-se por que os homens se submetem à vontade de um só, sem que nada, nem na natureza, nem na razão, determine essa submissão.
A monarquia de hoje não é a mesma daqueles séculos, em que os reis, não todos, mas muitos deles, comandavam seus exércitos e corriam todos os riscos nas batalhas, como, entre outros soberanos franceses, fizeram Francisco I e Henrique IV. As famílias reais de nosso tempo estão mais para a comédia do que para a tragédia; mais para a farsa do que para o drama. Luis 16 foi o último dos reis a ter a sua cabeça decapitada. Antes dele, Carlos I da Inglaterra, também conheceu o cepo e a lâmina do carrasco. Os Romanov, dominados por um grande embusteiro, que foi Rapustin, eram de um terceiro tipo, o de retardados mentais, não obstante a crueldade com que reprimiam seu povo, e não foram decapitados, mas fuzilados.
Hoje, os poucos príncipes destronados são meros adornos de festas milionárias. Ninguém se preocupou, nem se preocupa mais, em cortar as cabeças coroadas, porque elas não valem muita coisa, a não ser a despesa que os povos pagam, para que encabecem a lista das celebridades inúteis.
Os escândalos da família real espanhola, que estão na ordem do dia, fermentam novamente a reivindicação republicana na península, oitenta e um anos depois da abdicação de Afonso XIII. O retorno da monarquia foi útil ao processo de normalização espanhola, depois da morte de Franco. Todas as forças políticas aceitaram a fórmula, a fim de evitar nova guerra civil. Cumprido esse papel positivo, a instituição começa a ser um estorvo. O rei, neto de Alfonso XIII, nunca aceitou, em sua alma, o regime democrático e, em fevereiro de 1981, segundo indícios fortes, esteve à frente da conspiração militar contra o governo democrático, que levou à invasão do parlamento pelo tenente-coronel Antonio Tejero Molina. O monarca só interveio, com visível contragosto, pela televisão, depois que a reação dos militares democráticos, no interior dos quartéis, e o pronunciamento dos governos vizinhos inviabilizaram o golpe.
Agora, os escândalos reais se sucedem. Enquanto o governo conservador de Mariano Rajoy corta o orçamento social e a Espanha se submete aos ditados da Alemanha, com o povo em desespero protestando nas ruas, revela-se que as despesas da Casa Real chegam a quase seiscentos milhões de euros, incluídos os gastos com as viagens, a manutenção dos numerosos palácios, a segurança da família do soberano pelas forças armadas e outras despesas indiretas.
A insensibilidade do Rei diante do sofrimento do povo que chega, até mesmo, ao escárnio, em certos momentos, como nas caçadas aos elefantes da África e aos ursos da Romênia, vem retirando a credibilidade de seus súditos. Tanto nos meios intelectuais, quanto entre os trabalhadores espanhóis, começa a adensar-se um movimento para o fim do sistema monárquico e a instauração de uma república democrática.
Ontem, a Espanha foi às ruas, em oitenta cidades, para protestar contra a aprovação de medidas de arrocho contra os trabalhadores, entre elas o fim do 13º salário. Em Madri, os bombeiros e os policiais civis, chegaram a solidalizar-se com os manifestantes, e se opuseram a participar da repressão. Um grupo, com seus capacetes postos, desnudou-se. Um cartaz explicava que o governo os deixara "en pelotas". O clima era o da véspera de grandes acontecimentos.
As nossas relações com a Espanha monárquica devem ser reavaliadas. Com todas as suas dificuldades atuais, as elites espanholas continuam a tratar-nos como se fôssemos colônia de Madri – o que só fomos, e por acidente histórico, entre 1580 e 1640. Em 1580, depois da morte de D. Sebastião, no norte da África, e de seu sucessor, o Cardeal D. Henrique, o trono de Portugal foi ocupado por Felipe II, tio de D. Sebastião. A coroa só foi recuperada para os portugueses, em 1640, pelo Duque de Bragança.
