Carta Maior :
André Barrocal
BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff reativou, nesta terça-feira (26/04), o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, uma criação do ex-presidente Lula que quase sempre esteve no controle do PT e, agora, passa ao comando do PMDB. A troca da subordinação do chamado Conselhão não foi a única novidade da reunião ocorrida no Palácio do Planalto. Com a pauta do encontro centrada em inflação e crescimento, a presidenta colocou de forma clara, ainda que sutil, os dois elementos em pé de igualdade. “Eu me preocupo com a questão do crescimento econômico e do controle da inflação simultaneamente”, afirmou Dilma no discurso de encerramento da reunião.
A declaração arrematou um raciocínio que a presidenta construiu equilibrando-se nas palavras para não dar aos adversários espaço para a crítica de que o governo tolera aumento de preços em favor de mais PIB. Primeiro, ela havia dito: “Eu tenho o compromisso (…) com o controle da inflação. E eu cumpro meus compromissos.” Em seguida, evitou a expressão “mas” para completar: “Eu também tenho compromisso com o crescimento econômico e social (…) E eu cumpro os meus compromissos.”
A posição de Dilma foi vista com satisfação por trabalhadores e empresários. Para eles, indica uma certa disposição de resistir à pressão do “mercado”, setor que, com a oposição política desarticulada, constitui-se hoje no principal adversário do governo no assunto mais delicado do início da administração Dilma.
“Foi muito importante esse discurso de que o país precisa de crescimento tanto quanto de controle da inflação”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, que é membro do Conselhão. “Há muito tempo que o mercado montou uma rede de pretoção que só defende o valor da moeda. Mas o país não pode parar de crescer”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que também é conselheiro.
Segundo um ministro do governo, a presidenta de fato não vai patrocinar qualquer recessão para combater o aumento de preços. Ela aceita que a inflação volte à meta central de 4,5% no ano que vem, como o Banco Central (BC) tem dito que é o objetivo atual. Para 2011, desde que não haja nada parecido com explosão de preços, Dilma admite que a inflação gire em torno do limite autimposto pelo governo de 6,5%.
Serenidade versus pessimismo
Toda a área econômica do governo trabalha com a perspectiva de que a alta de preços ficará abaixo do limite máximo em 2011. Em discursos no Conselhão, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Alexandre Tombini, mostraram afinação total, ao analisar a conjuntura econômica.
Segundo eles, há uma inflação mundial, que atinge inclusive o Brasil, decorrente da farra de capitais especulativos; verifica-se uma entrada maciça de dólares no país que afeta a atividade econômica; vale à pena controlar gastos públicos para encarar a alta de preços; e, no fim do ano, o Brasil será um dos poucos a exibir crescimento e inflação controlada, apesar das dificuldades.
O problema é que nem Mantega nem Tombini – alvos de antipatia do “mercado”, pois seus currículos não exibem passagens pelo sistema financeiro - parecem conseguir convencer o “mercado” com suas análises. As expectativas do “mercado” são bem piores. No caso da inflação, por exemplo, sobem há seis semanas. Tal pessimismo tende a influenciar a economia real e leva o próprio “mercado” a defender medidas mais duras de combate à inflação. Como juros maiores, com os quais, por sinal, o setor ganha dinheiro.
Mas Dilma também reservou um trecho do discurso para confrontar, outra vez com sutileza, aquele tipo de atitude. “Compreendo quando setores da sociedade, no calor do debate econômico, duvidem de tudo, cobrem diariamente novas medidas, insistem na ação cotidiana e na cobrança de novas e novas medidas contra tal ou qual desequilíbrio afirmou a presidenta.” Mas compreender o calor e a paixão que envolvem normalmente o debate não pode significar, para o governo, aquecê-lo mais do que é necessário. Trataremos sempre com serenidade e segurança as medidas e ações necessárias.”
