Banco Central e Dr. Meirelles, palavras, palavras, só isso...
Publicado em 12-Nov-2010
O presidente do BC continua a discordar de políticas do presidente da República e do ministro da Fazenda! Inclusive da principal proposta que estes levaram à reunião do G-20 que se realiza ontem e hoje em Seul (Coréia do Sul).
Dr. Meirelles justifica sua discordância com o argumento de que, para viabilizar a proposta do ministro Mantega, não há um volume suficiente de outras moedas ou mesmo de DES - Direitos Especiais de Saque, a "moeda" usada contabilmente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Seria algo desejável - concedeu - o proposto pelo ministro, mas para que isso aconteça teria de haver um acordo global. E teria de se criar um volume suficiente de DES. Uma coisa que limita o uso de outras moedas é o volume delas, não suficiente para que elas possam ser usadas e este problema do DES hoje."
Inflação, pretexto conjuntural
O grave, nisso, é que o câmbio deixou de ser um problema do BC e da política monetária e passou a ser a principal questão de nossa economia e do mundo nos próximos meses. Se não há ingenuidade de nossa parte, temos que deixar (principalmente o BC tem de deixar...) de tratar o câmbio como se não tivesse acontecendo nada no mundo - um mundo, registre-se com muita seriedade, onde o câmbio flutuante, na prática, deixou de existir.
Todos o manipulam, mas aqui no Brasil, só agora acordamos para isso. Apesar dos alertas e da obviedade de que não dava mais para continuar acreditando num câmbio flutuante puro e limpo, quando todos os países já praticavam o câmbio sujo.
Para mudar precisamos começar pelos juros, reduzindo a taxa Selic (10,75% hoje) e controlando os capitais, já que o custo do acúmulo de reservas (mais de US$ 275 bi cuja manutenção custa R$ 45 bi/ano) ameaça o equilíbrio fiscal e os investimentos públicos.
O problema é como fazê-lo com o dr. Meirelles apegado a um pretexto conjuntural para manter essa sua história de que a projeção de inflação do BC não dá margem para reduzir juros.
Foto: Valter Campanato/ABr
Nenhum comentário:
Postar um comentário