As grandes virtudes do povo espanhol sempre foram, e continuam a ser, insultadas pela sua anacrônica, cara e ociosa nobreza, por nascimento ou pelo êxito nos negócios. E, ao longo de sua história, talvez a Espanha não tenha tido família real tão insignificante, e tão corrompida como a de agora.
As dificuldades econômicas da Espanha de hoje são o resultado desse espírito de presunçosa superioridade de suas elites. Ao entrar para a Comunidade Econômica Européia, e obter vultosos recursos do grupo, os espanhóis, em lugar de investi-los no interior do país, usaram-nos para adquirir empresas na América Latina, principalmente no Brasil. Era uma nova forma de colonialismo que, apesar do saqueio, manso e "legal" de nossos recursos, principalmente depois da embasbacada regência de Fernando Henrique Cardoso, não serviu ao povo espanhol, embora tenha enriquecido muitos banqueiros.
Agora, o próprio genro do Rei é acusado de agir como criminoso, ao lavar dinheiro mal havido e transferir, só para Luxemburgo, mais de 700.000 euros. Suspeita-se de que muito mais dinheiro não honrado foi remetido para o Exterior. Esse genro, Iñaki Undagarin, recebe mais de um milhão de euros por ano, como conselheiro da Telefónica de Espanha para a América Latina. E na América Latina, quem contribui com mais lucros para a empresa espanhola é exatamente o Brasil.
A nossa postura é de solidariedade para com o povo espanhol. Esse grande povo nada tem a ver com esses señoritos que ainda se imaginam no tempo de Carlos V e de Felipe II. Estar com o povo espanhol é não favorecer aqueles que o oprimem.
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Posted: 22 Jul 2012 08:04 AM PDT
Espanhóis manifestam há quase uma semana contra novo plano de austeridade aprovado pelo governo
MADRI — Centenas de espanhóis desempregados que viajaram centenas de quilômetros a pé até Madri, juntaram-se a protestos neste sábado contra o governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy e a forma como ele está lidando com a crise econômica no país.
As manifestações se espalharam pela Espanha, com os bombeiros e policiais se juntando a um protesto em massa na quinta-feira, desde que o governo de centro-direita anunciou um corte de 65 bilhões de euros nos gastos, há duas semanas, para cumprir as condições de uma operação de resgate da zona do euro. Várias centenas de desempregados viajaram a pé da região sul da Anadaluzia, que tem uma das piores taxas de desemprego do país, do norte da Catalunha e de outras regiões, numa tentativa de chamar atenção para o problema dos desempregados no país castigado pela recessão, onde praticamente uma em cada quatro pessoas está desempregada.
Uma marcha foi programada para este sábado a noite, em direção a Puerta Del Sol, em Madri, uma praça central que tem sido palco de protestos envolvendo centenas de milhares de manifestantes. A violência explodiu em um protesto no começo deste mês e a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Os manifestantes gritando: "Desempregado, acorde!" foram acompanhados por membros do movimento dos "Indignados", que tem organizado manifestações silenciosas na praça há mais de um ano.
O governo está tentando evitar um resgate financeiro completo, depois que foi forçado a pedir aos líderes da zona do euro até 100 bilhões de euros para ajudar os bancos em dificuldades da quarta maior economia do bloco.
Rajoy tem pressionado para aprovar os cortes de 65 bilhões nos gastos e o aumento de impostos para atingir as metas de déficit fixadas por Bruxelas, que são acusadas de empurrar a economia de volta à recessão por mais um ano.
Um dos cortes mais controversos do governo vai afetar os benefícios, que serão reduzidos para os novos desempregados.
Os custos de empréstimos na Espanha continuam a crescer para números assustadores, atingindo um pico na sexta-feira, depois que a região de Valencia requisitou ajuda financeira e o governo anunciou previsões econômicas sombrias. A previsão é de que a economia ficará presa na recessão no próximo ano.
