quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Os sinais de mudança econômica


Coluna Econômica - 13/12/2012



Pequenas empresas paulistas estão sofrendo um assédio inimaginável, recebendo visitas de gerentes de bancos, oferecendo linhas de crédito baratas. Conta garantida a 2% de juros ao mês, descontos de duplicata a 0,9%.
A conversa com os gerentes é das mais instrutivas. Informam que orientação que receberam de suas respectivas diretorias é que juros baixos e competição bancária vieram para valer. E os bancos terão que se reinventar.
Não se trata mais de elaborações estratégicas da cabeça de um diretor de banco, mas a orientação que chegou na base, o gerente de conta.
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Quando se compara a economia a um transatlântico – imagem cunhada há décadas pelo ex-Ministro Mário Henrique Simonsen – tinha-se na cabeça esse efeito-defasagem
A política econômica dá uma guinada radical. Há um tempo de ajuste em que, primeiro, os agentes econômicos precisam ser convencidos da sua irreversibilidade. Depois, um tempo para se ajustarem às novas regras, que passa por definir a nova estratégia e fazer a voz de comando chegar na ponta.
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O que está acontecendo com os gerentes de conta é processo similar ao que irá ocorrer em outros cantos da economia.
Por exemplo, muitas cadeias produtivas trocaram fornecedores internos por produtos chineses. Nos últimos meses houve um desvalorização de mais de 20% no real, frente o dólar.
A volta ao fornecedor interno exigirá novos contatos, uma reorganização do sistema de compras, em muitos casos a busca de novos fornecedores, já que muitos dos anteriores desapareceram do mercado.
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No caso das grandes empresas, a mudança do dólar trouxe problemas no fluxo de caixa. Aumentou as dívidas em dólares.
Há um tempo, portanto, para refazer o caixa e analisar os efeitos da mudança de câmbio tanto no mercado interno quanto no externo.
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No campo do controle público ocorre a mesma coisa. A Lei de Transparência,  obrigando todos os órgãos públicos (União, estados, municípios e autarquias) a darem publicidade a seus dados, é também um transatlântico que começou a se mover.
Alguns órgãos saem na frente, outros vacilam um pouco. Aí entra o Ministério Público exigindo o cumprimento da lei. Aos poucos, a sociedade civil criando formas de capturar e analisar os dados. E os novos parâmetros de fiscalização são montados, em cima dessa interação ONGs-MPs-TCs.
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Faltam pontos para acelerar o processo.
O primeiro é avançar nas propostas de simplificações dos procedimentos fiscalizatórios, sem tirar sua eficácia. Por mais que ocorra um aprendizado na definição e implementação de projetos, ainda assim o ponto ótimo sempre ficará distante do ideal, graças ao emaranhado burocrático.
Outro - já enfatizado aqui – é a maneira como estão sendo apresentadas diversas isenções fiscais e trabalhistas.
Qualquer decisão de investimento tem que partir do peso das isenções no preço final do produto, mas também no prazo de permanência do benefício. É a maneira de estimar os resultados e planejar os investimentos.
Inadimplência do consumidor tem leve queda
A inadimplência do consumidor caiu 0,1% em novembro ante o período anterior, segundo a Serasa Experian. No ano, a inadimplência subiu 13%, e a variação em 12 meses subiu 15,1%. De acordo com a consultoria, o recuo foi apurado pela quinta vez no conjunto das seis últimas leituras do indicador (outubro/12 foi a exceção), um sinal de que o patamar baixo do desemprego, os ganhos salariais acima da inflação e as reduções das taxas de juros têm gerado um cenário de inadimplência mais favorável.

Fluxo cambial inicia o mês negativo
O fluxo cambial (diferença entre saídas e entradas de dólares) ficou negativo em US$ 1,350 bilhão, segundo o Banco Central (BC). O déficit veio tanto do fluxo financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações), com US$ 107 milhões, quanto do comercial (operações relacionadas a exportações e importações), que totalizou US$ 1,244 bilhão. No ano, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 22,158 bilhões.

Produção da zona do euro volta a cair
A produção das fábricas da zona do euro manteve o ritmo de queda, devido a fraca demanda doméstica que pode inclusive prolongar a recessão do bloco econômico. Segundo dados do escritório de estatísticas Eurostat, a produção industrial registrada nos 17 países que usam o euro caiu 1,4% em outubro, depois de ter apresentado um recuo de 2,3% em setembro. Na comparação anual, a queda foi de 3,6%, acima da projeção de baixa de 2,8%, e marca a queda mais forte desde dezembro de 2009.

EUA anunciam mais estímulos à economia
O Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos) manteve a taxa básica de juros entre zero e 0,25%, e ampliou suas medidas de incentivo à economia, ao mesmo tempo em que mostrou-se decepcionado com a retomada do emprego no país. Para isso, se comprometeu a adquirir US$ 45 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA, além dos US$ 40 bilhões em ativos hipotecários. Também foi mantida uma promessa de compra de bônus até que as perspectivas para o mercado de trabalho melhorem.

Grécia recebe ofertas para reestruturar dívida
A Grécia recebeu ofertas no valor de 31,9 bilhões de euros referentes ao seu plano de reestruturação de dívida. O valor supera a meta inicialmente estipulada, embora seja necessária uma combinação de 1,29 bilhão de euros do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). As informações foram divulgadas pela Agência da Dívida em Atenas. A operação de troca significa o pagamento de uma média de 33,8 centavos por cada euro devido – o que significa um perdão de 66,2%.

Anatel vai checar serviço de operadoras de celular
A tecnologia 4G, que será adotada a partir de abril nas cidades que vão sediar a Copa das Confederações, preocupa a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Por isso, a Anatel fará um pente-fino nas 81 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes nos próximos meses, para obter um diagnóstico de cobertura e transmissão de dados para a quarta geração. Segundo o presidente da agência, João Batista de Rezende, o mapeamento é necessário para que as empresas de telefonia sejam cobradas.








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