Fotos: Agência Brasil
– Enviado usando a Barra de Ferramentas Google"
André Barrocal
BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff reativou, nesta terça-feira (26/04), o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, uma criação do ex-presidente Lula que quase sempre esteve no controle do PT e, agora, passa ao comando do PMDB. A troca da subordinação do chamado Conselhão não foi a única novidade da reunião ocorrida no Palácio do Planalto. Com a pauta do encontro centrada em inflação e crescimento, a presidenta colocou de forma clara, ainda que sutil, os dois elementos em pé de igualdade. “Eu me preocupo com a questão do crescimento econômico e do controle da inflação simultaneamente”, afirmou Dilma no discurso de encerramento da reunião.
A declaração arrematou um raciocínio que a presidenta construiu equilibrando-se nas palavras para não dar aos adversários espaço para a crítica de que o governo tolera aumento de preços em favor de mais PIB. Primeiro, ela havia dito: “Eu tenho o compromisso (…) com o controle da inflação. E eu cumpro meus compromissos.” Em seguida, evitou a expressão “mas” para completar: “Eu também tenho compromisso com o crescimento econômico e social (…) E eu cumpro os meus compromissos.”
A posição de Dilma foi vista com satisfação por trabalhadores e empresários. Para eles, indica uma certa disposição de resistir à pressão do “mercado”, setor que, com a oposição política desarticulada, constitui-se hoje no principal adversário do governo no assunto mais delicado do início da administração Dilma.
“Foi muito importante esse discurso de que o país precisa de crescimento tanto quanto de controle da inflação”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, que é membro do Conselhão. “Há muito tempo que o mercado montou uma rede de pretoção que só defende o valor da moeda. Mas o país não pode parar de crescer”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que também é conselheiro.
Segundo um ministro do governo, a presidenta de fato não vai patrocinar qualquer recessão para combater o aumento de preços. Ela aceita que a inflação volte à meta central de 4,5% no ano que vem, como o Banco Central (BC) tem dito que é o objetivo atual. Para 2011, desde que não haja nada parecido com explosão de preços, Dilma admite que a inflação gire em torno do limite autimposto pelo governo de 6,5%.
Serenidade versus pessimismo
Toda a área econômica do governo trabalha com a perspectiva de que a alta de preços ficará abaixo do limite máximo em 2011. Em discursos no Conselhão, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Alexandre Tombini, mostraram afinação total, ao analisar a conjuntura econômica.
Segundo eles, há uma inflação mundial, que atinge inclusive o Brasil, decorrente da farra de capitais especulativos; verifica-se uma entrada maciça de dólares no país que afeta a atividade econômica; vale à pena controlar gastos públicos para encarar a alta de preços; e, no fim do ano, o Brasil será um dos poucos a exibir crescimento e inflação controlada, apesar das dificuldades.
O problema é que nem Mantega nem Tombini – alvos de antipatia do “mercado”, pois seus currículos não exibem passagens pelo sistema financeiro - parecem conseguir convencer o “mercado” com suas análises. As expectativas do “mercado” são bem piores. No caso da inflação, por exemplo, sobem há seis semanas. Tal pessimismo tende a influenciar a economia real e leva o próprio “mercado” a defender medidas mais duras de combate à inflação. Como juros maiores, com os quais, por sinal, o setor ganha dinheiro.
Mas Dilma também reservou um trecho do discurso para confrontar, outra vez com sutileza, aquele tipo de atitude. “Compreendo quando setores da sociedade, no calor do debate econômico, duvidem de tudo, cobrem diariamente novas medidas, insistem na ação cotidiana e na cobrança de novas e novas medidas contra tal ou qual desequilíbrio afirmou a presidenta.” Mas compreender o calor e a paixão que envolvem normalmente o debate não pode significar, para o governo, aquecê-lo mais do que é necessário. Trataremos sempre com serenidade e segurança as medidas e ações necessárias.”
Fotos: Agência Brasil
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