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Posted: 22 Jul 2012 05:20 AM PDT
Por DiAfonso
A equipe de campanha do PSDB vem estimulando seus jovens militantes a se portarem como soldados numa guerra. Eleição não é guerra [a não ser em sentido figurado].
Entretanto, o que se vê, com a nomeação do grupo de "Infantaria 45", é a perda de todo o sentido conotativo da palavra.
O secretário nacional de Juventude do PSDB diz querer ser propositivo e "discutir soluções para a cidade" de São Paulo, mas o nome de batismo do grupo apaga qualquer possibilidade de que se pretenda discutir a eleição municipal no plano das ideias.
Torçamos para que, neste pleito, os tucanos fiquem somente nas bolinhas de papel... Se é que me entendem.
Leiam matéria abaixo: __________________
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Posted: 22 Jul 2012 05:10 AM PDT
Projetos de Lei Ordinária de autoria do vereador Edmar de Oliveira visando atender às necessidades da população recifense:
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Posted: 22 Jul 2012 04:53 AM PDT
Deu na Folha:
Mesmo empacado na faixa de 30% nas pesquisas, os tucanos preferem esconder o candidato José Serra até o início do horário eleitoral na TV, do que ir à luta na campanha de rua para prefeitura de São Paulo.
Isso significa que os marqueteiros tucanos captaram viés de baixa na intenção de votos, quando José Serra fica exposto no noticiário através de eventos de rua.
De fato o tucano tem apresentado mau desempenho, cometendo gafes, sendo mau-educado com eleitores e jornalistas, se embanando diante das mais simples perguntas do cotidiano, e mais ainda, diante de cobranças sobre promessas descumpridas quando abandonou a prefeitura em 2006, além da má avaliação na gestão de Kassab. Isso, sem contar a fama de Serra, revelada por ele mesmo, de ficar de mau humor quando acorda cedo, e da preocupação em lavar as mãos com álcool gel após cumprimentar populares na periferia ou no centro da cidade.
Além disso, ele tem perdido os debates que correm no noticiário sobre temas que entram na agenda de campanha, como na insistência em arrecadar taxas para concessionários privados ligados a grupos financiadores de campanha, como a da inspeção veicular, e do governo estadual de seu partido abrir as portas para cobrança de pedágio urbano, e desestimular o uso da bicicleta em artigo no Diário Oficial.
Mas o que gerou verdadeiro pavor nos marqueteiros tucanos são dois nomes que eles querem ver abafados e longe das manchetes: Paulo Preto e José Celso Gontijo.
O primeiro entrou no radar da CPI do Cachoeira a partir dos contratos assinados com a Delta, mais especificamente com o diretor Heraldo Puccini Neto, que chegou a ser preso pela Polícia Federal em decorrência das investigações sobre a empreiteira Delta e Carlinhos Cachoeira.
O segundo aparece nos diálogos como intermediário da Delta em contratos com o governo do DF, na época do governo Arruda, e sua mulher doou como pessoa física R$ 8,25 milhões para o PSDB fazer a campanha de José Serra. Foi a maior doação pessoal do Brasil nas eleições de 2010.
Para abafar a menção dos dois nomes em eventuais perguntas de jornalistas à Serra, os tucanos querem retirar o candidato de campo, até o assunto esfriar.
Vada a bordo, Serra
Quem não está gostando nada dessa tática são os candidatos a vereadores coligados à Serra. Muitos dependem da presença do candidato para dar prestígio a eventos de rua em seus redutos. Sentem-se como os passageiros do navio Costa Concórdia, quando o comandante abandonou o navio.
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Posted: 22 Jul 2012 04:25 AM PDT
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Posted: 22 Jul 2012 04:15 AM PDT
O Estado de S. Paulo
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha aponta Gilberto Kassab (PSD), prefeito de São Paulo, como o pior administrador público entre as seis principais capitais do País. Foram ouvidas 1.075 na cidade nos dias 19 e 20 de julho. Numa escala de 0 a 10, elas deram nota 4,4 ao prefeito.
A avaliação é a segunda pior obtida por Kassab desde que assumiu a prefeitura de São Paulo, em 2006. Sua nota mais baixa foi 3,9, em março de 2007, quando tinha um ano de mandato. A melhor avaliação foi em outubro de 2008, mês de sua reeleição, com nota de 6,6. Nas últimas seis pesquisas promovidas pelo Datafolha, Kassab ficou com menos de 5.
Além de São Paulo, as demais capitais avaliadas foram Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Recife. Quem obteve a maior pontuação foi Márcio Lacerda (PSB), prefeito da capital mineira, com 6,4, seguido por Eduardo Paes (PMDB), do Rio de Janeiro, com 6,3. Ambos são candidatos à reeleição e lideram com folga as pesquisas de intenção de votos em suas cidades.
O terceiro lugar ficou com José Fortunati (PDT), de Porto Alegre, com 6,1. Luciano Ducci (PSB), de Curitiba, aparece em quarto com nota 5,6 e João da Costa (PT), de Recife, em quinto lugar com nota 5.
Na avaliação das gestões municipais, foi pedido aos pesquisados que avaliassem o desempenho dos prefeitos como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo.
Kassab tem seu trabalho apontado como ruim ou péssimo por 39% dos pesquisados. Somente 20% avaliou como ótimo ou bom. Lacerda tem 51% de aprovação, contra 12% de rejeição a sua gestão.
O Datafolha também perguntou sobre o maior problema em cada cidade e, coincidentemente, saúde foi o mais mencionado em todas. Somente em São Paulo, 29% dos entrevistados lembraram do tema.
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Posted: 21 Jul 2012 06:58 PM PDT
Segunda, dia 09 de julho, começou a campanha eleitoral. Na rua, encontrei em esquinas várias pessoas balançando as bandeiras vermelhas com a estrela do PT, e chorei. Nos rostos desses "bandeirolos" não havia emoção, não eram militantes, eram trabalhadores. A militância mudou nesses 32 anos, a política mudou, o PT mudou e mudamos nós militantes e petistas. Chorei de saudade do tempo em que ser militante era sentir pulsar o peito no compasso dos sonhos, da utopia de construir um mundo diferente, um novo país, livre, justo, igualitário, ético, essas coisas que motivaram tantos/as pessoas nos anos 1970/80. Minha primeira experiência de militante foi no dia 19 de maio de 1977, Dia Nacional de Luta contra a Ditadura Militar. Uma multidão de mais de 8 mil estudantes em Salvador, confrontaram-se com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, com policiais montados, outros com cachorros e outros com escudos e muita bomba de gás lacrimogêneo. Nesse dia eu realmente confirmei que estava no lugar que tinha que estar, lutando por liberdade e pelo direito de sonhar e fazer a história. Nunca mais parei de procurar o que pode e deve mudar na minha vida e na vida social.
Fiz parte daqueles/as que foram às ruas e subiram em ônibus arrecadando dinheiro para mandar ao comando de greve dos metalúrgicos do ABC, em 1979. Greves que mudaram o Brasil e a esquerda. Como membros de base da Ação Popular no movimento estudantil, confrontamos as lideranças nacionais, muitos ex-exilados e anistiados que não concordavam com a proposta de um partido dos trabalhadores "por que era um partido de massas e não um partido revolucionário". A proposta do PT não se enquadrava no esquema marxista-leninista clássico e instalou-se um intenso debate sobre teorias revolucionárias, marxismo, leninismo, maoismo, trotskismo, stalinismo, gramicismo, eurocomunismo e muitos ismos. Essa discussão levou a rachas no PC do B e na AP, e os dissidentes se jogaram nas ruas para discutir a proposta desse partido com a população em geral. Em Salvador, fomos às favelas e assim filiamos e legalizamos o PT, criando os Núcleos de Base. Fomos acusados de igrejeiros e de liquidacionistas, pela esquerda ortodoxa, muitos dos quais depois entraram no partido e o transformaram numa "frente de tendências".
Da legalização para as eleições foi outro percurso difícil. Definir candidatos, fazer doações de nosso bolso para imprimir material de propaganda. Realizar a mínima coisa era experimentado como uma grande vitória: fazer uma camisa, uma faixa, os "santinhos", cartazes. O comício, então, era uma apoteose, delirávamos de emoção sacudindo as bandeiras e cantando os refrãos. Foi assim até a primeira eleição de Lula. Não sabíamos o quanto nos custaria a elegibilidade e a governabilidade. As negociações e as alianças foram mais compreensíveis para mim do que a cooptação de "companheiros/as" pelos esquemas do velho poder. Inserir-se numa estrutura burocrática e corrompida de gestão privada do espaço público, absorveu muita gente em esquemas e comportamentos que foram naturalizados por uma elite perversa e predatória, sem compromisso cívico, que tinham montado um jeito de governar para manter uma estrutura social excludente e desigual como poucas no mundo.
Não é possível negar que muita coisa mudou no aparelho estatal e na forma de gestão pública. Mas muito do Estado autoritário e patrimonialista permanece e continua estabelecendo a lógica de governar. A maneira como o governo da Bahia está tratando os professores estaduais em greve é inadmissível, inclusive para um governador que foi líder sindical. E o tratamento do Ministério da Educação a essa greve das federais, ameaçando cortar ponto é pior do que os militares ousaram fazer com a violência da repressão política, porque ameaça a estabilidade da sobrevivência das famílias. A governabilidade coloca em primeiro lugar a estabilidade do Estado e não o interesse da nação. A nação não é o aparelho do Estado e nem as corporações financeiras empresariais, mas é todo o povo que constitui uma nacionalidade. O momento é crucial: o país adquiriu estabilidade política e econômica, estabeleceu as bases para uma distribuição de renda, instituiu marcos legais e políticos para a ampliação da cidadania, agora precisa repensar a relação do Estado com a sociedade civil, não a partir da pressão da mídia e do setor econômico, mas da população e das organizações civis.
O exercício do poder nas condições de um Estado que se quer democrático na civilização do capital vai requerer bater de frente ou com o povo ou com as elites. A consciência de cidadania da população avançou e não tem volta, os confrontos estão apenas se anunciando. Ter o consentimento e aprovação das elites para governar e utilizar os seus instrumentos pode ter sido até inevitável para consolidar outro projeto de governo, mas a conjuntura mudou. Pagar militantes para fazer uma campanha não pode substituir a participação de uma militância motivada por paixão, emoção e desejo de construir o sonho de um mundo melhor. Pode ter sido necessário sujar as mãos, abdicar de alguns sonhos, eu reconheço certa grandeza nessa opção, necessária em circunstâncias vividas, embora eu não me disponha a isso, prefiro estar do lado de cá, criando utopias e percebendo as outras possibilidades que a realidade pode ter. Aprendi que não basta saber ou viver o que a realidade é, mas é preciso perceber como ela poderia ser. Ser realista não pode substituir ser radical, por que ser radical não é ser irrealista, mas ir até a raiz do limite do que pode ser transformado.
Que venham as eleições sem destruir nossos sonhos e nossa ética revolucionária, sem elas ficaremos cada vez mais distantes do tempo da militância convicta. Nada paga a emoção de realizar juntos os sonhos sonhados. Pois como cantou Raul: "sonho que se sonha junto é realidade".
Maria Dolores de Brito Mota, professora Associada da Universidade Federal do Ceará. Instituto de Cultura e ArteAdital |
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